O técnico Lisca admitiu que deixar o Sport para acertar com o Santos, após menos de um mês no comando do clube pernambucano, foi um erro. Em entrevista ao canal do Luna, no Youtube, o treinador explicou que não teve no Peixe o mesmo respaldo que tinha inicialmente no Rubro-negro, embora negue arrependimento pela decisão.
“Perdi uma grande oportunidade de trabalhar no Sport. Foi um erro. Não me arrependo, porque tu só sabe as coisas indo, fazendo, acontecendo, mas eu cheguei em um baita clube e não tinha o respaldo que eu tinha no Sport. A torcida me aceitou. A imprensa. O clube. Fiz várias ações de marketing. Eles estavam felizes, eu também. A expectativa era grande”, afirmou, citando posteriormente o contraste que teve quando assinou com o clube paulista.
“No Santos, o respaldo era do presidente Rueda, e dos jogadores. Mas com tudo que aconteceu, eu já cheguei desgastado no Santos. Primeiro jogo já tinha torcedor me mostrando nota, chamando de mercenário. Não foi legal a maneira como aconteceu, como parece que o Lisca fez toda uma sacanagem. Teve vários treinadores que já saíram e não teve metade dessa repercussão. Ficou ruim e não funcionou. Quando a gente perdeu para o Goiás, na primeira derrota, o estádio também veio contra e realmente eu não estava com respaldo, com a situação que eu tinha no Sport. Mas não dava para voltar atrás. Não me arrependo, mas foi um erro porque é difícil encontrar um ambiente como encontrei no Sport. Talvez tenha sido esse o meu grande erro”, completou.
Sem clube desde que saiu do Avaí, Lisca elogiou o atual comandante do Sport. “O Sport contratou um baita de um treinador, Enderson Moreira. Meu amigo pessoal. Conhece demais a competição. Muito tático, defensivamente muito bom. O Sport acertou em cheio. Esse ano foi difícil para subir por conta daqueles quatro grandes (Cruzeiro, Grêmio, Bahia e Vasco). Agora, o clube tem uma base, sendo um grande candidato para voltar à Série A”, declarou.
Entenda
Minutos antes do jogo do Sport contra o Vila Nova, na Ilha do Retiro, pela Série B, jornalistas de São Paulo cravaram o acerto do treinador com o Santos. Lisca foi questionado à beira do gramado sobre a situação. “Depois do jogo, falo”, frisou. Ele foi xingado por boa parte da torcida. Atiraram bebida no treinador. O clima na Ilha estava tenso. Após o duelo, na entrevista coletiva, o técnico deu sua versão.
“Sou treinador do Sport. Estou aqui falando pelo Sport. Tem alguma declaração de dirigente do Santos? Minha? Do meu agente? Não é verdade. Saiu uma notícia durante um jogo. Eles (jornalistas) criaram esse clima. O amor e o ódio ficam próximos. Imagina a torcida ver uma notícia de que o treinador está saindo? Eu também ficaria chateado. Infelizmente, eles se voltaram contra mim e vou respeitar a manifestação que eles tiveram. Mesmo que, hoje, eu tenha sido ‘demitido’ pela torcida do Sport”, afirmou.
Minutos depois, contudo, Lisca foi enfático: o fato de ter negado acerto com o Santos não significava que ele continuaria no clube pernambucano. “Não garanto (permanência). Tem treinadores que recebem propostas e aceitam. Outros são demitidos. Faz parte do mercado. Sempre avalio quando chega proposta. Desde que cheguei aqui, recebi três propostas para sair. Nenhuma delas foi do Santos. Quero ver se, quando chegar em casa, vai ter essa proposta. Se tiver, vou avaliar”, apontou, na ocasião. Ele avaliou, aprovou e deixou o Sport.
Lisca estreou no Sport com um empate em 0x0 com o Vasco, no Maracanã. Em seguida, venceu o Londrina por 2×0, na Ilha do Retiro. Depois, novos empates sem gols, contra Operário/PR (Germano Kruger) e Vila Nova (Ilha). Aproveitamento de 50%.
Mais curto do século
No século atual, desconsiderando o trabalho de interinos e treinadores de base que assumiram momentaneamente o Sport, Lisca foi o treinador com a passagem mais curta no clube. O agora ex-comandante leonino superou a marca de Edinho Nazareth, que ficou à frente dos rubro-negros, na Série B 2005, por apenas 27 dias, disputando também quatro partidas, com duas vitórias e duas derrotas.
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Fonte: Folha PE