Os três primeiros colocados receberam premiação de até R$ 3 mil. (Foto: Marcos Pastich/PCR)
A Prefeitura do Recife promoveu um concurso de crônicas com o tema “Velhice não é doença!”, que premiou três moradores do Recife com prêmios de R$3 mil, R$2 mil e R$1 mil, pela 1ª, 2ª e 3ª colocações, respectivamente. A cerimônia de premiação foi realizada nesta sexta-feira (10) no auditório do edifício-sede da Prefeitura do Recife e a organização ficou sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos Juventude e Políticas sobre Drogas (SDSDHJPD) e do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (Comdir).
Participaram da cerimônia, a secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas, Ana Rita Suassuna, a secretária-executiva de Direitos Humanos do Recife, Elizabete Godinho, a gerente da Pessoa Idosa do Recife, Cacilda Medeiros e também o membro da coordenação colegiada do Comdir, Frederico Call, que representou os demais conselheiros presentes. O concurso de crônicas foi direcionado, exclusivamente, às pessoas residentes no Recife, e fez parte da programação do Outubro da Pessoa Idosa de 2021. Ao todo foram 25 crônicas inscritas e puderam participar qualquer pessoa física que tivesse 18 anos completos ou mais no dia da sua inscrição.
De acordo com a secretária Ana Rita Suassuna, o tema deste concurso literário é muito instigante. “O Brasil está com um crescente aumento da população idosa e o Recife não é diferente. Por isso é importante fortalecer as políticas públicas para esse grupo, enxergando a pessoa idosa comosujeito ativo”, afirmou a gestora. Já a secretária-executiva de Direitos Humanos do Recife, Elizabete Godinho, lembrou que no dia em que se comemora 73 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, esta ação associou o conteúdo do artigo 25 da Declaração com o direito à saúde e ao bem estar com assistência garantida, inclusive, na velhice e promoveu a sensibilização para o enfrentamento ao preconceito e discriminação. “O concurso de crônicas foi uma importante ferramenta de mobilização da sociedade para um tema tão importante como assegurar direitos e condições para o envelhecimento saudável e ativo, de nossa população”, afirma Elizabete.
O empresário aposentado Abelardo Santos de Carvalho Neto, morador do bairro de Campo Grande, arrebatou o primeiro lugar e recebeu R$ 3 mil de premiação. Ele confessa ter se inspirado na própria mãe para criar seu conto e usou a fala de uma personagem, de 26 anos, que sai em defesa de uma senhora, de 73 anos. A personagem do seu conto consegue transmitir a mensagem e mudar a visão equivocada de um grupo de pessoas que enxergavam a velhice, importante etapa da vida, como se fosse uma doença. Abelardo conhece bem essa fase da vida e sabe que velhice não é doença e nunca será. A prova é o exemplo que ele tem na família, pois convive com seus oito irmãos, todos idosos, além de tios e primos, incluindo ele, hoje com 68 anos.
Abelardo ainda relata o quanto ficou feliz em poder sair em defesa dos idosos, participando do concurso. “Gostei bastante de participar do concurso e foi uma coisa nova na minha vida. Eu não esperava esse reconhecimento. Sempre gostei de ler e escrever sobre experiência vivida e mostrar essa crônica foi uma boa oportunidade na minha vida”, declara, admitindo que ficou sabendo do concurso por meio de sua filha que o encorajou, fazendo sua inscrição.
Giselle Maria Oliveira de Carvalho, moradora do bairro de Água Fria, foi a segunda colocada no concurso e foi premiada com R$2 mil. Sua crônica também defende a velhice, reafirmando que não se trata de doença, mas chama a atenção para o tempo, ressaltando que o metabolismo de quem envelhece já não é o mesmo. “Devemos respeitar o tempo de cada um para quem chega à velhice e que a vida é feita de fases, cada qual com sua particularidade”, pondera. Giselle não é idosa, tem apenas 34 anos, com formação em Letras, e sua inspiração para escrever o conto baseou-se em exemplos da família. “Tenho quatro idosos na família, incluindo meus pais e tias, mas convivo com outros, que são minhas fontes de inspiração”, afirma, acrescentando que ficou sabendo do concurso por meio da mãe, que também concorreu, mas não foi classificada.
Giselle declara ainda que escreve de vez em quando nas horas vagas e que há algumas poesias em seus arquivos e uma publicada, em 2011. “Como fazia tempo que eu não escrevia, quis participar desse concurso. Além de ter achado o tema bastante interessante e eu me inspirei nos meus pais, em Dona Tânia, mãe do meu cunhado, e também nas lembranças de minhas avós, já em memória”, conta ela, admitindo que vivenciar cada fase deles, acompanhando, de alguma forma, o envelhecer, foram bases para que concretizasse seu texto.
O procurador Federal, Rômulo César Lapenda Rodrigues de Melo, 45 anos, morador do bairro de Parnamirim, ocupou o terceiro lugar no concurso e recebeu a premiação de R$1 mil. Ele costuma participar de concursos literários e admite que gosta de submeter seus trabalhos ao crivo de outras pessoas ambientadas ao mundo das letras. “Esse concurso, por ser temático, é um desafio a mais ao escritor, sobretudo pelo tema instigante, importante para a reflexão da sociedade, dos mais jovens até os mais velhos”, confessa.
Ele também declara que adorou poder participar do concurso e achou uma ótima iniciativa falar sobre tema de tamanha importância social, uma discussão a ser fomentada por todos e que a idade avançada é mais uma fase natural da nossa existência e não deve estar atrelada a um estado de moléstia, a uma doença. Para escrever sua crônica, Rômulo conta que buscou inspiração nos seus saudosos avós, que segundo ele, jamais perderam a aura da jovialidade. Ele ainda alega que também foram fontes de criação as várias histórias pesquisadas na internet de pessoas idosas, mas que não se deixaram abater pelas vicissitudes do tempo e continuaram sonhando e realizando com altivez seus desejos.
Cacilda Medeiros, gerente da Pessoa Idosa do Recife, destaca que o principal objetivo do concurso foi alcançado, pois a maioria das produções literárias estavam carregadas de manifestações positivas voltadas à pessoa idosa e enalteciam o respeito a este grupo social. Ela ainda revela que o concurso foi bastante criterioso na escolha das três melhores crônicas e que o edital foi rigoroso, vedando a participação de servidores da Prefeitura do Recife, terceirizados ou ocupantes de cargos comissionados e membros do Comdir. Os valores pagos aos vencedores foram provenientes do Fundo Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, com a devida aprovação do Comdir.