Moradores de Hainan, no centro da China, observam lançamento do foguete Longa Marcha-5B Y4 para terminar a construção da estação espacial chinesa, em 31 de outubro de 2022. — Foto: Yang Guanyu/Xinhua via AP
Um foguete da China desgovernado assustou a Espanha na manhã de sexta-feira (4). O módulo chinês, parte de uma operação do país para construir uma estação espacial própria, perdeu o controle ao entrar na atmosfera e entrou em queda livre na direção de território espanhol, que fechou parte do espaço aéreo para evitar choques com aeronaves.
O tráfego aéreo no país já foi reaberto, e o foguete, nomeado de Longa Marcha-5B YA, se desintegrou ao entrar na atmosfera. A maior parte dos fragmentos pegou fogo e caiu no Oceano Pacífico.
O episódio gerou críticas de agências europeias ao governo chinês, que vem tentando implantar um ambicioso plano de presença no espaço.
Pela manhã, diante de um alerta de forte risco emitido pela agência de controle aéreo da Europa, a Eurocontrol, o governo espanhol decidiu fechar o espaço aéreo de quatro das 17 regiões do país (similares aos estados brasileiros).
“Devido ao risco associado à passagem do objeto espacial CZ-5B pelo espaço aéreo espanhol, os voos foram totalmente restringidos na Catalunha e em outras comunidades”, anunciou no início da manhã o serviço de emergência da Catalunha, uma das regiões espanholas que tiveram o espaço aéreo fechado.
O tráfego aéreo foi interrompido em quatro das 17 regiões da Espanha.
Aeroportos de cidades turísticas como Barcelona, Madri e Ibiza estão entre os que ficaram totalmente fechados. Segundo a Aena, a agência que administra os aeroportos na Espanha, cerca de 300 voos foram cancelados ou atrasados por conta da interrupção.
A Eurocontrol previa que mais provável era que o módulo do foguete caísse no mar. Como a aeronave está fora de controle, é possível que se encaminhe para território espanhol.
O Ministério de Relações Exteriores da China rebateu críticas feitas por agências europeias à qualidade das operações espaciais do país e alegou que a reentrada de um foguete na atmosfera é uma prática internacional comum.
“Esse tipo de foguete usa tecnologia especial projetada para que a grande maioria dos componentes que serão destruídos por ablação durante a reentrada na atmosfera, e a probabilidade de causar danos às atividades da aviação e ao solo é extremamente baixa”, afirmou Zhao Lijian, porta-voz do Ministério.
O Longa Marcha 5B foi lançado ao espaço para ajudar na construção da estação espacial chinesa, um ambicioso plano do país para entrar no mapa das potências com presença no espaço.
O foguete foi lançado pela primeira vez em maio de 2020 e, na ocasião, fragmentos do foguete caíram na Costa do Marfim, na África Ocidental, danificando vários edifícios no país. No segundo voo, os destroços do foguete caíram no Oceano Índico, e, no terceiro, no Mar de Sulu, nas Filipinas.