Um brasileiro que drogou dois homens para praticar atos sexuais foi condenado a 22 anos de prisão no Reino Unido.
Luiz da Silva Neto, de 36 anos, cometeu o primeiro crime em novembro de 2021 e o segundo no mês seguinte em uma casa em Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra.
Ambas as vítimas acordaram nuas no local e sem saber o que havia acontecido, segundo a Justiça inglesa.
Uma delas declarou que, apesar de traumatizada, estava feliz em ajudar a “proteger outras pessoas desse monstro”.
A políciou informou considerar a hipótese de que Silva Neto possa ter cometido mais crimes e fez um apelo para que possíveis vítimas procurem as autoridades.
A nacionalidade de Silva Neto foi confirmada polícia de Thames Valley, que investiga o caso, à BBC News Brasil.
“Estamos mantendo a mente aberta quanto à possibilidade de Silva Neto ter cometido outros crimes”, informou a polícia em e-mail à BBC News Brasil.
“Por causa das investigações, não podemos, neste momento, confirmar se outras vítimas se apresentaram.”
Durante o julgamento, a promotoria disse que Silva Neto misturou as bebidas de suas vítimas com drogas como GHB (também chamado de ectasy líquido), GHL ou outra substância similar.
O promotor Matthew Walsh as descreveu como um “afrodisíaco”, que pode ter “efeitos eufóricos e alucinógenos”.
Ambos são incolores, inodoros e se dissolvem em líquidos. Difíceis de detectar, as drogas são absorvidas pelo organismo de forma rápida.
À polícia, Silva Neto disse que todo contato sexual que teve com os dois homens foi consensual, tese rebatida pela promotoria.
“Silva Neto atacou deliberadamente homens heterossexuais pois ele acreditava ser menos provável que eles denunciariam os crimes à polícia, mas ele estava errado”, disse Holden-White.
“As duas vítimas demonstraram imensa coragem e é por causa delas que Silva Neto foi condenado e preso.”
O que aconteceu?
A primeira vítima alega que bebeu álcool oferecido por Silva Neto quando foi fazer um serviço na casa dele, mas “começou a se sentir repentinamente cansado”, segundo o tribunal.
Ele adormeceu completamente vestido, mas acordou e descobriu que estava nu e seu corpo “não funcionava… como se estivesse paralisado”, depois de ser agredido sexualmente.
Na manhã seguinte, sentiu-se como se estivesse “quebrado em duas partes”, mas, na hora que ia embora, viu uma seringa vazia e estava “convencido de que tinha sido drogado”.
Silva Neto foi considerado culpado por um júri por administrar uma substância para entorpecer o homem com objetivo de ter relações sexuais com ele e por tê-lo feito se envolver em atividade sexual sem seu consentimento.
‘Aflito e triste’
A segunda vítima estava em uma famosa boate em um bairro nobre de Londres com amigos e havia casado havia poucas semanas quando Silva Neto o levou para Oxfordshire em um carro alugado. O homem disse que estava bêbado, tentando voltar para casa, quando o brasileiro ofecereu ajuda.
Após ser drogado, o homem foi estuprado pelo brasileiro.
Ele acordou nu “em uma casa estranha” no dia seguinte “sem ideia do que havia acontecido”, antes de voltar para casa em Londres “confuso, angustiado e triste”.
O jovem havia sido dado como desaparecido e “não conseguia explicar as horas entre sair do bar e acordar na cama”.
À Justiça, a vítima disse que estava feliz por ter ajudado a “quebrar a corrente e proteger os outros desse monstro”.
O juiz Michael Gledhill descreveu Silva Neto como um “predador sexual” e disse que o homem ficou “completamente traumatizado”.
Por esse crime, Silva Neto foi considerado culpado por estupro, administrar uma substância para entorpecer o homem com objetivo de ter relações sexuais com ele e por tê-lo feito se envolver em atividade sexual sem seu consentimento.
Na Inglaterra e no País de Gales, a definição legal de estupro é quando “alguém penetra intencionalmente vagina, ânus ou boca de outra pessoa com seu pênis, sem o consentimento da outra pessoa”.
‘Homem muito perigoso’
À Justiça, a primeira vítima disse: “Minha vida mudou para sempre, para nunca mais ser a mesma”. Ele acrescentou: “Eu vivo com isso sozinho todos os dias”.
O segundo disse que sofria de “ansiedade grave”. Ele afirmou ser muito difícil “lembrar as coisas horríveis que esse homem fez comigo”.
O juiz determinou que Silva Neto cumpra pelo menos dois terços de sua pena.
O inspetor James Holden-White, da Polícia de Thames Valley, responsável pelo caso, descreveu o brasileiro como um “homem muito perigoso, que usou um “modus operandi muito hábil e as ruas agora são um lugar muito mais seguro com ele atrás das grades”.
Com reportagem de Luis Barrucho, da BBC News Brasil em Londres
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