As ruas, esquinas e noites do Recife perdem um bocado de poesia e sentido neste domingo. A Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife lamentam a morte do poeta Miró da Muribeca e o silêncio pesaroso de tudo que ele ainda havia de dizer.
Poeta contundente, de obra pavimentada no cotidiano urbano, Miró nasceu João Flávio Cordeiro da Silva, em agosto de 1960, mas ganhou a Muribeca como alcunha nos campos de futebol da infância, numa alusão ao então craque Mirobaldo, do Santa Cruz.
Ainda mais hábil com as palavras que com a bola, virou poeta. Entre o lirismo e a periferia, escolheu os dois. Subverteu a rima e cunhou uma estética poética popular, urbana, periférica, negra e social, que levou Miró até para fora do Brasil.
Homenageado pela Prefeitura do Recife na 16ª edição do Festival A Letra e a Voz, em 2018, Miró agora se encanta em verso e prosa, deixando muda a cidade, toda esquina e toda ponte, ainda atravessadas pela poesia que ele inscreveu para sempre na geografia que cada um carrega no peito.
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