Divulgada nesta quarta-feira (17/8), a pesquisa mais recente da Quaest Consultoria sinalizou um cenário de relativa estabilidade entre os dois candidatos mais bem posicionados na disputa pela Presidência da República: o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O levantamento nacional é o primeiro feito pela Quaest após o início do pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600, uma das principais bandeiras de campanha de Jair Bolsonaro. Foram ouvidas 2 mil pessoas de forma presencial entre os dias 11 e 14 de agosto. O benefício ampliado começou a ser pago no dia 6 de agosto.
Na comparação com a pesquisa anterior, porém, o cenário se manteve inalterado: Lula lidera com 12 pontos percentuais de vantagem em relação a Bolsonaro.
Entretanto, uma análise detalhada dos dados mostra algumas tendências que deverão ser comemoradas tanto pelo comando da campanha de Lula quanto pelo de Bolsonaro.
Veja três notícias boas para Lula e para Bolsonaro que a pesquisa da Quaest apontou.
Lula: dados mostram liderança e estabilidade
Após início do pagamento do Auxílio Brasil ampliado (saiu de R$ 400 para R$ 600), no começo de agosto, aliados do ex-presidente imaginavam que haveria uma diminuição da distância entre Lula e Bolsonaro. Os dados, no entanto, mostram estabilidade e manutenção da distância em relação à última pesquisa.
Na pesquisa divulgada na semana passada, a diferença entre os dois era de 12 pontos percentuais. Agora, a diferença permanece a mesma. Lula tinha 44% das intenções de voto e foi para 45%. Bolsonaro tinha 32% e foi para 33%.
Ciro Gomes (PDT) aparece com 6% das intenções de voto e Simone Tebet (MDB), com 3%.
Essa liderança de Lula vem sendo mantida desde, pelo menos, novembro de 2021, momento mais distante captado e divulgado pela Quaest no levantamento desta quarta-feira.
Na época, o petista aparecia com 48% das intenções de voto e Bolsonaro com 21%. Desde então, Lula oscilou para 45% enquanto Bolsonaro chegou a 33%.
Na simulação de segundo turno contra Bolsonaro, Lula se manteve com 51% das intenções de voto (mesmo percentual da última pesquisa) enquanto o presidente oscilou para cima saindo de 37% para 38%.
Lula passa Bolsonaro no Sudeste
De acordo com a pesquisa, Lula passou Bolsonaro nas intenções de voto na região Sudeste. Nela estão os dois maiores colégios eleitorais do país: São Paulo e Minas Gerais, respectivamente. Juntos, os dois estados têm mais de 50 milhões de eleitores, o que significa quase um terço do total de eleitores em todo o Brasil, estimado em 156 milhões.
Na pesquisa anterior, Lula e Bolsonaro apareciam tecnicamente empatados com 37% das intenções de voto, cada um, na região. Agora, Lula tem 39% e Bolsonaro, 35%.
Para a campanha petista, superar Bolsonaro ou não “perder de muito” na região é fundamental para a estratégia de vencer as eleições.
Na disputa de 2018, Bolsonaro venceu o então candidato do PT, Fernando Haddad, em todos os quatro estados da região: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Lula cresce no eleitorado que do Auxílio Brasil
Apesar do temor de que o Auxílio Brasil “turbinado” daria mais fôlego para a campanha de Bolsonaro, os dados da última pesquisa mostram que Lula cresceu entre os eleitores que recebem o benefício.
Na pesquisa Quaest anterior, Lula tinha 52% das intenções de voto nesse segmento. No levantamento mais recente, Lula tem 57%. Bolsonaro, por sua vez, tinha 29% das intenções de voto entre os que recebem o auxílio e agora aparece com 27%.
O Auxílio Brasil de R$ 600 começou a ser pago no início deste mês e, segundo a legislação, terá validade até dezembro. Apesar disso, tanto Bolsonaro quanto Lula já prometeram que irão manter o valor do benefício em R$ 600 em 2023.
Bolsonaro: presidente cresce entre eleitorado evangélico
Os dados do novo levantamento da Quaest mostram que Bolsonaro ampliou ainda mais suas intenções de voto entre o eleitorado evangélico.
Na pesquisa anterior, ele aparecia com 48% nesse segmento e agora aparece com 52%. Lula, por sua vez, tinha 29% e agora aparece com 28%. A distância que era de 19 pontos percentuais, agora é de 24.
Entre os católicos, a vantagem continua com Lula, que tinha 51% e agora tem 52%, enquanto Bolsonaro se manteve estável com 27%.
Entre os que professam outras religiões ou que afirmam não ter uma, Lula se manteve com 53%, mesmo percentual da pesquisa anterior. Bolsonaro, por sua vez, saiu de 20% para 23%.
Os comitês das duas campanhas entendem o eleitorado evangélico é estratégico. Estimativas apontam que um terço dos eleitores está nesse segmento e, em 2018, segundo o Instituto Datafolha, 59% deles votaram em Bolsonaro.
Bolsonaro cresce entre jovens
Outra boa notícia para Bolsonaro é o aparente crescimento das suas intenções de voto entre o eleitor mais jovem.
Há alguns meses, artistas e intelectuais apoiadores de Lula fizeram ampla campanha para que jovens tirassem título de eleitor e votassem nestas eleições numa tentativa de ampliar a vantagem que o petista apresentava neste segmento do eleitorado.
Os dados da pesquisa Quaest, no entanto, mostram que a diferença entre Bolsonaro e Lula pode estar diminuindo nesta faixa.
Na pesquisa anterior, Lula tinha 44% das intenções de voto e Bolsonaro, 31%, uma diferença de 13 pontos percentuais. Agora, Lula aparece com 42% e Bolsonaro com 34%, uma distância de oito pontos percentuais.
Avaliação sobre cenário econômico melhora
Outro dado positivo para a campanha de Bolsonaro é a avaliação que os entrevistados pela pesquisa fizeram sobre o cenário econômico.
Historicamente, cientistas políticos e especialistas em eleições afirmam que uma avaliação positiva sobre a economia tende a beneficiar quem busca a reeleição.
Na comparação com a pesquisa anterior, o percentual de pessoas que diziam que a economia piorou no último ano caiu enquanto a quantidade de pessoas que afirmava que a economia melhorou cresceu.
Na pesquisa anterior, 56% dos entrevistados avaliavam que a economia havia piorado no último ano. Agora, o percentual é de 52%.
Na outra ponta, o percentual que avalia que a economia melhorou no período saiu de 20% para 23%.
A tendência de queda foi registrada em duas das três faixas de renda pesquisadas pela Quaest: os que recebem até dois salários mínimos e os que recebem entre dois e cinco salários mínimos.
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