Pedidos de justiça e muita emoção marcam o início do julgamento do homem acusado de matar a manicure Dione Gomes, de 40 anos, assassinada em janeiro do ano passado no Recife.
Maurício Alves de Andrade, mototaxista e então companheiro da vítima, vai a júri popular nesta quarta-feira (10), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, na área central do Recife.
Já dentro do fórum para acompanhar o julgamento, a mãe da vítima, Ismerinda Dutra Pereira, falou sobre a saudade da filha e a revolta diante do crime.
“Meu coração está muito triste pelo o que esse infeliz fez com a nossa família, que está toda destruída”, disse.
Ao ser questionada sobre o que espera do julgamento, a mãe respondeu: “Castigo”. E continuou: “Eu quero que ele pague o que ele fez com a gente”.
Ismerinda Dutra Pereira fala emocionada minutos antes do início do júri popular – Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco
Muito emocionada, Dona Ismerinda chorou ao comentar a dor que sente com a perda da filha.
“Dói muito, dói tanto que tem hora que eu boto a mão no meu coração e parece que vai parar de tanta dor. Porque ela era a minha filha, eu só tinha ela”.
A mãe conta que Dione era muito querida: “Ela era muito boa, não tem ninguém nesse mundo que tinha raiva dela, só aquele maldito que tirou a vida da minha filha. Então, é por isso que eu peço justiça. Ele destruiu a vida de todo mundo.”
Filha de Dione, Dayana Gomes do Nascimento, de 23 anos, afirmou que o julgamento pode trazer mais tranquilidade para a família, mas que a dor pela morte da mãe jamais será aliviada.
“Aliviar nunca vai aliviar porque ele vai estar dentro de uma cadeia e minha mãe está dentro de um caixão. Então, não vai aliviar, a gente vai se tranquilizar, mas aliviar nunca”.
E continou: “Eu posso estar velha como for, nunca vai aliviar essa dor e a ausência que eu sinto dela todos os dias”.
Ela também relembrou a forma bárbara como a mãe foi morta, tendo o corpo sido jogado no Rio Tejipió após o crime. “Eu sinto muita angústia, muito ódio dele, porque nenhuma mulher tinha que passar por aquilo que ele fez. Ela não era um lixo para ser jogada no rio. Ele não tinha o direito de fazer o que ele fez com a minha mãe. Não tinha.”
Dayana Nascimento, filha de Dione Gomes – Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco
Bastante emocianada, Dayana reforçou o pedido por justiça. “O que a gente mais espera é que a justiça seja feita, que ele possa pagar por tudo que ele fez. [Está] muito difícil, a gente está sentindo muita falta dela. É muito ruim não ter uma mãe para conversar, uma mãe para dar todo aquele apoio. É horrível”, contou.
A família acompanha o julgamento vestindo uma camisa com a foto de Dione e nome dela escrito, além de dizeres pedindo por justiça e por um basta ao feminicídio.
“Eu não sei o que está acontecendo, minha gente, a cada dia está piorando. Eu não sei o que está acontecendo com esses homens porque eu estou achando que eles se acham prioridade dessas mulheres e eu não entendo o pensamento deles, de que a mulher tem que só ser dele e pronto”, disse.
A jovem contou que a mãe não chegou a relatar ameaças, porém que Maurício começou a se mostrar possessivo. “Ele foi mudando. Ele estava ficando muito obsessivo em relação a ela, a querer prender, a querer evitar de ela ir para alguns cantos”, lembrou.
Relembre o caso
No dia 3 de janeiro de 2021, Dione Gomes havia saído de casa, em Camaragibe, na Região Metropolirana do Recife, para se encontrar com o namorado, no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul da cidade.
A filha de Dione, Dayana Nascimento, contou, na época, que tentou falar com a mãe pelo celular um dia depois de ela ter ido para a casa do namorado, mas não conseguiu contato porque o telefone estava fora de área.
No dia 4 de janeiro, Dayana foi, então, à casa do companheiro da mãe e, ao chegar ao local, recebeu de parentes de Maurício a informação de que o homem teria jogado o corpo de Dione no rio Tejipió, pela ponte Motocolombó.
Os familiares de Dione acionaram o Corpo de Bombeiros, e as equipes encontraram o corpo da vítima no dia 5 de janeiro, distante cinco quilômetros de onde ela teria sido jogada pelo seu companheiro após ser vítima de feminicídio.
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