A cidade de Pequim enfrenta o momento “mais complexo e grave” da pandemia de covid-19, segundo as autoridades, após registrar as primeiras mortes em seis meses e um aumento contínuo de casos em toda a China.
Três pessoas morreram de covid na capital chinesa desde o sábado (19/11), elevando para 5.229 o número total de mortes em decorrência da doença no país, segundo dados oficiais.
As últimas três mortes provocaram lockdown em várias zonas da cidade de 21 milhões de habitantes.
Insistência na política de ‘covid zero’
As mortes acontecem em meio a raros protestos no país sobre a política de “covid zero” do governo chinês.
A polêmica estratégia, cujo objetivo é erradicar completamente os surtos da doença, levou ao confinamento obrigatório de milhões de pessoas e a quarentenas forçadas para quem testa positivo.
Em Pequim, as autoridades decretaram lockdown nos distritos de Haidian e Chaoyang, onde lojas, escolas e restaurantes estão fechados.
Quem viaja para a capital também precisa fazer testes de covid nos três primeiros dias de visita e permanecer recluso até receber permissão para sair.
No resto do país, vários milhões de pessoas permanecem confinadas, já que os casos continuam aumentando, apesar dos esforços das autoridades.
Uma situação complexa
No domingo, foram registrados 24.730 novos casos da doença, número próximo ao pico diário de infecções no país em abril.
Pequim reportou 316 novos casos de covid na tarde de segunda-feira (21/11), segundo a agência de notícias Reuters.
Liu Xiaofeng, vice-diretor do Centro Municipal de Controle e Prevenção de Doenças de Pequim, descreveu a situação como a mais complexa e grave que a cidade já viu, informou a agência.
Um dia antes, um porta-voz municipal alertou que a cidade enfrenta “uma situação sombria e complicada” em termos de prevenção e controle da epidemia, informou o jornal oficial China Daily.
Casos polêmicos
A China afirma que, graças à sua rigorosa política de covid zero, houve muito menos mortes por covid-19 do que em outros países.
No entanto, acredita-se que o número real possa ser muito maior, já que foram reportados vários atrasos no atendimento de emergências de pacientes em estado grave em áreas em lockdown e instalações de quarentena.
Nos últimos dias, houve uma onda de indignação na internet após a notícia da morte de um bebê que teria demorado a receber atendimento médico devido a restrições por causa da covid.
No início deste mês, protestos eclodiram na cidade de Lanzhou, onde um pai alegou que a demora para conseguir levar o filho ao hospital contribuiu para sua morte por intoxicação por monóxido de carbono.
Em outubro, ganhou destaque o caso de uma menina de 14 anos que morreu na província de Henan após adoecer em um centro de quarentena para covid.
Em paralelo, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, testou positivo para covid no domingo, depois de se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, em uma cúpula na Tailândia.
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