Para a rainha Elizabeth 2ª ela foi, ao final, “aquela menina impossível”. Diana, por sua vez, afirmava “adorar” sua sogra e dizia que faria qualquer coisa por ela.
Mas provavelmente não foi isso que pareceu à rainha ao observar o efeito que a princesa teve sobre a monarquia, tanto em vida quanto após a morte.
Casar-se com um membro da família real é uma decisão difícil para qualquer cidadão comum – mesmo para alguém acostumada com os meandros da corte como era Diana.
Nascida na aristocracia, a jovem Lady Diana Spencer passou parte da infância em Park House, local próximo à casa de campo da rainha em Sandringham, no condado de Norfolk, leste da Inglaterra.
Inexperiente e emotiva
Sem dúvida a rainha a via como candidata ideal ao manto de princesa real. Porém, como logo ficou claro, Diana – uma inexperiente e emotiva jovem de 20 anos – estava despreparada para a rotina da corte.
E ela não recebeu ajuda do marido. A imagem formal e sisuda de Charles destoava da de sua noiva, efusiva e extrovertida, e além disso ele ainda carregava uma paixão antiga pela ex-namorada Camilla Parker-Bowles.
A resposta pouco entusiasmada do príncipe Charles a uma repórter sobre seus sentimentos no momento do noivado – “o que quer que seja o amor” – parecia dar o tom para o futuro do relacionamento.
A rainha, por sua vez, adotara a regra de interferir o mínimo possível nos casamentos de seus filhos.
Oscilação de humor
Alguns comentaristas declararam que ela deveria se envolver mais e dar mais apoio aos recém-chegados à Família Real.
Diana sentia-se isolada e sem orientação – insegura sobre o que se esperava dela e decepcionada pela falta de reconhecimento quando desempenhava bem seu papel.
A rainha, assim como o príncipe Charles, considerava os rompantes de emoção da princesa embaraçosos e difíceis de administrar.
Eles simplesmente não sabiam como lidar com suas oscilações de humor e com a dramática busca por atenção – como quando se jogou das escadas, grávida de William. Essa não era a maneira como as coisas eram feitas na Família Real.
Também não estavam preparados para a manipulação que Diana fez da mídia e angariou para ela parte da opinião pública.
A rainha via com desalento a desintegração de um casamento que havia prometido tanto.
Observando tudo à distância, ela tentava manter a paz, apesar de bastante consciente de que o fracasso do casamento do filho e herdeiro traria graves implicações para o futuro da monarquia.
À medida que o relacionamento de Charles e Diana piorava, ela deixou de lado a regra de não intervenção e os chamou para um encontro no qual pediu um último esforço para tentar fazer o casamento funcionar.
A tentativa fracassou e, pouco antes da crucial decisão de Diana de ir a público com o seu lado da história, em entrevista à BBC, a rainha interveio outra vez – escrevendo a cada um deles para dizer que o divórcio parecia o único caminho.
Pelo bem dos netos, a rainha fez o melhor para manter um relacionamento amigável com Diana, mas após o divórcio a relação entre as duas tornou-se ainda mais distante.
A surpresa da morte repentina da princesa, e a reação pública a ela, chamou atenção para aquele relacionamento mais do que nunca.
A rainha foi acusada de julgar mal a reação do público ao permanecer no Castelo de Balmoral, na Escócia, para dar apoio aos netos.
Finalmente, a comoção pública, alimentada pelas manchetes melodramáticas de muitos jornais, a convenceu a voltar a Londres.
Na véspera do funeral de Diana, Elizabeth 2ª fez um pronunciamento sem precedentes na TV e falou com franqueza sobre a ex-nora.
Foi um desempenho magistral – revelando a admiração que sentia pela nora e reconhecendo a compaixão da princesa e sua contribuição à sociedade.
A sensação era de que a rainha salvara a monarquia do desastre.
Quando o caixão da princesa passou pelo Palácio de Buckingham, a rainha prestou sua última homenagem.
Ela baixou a cabeça em reconhecimento a uma jovem que havia atraído o amor e o respeito de tanta gente, mas que para a sogra permanecera, até o fim, um enigma.
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