O que você faria às 2h da madrugada de um domingo, em casa, em pleno inverno rigoroso e sob temperaturas negativas? Na Rússia, quem estava acordado teve um programa para lá de alternativo: assistir a um Portuguesa x Bangu, no Luso-Brasileiro, pelo Campeonato Carioca.
A Rússia é um dos 44 países para os quais o Estadual do Rio vem sendo transmitido neste ano, com direito a comentários de um brasileiro.
Paulista de São Caetano, Fábio Aleixo, jornalista com passagem por veículos como Folha de S. Paulo e Lance!, escolheu a Rússia como casa há alguns anos e trabalha nas transmissões da emissora Viasat Sports.
Antes do Carioca, Aleixo já comentava o Campeonato Brasileiro em outras transmissões no país. Apaixonado por futebol, o jornalista de 35 anos, que já tem até passaporte russo, chegou ao país pouco antes da Copa do Mundo de 2018, se afeiçoou ao estilo de vida e decidiu ficar por lá. Atualmente, trabalha também como produtor e repórter. Nas redes sociais, cobre o futebol russo com postagens em português.
— Meu desafio em um jogo é explicar quem são as equipes, ressaltar fatos históricos e ser didático. Quero expandir a visão que eles possam ter do nosso futebol. Conheço muito o futebol brasileiro e o carioca, quero mostrar isso para os russos. Tento colocar dados de cultura, geografia — conta ele ao Globo.
Entre Ásia e Europa, o Carioca é transmitido para 24 países, como Croácia, Sérvia, Ucrânia , Kosovo, Azerbaijão e Cazaquistão. Mas o caso da Rússia é ainda mais singular por conta da guerra com a Ucrânia. A sanções decorrentes da situação têm feito as emissoras do país terem dificuldades para garantir direitos de transmissão de algumas competições internacionais. Situação que afetou a Viasat.
— É um canal que sempre transmitiu programação da ESPN, torneios dos Estados Unidos. Porém, por causa do conflito e das sanções, muitos direitos foram perdidos. O canal vem buscando torneios diferentes, variar a programação, e surgiu a possibilidade de passar o Carioca. Recebemos o sinal limpo gerado do Brasil, com logo do patrocinador, placar e todo o GC (textos e caracteres exibidos). A transmissão é feita totalmente em russo — explica Aleixo, que reitera que apesar das perdas, outras transmissões grandes seguem normalmente no país, casos da Copa do Catar e do Mundial de Clubes, que começa em fevereiro.
Assim que a notícia da transmissão se espalhou nas redes, torcedores se animaram a “participar”. Em vídeo divulgado nas redes, a torcida do Bangu apareceu no Luso-Brasileiro ostentando a bandeira da Rússia. Antes e depois da partida, Bangu e Portuguesa fizeram menção à transmissão. Os banguenses brincaram que a população do país teria parado para assistir à partida, enquanto a Lusa lembrou que já atuou em terras russas.
Nas redes de Aleixo, torcedores perguntam constantemente sobre a repercussão do Estadual no país. O jornalista acredita que o tempo popularizará o torneio por lá, mas por enquanto, é difícil medir a recepção. Para ele, tem sido “gratificante e desafiador” trabalhar na transmissão, apesar de um problema em especial:
— Eles conhecem os times do Brasil, principalmente por contratações de times russos. Mas é difícil seguir pela diferença de fuso-horário.
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Fonte: Folha PE