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Entre os 25 detidos estava um aristocrata chamado Heinrich 13

Vinte e cinco pessoas foram presas na Alemanha sob suspeita de conspirar para derrubar o governo.

Acredita-se que o grupo, formado por apoiadores da extrema direita e ex-militares, se preparava para invadir o prédio do Parlamento do Reichstag e tomar o poder.

Um aristocrata conhecido como príncipe Heinrich 13, de 71 anos, teria sido fundamental para viabilizar os planos.

Segundo os promotores federais, ele é um dos dois supostos líderes entre os presos em 11 Estados alemães.

Entre os conspiradores, há integrantes do movimento extremista Reichsbürger (Cidadãos do Reich), que há muito está na mira da polícia alemã devido a ataques violentos e teorias de conspiração racistas e antissemitas. Eles também se recusam a reconhecer o Estado alemão moderno.

Outros suspeitos vieram do movimento QAnon que acreditam que seu país está nas mãos de um mítico “Estado oculto”. Na visão deles, poderes secretos controlariam a política.

A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, garantiu aos alemães que as autoridades responderiam com toda a força da lei “contra os inimigos da democracia”.

Estima-se que 50 homens e mulheres teriam feito parte do grupo, supostamente conspirando para derrubar a república e substituí-la por um novo Estado modelado na Alemanha de 1871 — um império chamado Segundo Reich.

“Ainda não temos um nome para esse grupo”, disse uma porta-voz do Ministério Público Federal. O ministro do Interior disse que aparentemente era composto por uma organização “conselho” e um braço militar.

A megaoperação, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (7/12), está sendo descrita como uma das maiores operações anti-extremismo da história moderna da Alemanha.

Três mil policiais participaram de 150 operações em 11 dos 16 Estados da Alemanha, com duas pessoas presas na Áustria e na Itália.

Quase metade das prisões ocorreu nos Estados do sul de Baden-Württemberg e Baviera.

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Mais de 3 mil policiais participaram das operações em 130 propriedades em toda Alemanha

O ministro da Justiça alemão, Marco Buschmann, tuitou que um suposto “ataque armado contra órgãos constitucionais foi planejado”.

Faeser disse mais tarde que a investigação analisaria a “profundidade de uma ameaça terrorista no Reichsbürger (como são conhecidos os indivíduos de extrema-direita que rejeitam a legitimidade do estado moderno alemão)”.

O Ministério Público Federal disse que o grupo planejava um golpe violento desde novembro de 2021 e membros de seu “Rat” (conselho) central desde então realizavam reuniões regulares.

Os membros do grupo pretendiam atingir seus objetivos por “meios militares e violência contra representantes do Estado”, que incluía assassinatos.

Acredita-se que os investigadores tenham ficado sabendo do grupo quando descobriram um plano de sequestro em abril passado envolvendo uma gangue que se autodenominava “Patriotas Unidos”.

Eles também faziam parte dos planos e supostamente planejaram sequestrar o ministro da Saúde, Karl Lauterbach, ao mesmo tempo em que criavam “condições de guerra civil” para acabar com a democracia na Alemanha.

Um ex-membro de extrema-direita da AfD da Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) do Parlamento, o Bundestag, é suspeito de fazer parte da conspiração – ele seria indicado como ministro da Justiça do grupo caso os planos fossem bem sucedidos.

Birgit Malsack-Winkemann, uma das 25 pessoas presas, voltou ao cargo de juíza no ano passado e, desde então, a Justiça vinha rejeitando tentativas de afastá-la.

Um proeminente advogado foi contratado para lidar com os assuntos externos do grupo, que tinha o príncipe Heinrich como líder.

O procurador-geral alemão, Peter Frankm disse que Heinrich estava entre os suspeitos que os juízes responsáveis pelo caso pediram para serem mantidos sob custódia.

Aristocrata ‘alimentado por teorias da conspiração’

Heinrich 13 vem de uma antiga família nobre conhecida como Casa de Reuss, que governou partes do atual Estado da Turíngia até 1918. Todos os membros masculinos da família receberam o nome de Heinrich, bem como um número.

Os descendentes ainda possuem alguns castelos e o próprio Heinrich teria um pavilhão de caça em Bad Lobenstein, na Turíngia.

O restante da família há muito se distanciou de Heinrich 13, com um porta-voz dizendo à emissora local MDR durante o verão que ele era um homem “às vezes confuso” que caiu em “conceitos errôneos alimentados por teorias da conspiração”.

Além de um governo paralelo, os conspiradores supostamente tinham planos para um braço militar dirigido por um segundo líder identificado como Rüdiger von P.

Eles eram formados por membros ativos e ex-militares, acreditam as autoridades, e incluíam ex-soldados de elite de unidades especiais. O objetivo do braço militar era eliminar os órgãos democráticos em nível local, disseram os promotores.

Rüdiger von P é suspeito de tentar recrutar policiais no norte da Alemanha e também de estar de olho em quartéis do exército. Bases nos Estados de Hesse, Baden-Württemberg e Baviera foram todas inspecionadas para possível uso após a eventual derrubada do governo, disseram autoridades.

Um dos investigados era membro das KSK (Comando de Forças Especiais), uma unidade de operações especiais, e a polícia revistou sua casa e seu quarto na base militar Graf-Zeppelin em Calw, a sudoeste de Stuttgart.

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Polícia realizou operações em 11 dos 16 Estados da Alemanha

Outro suspeito foi identificado como Vitalia B, uma mulher russa que foi convidada a se aproximar de Moscou em nome de Heinrich.

A embaixada russa em Berlim afirmou em comunicado que não “mantém contatos com representantes de grupos terroristas e outras entidades ilegais”.

Vários ataques violentos foram associados à extrema direita da Alemanha nos últimos anos. Em 2020, um homem de 43 anos matou a tiros nove pessoas de origem estrangeira na cidade de Hanau, no oeste do país, e um membro do Reichsbürger foi preso por matar um policial em 2016.

Estima-se que o movimento Reichsbürger tenha até 21 mil seguidores, dos quais cerca de 5% pertencem à extrema direita.