- Stephen McDonell
- Correspondente em Pequim
Manifestações de dissidência não são incomuns na China.
Ao longo dos anos, explosões locais repentinas de protestos foram desencadeadas no país por uma série de questões — da poluição tóxica à grilagem ilegal de terras, passando pelos maus-tratos de um membro da comunidade nas mãos da polícia.
Mas, desta vez, é diferente.
Há um assunto que não sai da cabeça do povo chinês, e muitos estão cada vez mais fartos dele — levando a uma reação generalizada contra as restrições rigorosas impostas pela política de covid zero do governo.
Isso se refletiu em moradores derrubando barreiras montadas para fazer cumprir o distanciamento social, e agora grandes protestos tomam as ruas e campi universitários de cidades em todo o país.
É extremamente perigoso aqui criticar publicamente o secretário-geral do Partido Comunista. Você corre o risco de ser preso.
No entanto, lá estavam eles na rua de Xangai (Wulumuqi Lu) que leva o nome da cidade de Xinjiang onde um incêndio matou 10 moradores — muitos acreditam que as restrições impostas pela política de covid-zero dificultaram o esforço de resgate.
Um manifestante grita: “Xi Jinping!”
E centenas respondem: “Renuncie!”
O grito de protesto então ecoa: “Xi Jinping! Renuncie! Xi Jinping! Renuncie!”
Também se ouvia o seguinte coro: “Partido Comunista! Renuncie! Partido Comunista! Renuncie!”
Para uma organização política cuja ambição maior é a permanência no poder, esse é o maior desafio possível.
O governo parece ter subestimado drasticamente o crescente descontentamento da população em relação à política de covid zero — intrinsecamente ligada a Xi Jinping, que recentemente prometeu que não haveria desvio da política.
Além disso, não há maneira fácil de sair da sinuca de bico em que o Partido parece ter se metido.
Eles tiveram três anos para se preparar para uma eventual reabertura, mas em vez de construir mais unidades de terapia intensiva (UTI) nos hospitais e enfatizar a necessidade de vacinação, investiram vastos recursos em testagem em massa, lockdowns e instalações de isolamento destinadas a vencer uma guerra contra um vírus que nunca vai embora.
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