A Rússia afirma que um ataque com mísseis no domingo (01/01) que matou pelo menos 89 soldados russos atingiu o alvo porque eles estavam usando seus telefones celulares.
O uso de telefones proibidos permitiu que o inimigo localizasse seu alvo, disseram as autoridades.
A Ucrânia diz que 400 soldados foram mortos — e outros 300 feridos — no ataque a uma escola para recrutas em Makiivka, na área ocupada de Donetsk.
Esse foi o maior número de mortes em um ataque que a Rússia reconheceu desde o começo da guerra.
A Rússia disse que às 00h01, horário local, no dia de Ano Novo, seis foguetes foram disparados de um sistema de foguetes Himars, fabricado nos Estados Unidos, contra uma escola. Dois foguetes foram interceptados, segundo os russos.
O vice-comandante do regimento, tenente-coronel Bachurin, está entre os mortos, informou o Ministério da Defesa em comunicado nesta quarta-feira (04/01).
Uma comissão está investigando as circunstâncias do incidente, disse o comunicado.
Mas, segundo o governo russo, seria “óbvio” que a principal causa do ataque foi a presença e “uso em massa” de telefones celulares por soldados ao alcance das armas ucranianas, apesar de o uso de celulares ter sido proibido.
“Esse fator permitiu ao inimigo determinar as coordenadas da localização de militares para um ataque com míssil.”
Os militares que forem responsabilizados na investigação serão processados, acrescentou o comunicado. A Rússia está tomando medidas para evitar episódios semelhantes no futuro.
Na nota de quarta-feira, a Rússia subiu — para 89 — o número divulgado anteriormente de soldados russos mortos no ataque — 63. Não é possível verificar esse dado de forma independente. É extremamente raro para Moscou confirmar baixas no campo de batalha.
A escola alvo do atentado estava lotada de recrutas. Em setembro, o presidente russo Vladimir Putin havia anunciado a convocação de 300 mil homens. O ataque também destruiu munição que estava sendo armazenada próximo ao local.
Alguns analistas e políticos russos acusaram os militares de incompetência, dizendo que as tropas não poderiam ter sido colocadas em locais tão vulneráveis.
Pavel Gubarev, um ex-alto funcionário da Rússia em Donetsk, chamou de “negligência criminosa” a decisão de abrigar um grande número de soldados em um só prédio.
“Se ninguém for punido por isso, só vai piorar”, alertou.
O vice-presidente do Parlamento municipal de Moscou, Andrei Medvedev, disse ser provável que os soldados sejam culpados pelo incidente, e não o comandante que tomou a decisão de colocar tantas pessoas em um só lugar.
O presidente Vladimir Putin assinou um decreto na terça-feira para que as famílias dos soldados da Guarda Nacional mortos em serviço recebam 5 milhões de rublos (cerca de R$ 380 mil) cada.
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