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Bancos Centrais de todo o mundo estão elevando suas taxas de juros

O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) elevou na quarta-feira (21/9) os juros da economia americana em 0,75 ponto percentual, para a faixa de 3% a 3,25%.

Este é o quinto aumento neste ano, e, com isso, a taxa chegou ao seu maior nível desde 2008, quando eclodiu a crise financeira mundial.

A sequência de altas é uma tentativa de conter o aumento da inflação, pressionada pelo encarecimento de combustíveis e alimentos, como consequência da guerra na Ucrânia e dos desarranjos logísticos provocados pelos lockdowns em resposta à covid-19 na China.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os aumentos são necessários para desacelerar a demanda, aliviando as pressões que aumentam preços e evitando danos de longo prazo à economia.

No entanto, a expectativa no momento é que os juros continuem a subir nos Estados Unidos, conforme informou em um comunicado o Comitê Federal de Mercado Aberto, que faz parte do Fed e é responsável por regular a taxa.

O órgão afirmou que está “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir o Comitê de atingir seus objetivos”.

Projeções do Fed apontam que a taxa básica pode chegar a 4,40% até o final deste ano e atingir 4,60% no próximo ano.

Por sua vez, as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) indicam que a economia americana deve crescer 0,2% em 2022 e 1,2% no próximo ano.

As projeções apontam ainda que a inflação americana não deve voltar à meta de 2% até 2025 – atualmente, está em 8,3%, nos acumulado de 12 meses até agosto, de acordo com o governo.

Aumento global de juros

Bancos em quase todos os países – com as grandes exceções do Japão e da China – estão tomando medidas semelhantes enquanto lutam com seus próprios problemas de inflação.

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Taxa de inflação nos EUA atual é mais de quatro vezes a meta

No Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central está em reunião para determinar os rumos da taxa de juros no país.

Atualmente, os juros estão em 13,75%, após doze aumentos seguidos, que elevaram a taxa em 11,75 pontos percentuais desde março de 2021, o maior ciclo de altas desde 1999, quando foi implementado o regime de metas da inflação.

Um dos primeiros efeitos para o Brasil da alta dos juros nos Estados Unidos para o Brasil é que investidores tendem a tirar recursos de países em desenvolvimento e direcioná-los aos países ricos, considerados mais seguros.

“Quando o Fed sobe os juros, há uma entrada de capitais nos Estados Unidos para se beneficiar desses juros maiores”, explica Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

“Por mais que os juros lá sejam bem menores do que aqui, é um país muito mais confiável. Assim, a alta de juros leva a uma saída de recursos de países emergentes para o mercado americano.”

Desaceleração ou recessão?

Por um lado, a alta nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos aponta para uma desaceleração da economia mundial à frente.

Isso porque, quando os juros sobem, fica mais caro para empresas e famílias tomar empréstimos, o que diminui a atividade econômica.

Essa desaceleração da economia mundial reduz a demanda por bens e serviços, e pode reduzir as exportações brasileiras.

Vale explica ainda que a alta da taxa de juros americana gera um receio de que a economia dos Estados Unidos esteja caminhando para uma recessão.

Isso desaceleraria ainda mais todo o resto do mundo, incluindo o Brasil, através das exportações.

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O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os aumentos são necessários para desacelerar a demanda

Analistas ainda têm um receio de que o efeito dos aumentos das taxas, que encarecem as dívidas, possa levar a uma desaceleração maior do que se espera.

O Banco Mundial alertou recentemente que os aumentos das taxas podem levar a economia global a uma recessão no próximo ano.”Esse é definitivamente um dos riscos negativos – que a natureza sincronizada do aperto possa torná-lo muito mais poderoso”, disse Brian Coulton, economista-chefe da Fitch Ratings.

A expectativa é que a economia mundial tenha em 2023 seu pior desempenho em mais de uma década, com exceção de 2020, por causa da pandemia, disse Ben May, diretor de macro pesquisa global da Oxford Economics.”O que ficou claro é que, se dada a escolha entre permitir que a inflação permaneça alta por um período sustentado ou levar a economia para uma recessão, [os líderes de bancos centrais] prefeririam empurrar a economia para uma recessão”, afirma May.

Por outro lado, a redução da atividade global pode ajudar a conter a inflação no Brasil, diz Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos.

O país atravessa um momento especialmente delicado em que a alta de preços se combina com uma pressão sobre as contas públicas por conta de medidas adotadas por Jair Bolsonaro (PL), como a ampliação de benefícios sociais e cortes pontuais de impostos às vésperas da eleição.

“Há um potencial de menor crescimento global, gerando menor pressão de preços. Isso pode facilitar o trabalho do Banco Central brasileiro no combate à inflação.”

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