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Richarlison, o “Pombo” que faz o Brasil voar em busca do hexa

Richarlison, também conhecido no Brasil como “Pombo”, vem se apresentando como um dos destaques do futebol nos últimos anos, sobretudo pela sua característica de marcar muitos gols por onde passa.

Rejeitado por vários clubes brasileiros quando ainda era adolescente e ajudava em casa vendendo picolé ou lavando carros, o atacante da Seleção prometeu triunfar depois que seu pai foi humilhado e cumpriu.

Aquele jovem que jogava em várzeas imaginando que disputava uma Copa do Mundo com o Brasil, se tornou o herói da pentacampeã na última quinta-feira (24), ao marcar os gols da vitória de estreia contra a Sérvia (2 a 0), o segundo uma obra-prima digna de indicação ao prêmio Puskás.

Com o lesionado Neymar de fora do confronto de segunda-feira (28) contra a Suíça, no qual pode garantir uma passagem para as oitavas de final, o “Pombo” se apresenta como a referência no ataque da seleção, uma das favoritas ao título.

“Não sei se vocês estão sentindo o cheirinho de gol, mas aqui na Seleção eu broco mesmo”, disse o jogador de 25 anos após a estreia de gala.

Superando obstáculos


O carismático atacante do Tottenham, que antes de completar a maioridade já copiava os penteados de seu ídolo Neymar, conquista espaço no maior patamar do futebol mundial após passar por uma vida nada fácil.

Nascido em Nova Venécia, no Espírito Santo, ainda criança morou em uma casa de madeira na cidade próxima de Todos os Santos, na qual em um campo de terra começou a se tornar um jogador de futebol.

Seus pais se separaram quando ele tinha apenas sete anos e seu pai, Antônio, se mudou para o estado vizinho de Minas Gerais. Assim, passou a morar com sua mãe, Vera Lucia, e seus quatro irmãos.

No primeiro dia em sua nova escola, ele descobriu o que poderia ser uma esperança para seus familiares.

“Percebi que o futebol poderia ser não só a minha carreira. Seria uma maneira de eu conseguir ajudar a minha família. Morávamos cinco pessoas em uma casa de dois cômodos, e a minha mãe trabalhava o dia inteiro para colocar comida na mesa. Ela foi muito guerreira, mas não dava conta de fazer tudo sozinha”, disse ao portal The Players Tribune.

Por isso, aos 11 anos de idade, começou a vender picolés, chocolates caseiros, lavar carros e até colher café para ajudar com as despesas da casa. Enquanto muitos em sua cidade caminhavam em direção a futuros incertos no mundo das drogas e violência.

“Não me via fazendo algo que não fosse jogar futebol”, afirmou.

Lições de uma pesca proibida


Richarlison passou pelo Avaí e Figueirense, mas não se firmou. Posteriormente, o América Mineiro o recebeu, mas o relógio começou a correr contra ele.

Aos 17 anos, não havia assinado contrato e as chances de se profissionalizar eram cada vez menores. Até que uma situação difícil o trouxe uma motivação inesperada.

O jogador foi passar um fim de semana com seu pai. Foram pescar com os primos em um terreno perto da casa de Antônio. O dono do lote avisou que só poderiam fazê-lo em dois lagos, o que resultou em poucos peixes. Em outro, o proibido, eles largaram suas iscas e conseguiram, para a fúria do fazendeiro.

“Ele ficou bravo, gritou e humilhou o meu pai na frente de todo mundo, dizendo que poderia expulsá-lo da casa a hora que ele quisesse”, contou. “Antes daquilo, ajudar a minha família por meio do futebol era uma ideia. Depois, virou obsessão”, confessou, relembrando a situação.

Tirou “forças de onde não sabia que tinha”, focou nos treinamentos e almejou voos maiores. O jovem começou então a chamar a atenção e em dezembro de 2014, o América Mineiro lhe ofereceu um contrato.

Estreou como profissional pelos ‘Coelhos’ e dois anos depois foi comprado pelo Fluminense.

Focado e comprometido


Em 2020, o Watford o notou. Bastou uma temporada fazendo uma bela estreia no futebol inglês para que o Everton se interessasse pelo brasileiro.

Com os “Toffees”, onde jogou como ponta e ‘9’, marcou 53 gols em 152 jogos antes de partir para o Tottenham, em julho de 2022.

Enquanto ainda no time da cidade de Liverpool, foi convocado pelo técnico Tite pela primeira vez em 2018, após o Mundial da Rússia.

Desde então, o atacante embarcou num crescimento constante, que incluiu a participação no título da Copa América em 2019, quando o Brasil superou o Peru por 3 a 1 no estádio do Maracanã com gol de sua autoria, além do ouro Olímpico em Tóquio, em 2020, onde terminou como artilheiro com cinco gols.

Apesar de ser centroavante, ele abriu espaço como ponta ao fechar parceria com Neymar. Até que levantou o dedo para reivindicar seu lugar como atacante.

“Agradeço ao Tite por ter confiado em mim para me dar a ‘9’, ele sabe que faço muitos gols (19 em 39 jogos)”, disse antes da estreia na Copa do Mundo.

Apesar de seu faro de gol e carisma, muitos brasileiros o admiram pelo seu compromisso com a luta antirrascista e a favor do meio ambiente, além do seu trabalho social em que doa parte do salário para ajudar pacientes com câncer e pessoas com poucos recursos.

“O futebol me salvou! É por isso que eu falo, me posiciono e mostro a minha indignação: pelo mínimo de dignidade e igualdade para todos os brasileiros que não tiveram a mesma sorte que eu. Espero ter respondido à questão”, completou.

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Fonte: Folha PE

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