Depois de vencer uma disputa crucial no Estado americano de Nevada, os democratas manterão o controle do Senado dos Estados Unidos.
De acordo com estimativas da rede norte-americana CBS, a senadora democrata Catherine Cortez Masto seguirá no seu cargo após derrotar o candidato republicano Adam Laxalt.
Na sexta-feira, o democrata Mark Kelly havia derrotado seu rival republicano Blake Masters no Arizona — outra vitória importante para o partido do presidente americano Joe Biden.
Com esse resultado, os democratas passam a ter 50 cadeiras no Senado e os republicanos, 49.
A vaga na Geórgia ainda está em aberto e haverá um segundo turno em 6 de dezembro.
Mesmo que os republicanos ganhem na Geórgia, empatando o número de vagas no Senado entre os partidos no Senado, a vice-presidente democrata Kamala Harris poderá votar em caso de empates nas decisões legislativas. Ou seja: o poder de decisão no Senado sempre caberá aos democratas.
Já na outra disputa desta eleição, pelo controle da Câmara dos Deputados (ou Representantes), os republicanos parecem estar perto de conquistar a maioria.
Quem é Catherine Cortez Masto?
A senadora Catherine Cortez Masto, de 58 anos, é conhecida por seu perfil discreto no trabalho, algo que manteve na campanha eleitoral.
Seus próprios apoiadores admitem que alguns eleitores não sabem seu nome completo e, em vez disso, apenas a chamam de “senadora”.
Seu pai, Manny, era um político de Nevada que trabalhou em uma garagem de estacionamento, tornando-se mais tarde advogado e presidente da poderosa agência governamental que promove a indústria de turismo do Estado.
A senadora perdeu 16 dos 17 condados de Nevada, mas dominou o condado de Clark, onde vive mais de 70% da população do Estado, incluindo os trabalhadores de Las Vegas.
Ela fez campanha a favor da legalização do aborto e do controle de armas. Ela votou para condenar Trump por incitar a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
O que aconteceu no Arizona?
Na sexta-feira, o democrata Mark Kelly derrotou seu rival republicano Blake Masters na luta por uma vaga no Senado pelo Estado do Arizona.
Kelly — um ex-astronauta cuja esposa, Gabby Giffords, sobreviveu a uma tentativa de assassinato quando era parlamentar americana — foi eleito pela primeira vez há dois anos para cumprir o restante do mandato no Senado de John McCain, que havia falecido.
Em um comunicado, Kelly disse: “Desde o primeiro dia, esta campanha se concentrou em muitos arizonanos, democratas, independentes e republicanos, que acreditam em trabalhar juntos para enfrentar os importantes desafios que temos pela frente”.
“Isso é exatamente o que fiz nos meus dois primeiros anos no cargo e o que continuarei a fazer enquanto estiver lá.”
Seu rival, Blake Masters — de 36 anos e sem experiência política — foi apoiado pelo ex-presidente Donald Trump. Masters se recusou a aceitar os resultados das eleições de 2020 e repetiu falsas alegações de fraude eleitoral agora.
Em um e-mail para seus apoiadores na quinta-feira, a campanha de Masters disse ter visto problemas “preocupantes” durante a eleição e pediu contribuições, segundo o jornal The New York Times.
“Esperamos um caminho adiante cheio de batalhas legais”, acrescentou.
O resultado é outra derrota para os republicanos, que esperavam uma “onda vermelha” esta semana — um recado duro para o presidente Joe Biden e os democratas.
Biden disse que a eleição desta semana foi um “dia bom” para a democracia americana.
Eleição de meio de mandato
As eleições de meio de mandato escolhem os integrantes do Congresso americano, que é formado por duas partes: a Câmara dos Deputados (ou dos Representantes) e o Senado.
O Congresso cria leis em nível nacional. A Câmara decide quais leis são votadas, enquanto o Senado pode bloqueá-las ou aprová-las, confirmar as nomeações feitas pelo presidente e, em raras ocasiões, conduzir investigações contra autoridades.
Essas eleições são realizadas a cada dois anos, e caem sempre na metade do mandato de quatro anos do presidente.
Cada Estado tem dois senadores, que cumprem mandatos de seis anos. Os representantes (ou deputados) ocupam o cargo por dois anos e representam distritos menores.
Todos os assentos na Câmara dos Representantes estavam em disputa nas eleições de meio de mandato, juntamente com um terço do Senado.
Vários Estados importantes também realizaram eleições para seu governador e outros cargos locais.
Um resultado que fortalece Biden
Análise de Anthony Zurcher, correspondente da BBC nos EUA
Os democratas conseguiram manter o controle do Senado dos EUA, uma conquista que fará com que Joe Biden passe mais dois anos indicando nomes para os tribunais federais.
Quatro dias depois que dezenas de milhões de americanos foram às urnas, a vitória apertada de Catherine Cortez Masto em Nevada na noite de sábado (12/11) foi um marco decisivo na batalha política.
Agora, mesmo que os republicanos ganhem a disputa restante do Senado na Geórgia, empatando o número de vagas no Senado entre os partidos, a vice-presidente democrata Kamala Harris poderá votar em caso de empates nas decisões legislativas.
A vitória é importante porque agora, se um assento da Suprema Corte ficar vago devido à aposentadoria inesperada ou à morte de um juiz, os republicanos não poderão bloquear qualquer indicado por Biden.
A vitória em Nevada significa que o segundo turno do Senado da Geórgia em 6 de dezembro não é mais uma corrida crucial para determinar o controle da Casa.
No entanto, Biden disse que “é melhor” que os democratas cheguem a 51 cadeiras. A vaga extra certamente facilita a gestão de uma maioria e também ajudará em 2024, quando o partido terá que defender mais vagas na eleição parlamentar daquele ano.
Ainda há uma chance, embora não uma certeza, de que os republicanos conquistem uma pequena maioria na Câmara dos Deputados, o que trará uma série de dores de cabeça para o presidente.
O futuro político de Donald Trump foi abalado, mas ainda não se sabe quanto tempo esse dano deve durar. Enquanto isso, a posição de Joe Biden dentro de seu partido foi fortalecida.
O mundo político nos EUA é hoje bastante diferente do que era apenas uma semana atrás.
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