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Surto de varíola dos macacos preocupa, mas está longe de virar pandemia; saiba mais sobre a doença

Como se fosse pouco, depois de dois anos de uma pandemia trágica que resiste a se encerrar, o mundo se vê diante de uma nova ameaça à saúde pública. Infecção viral conhecida há mais de 60 anos pela ciência que, em geral, afeta outros animais – não só os primatas mas, sobretudo, algumas espécies de roedores -, a varíola dos macacos vem provocando um surto que se espalha rapidamente entre os humanos.

Começou em maio na Europa, a partir do primeiro caso registrado fora da África, e, desde então, já atingiu mais de 3.400 pessoas de 50 países, gerando uma morte. Porém, pelo menos por ora, o cenário não configura uma emergência global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e está longe de produzir uma crise sanitária do porte da que surgiu na China em novembro de 2019.

No Brasil, foram confirmados, até o momento, 37 diagnósticos. Nenhum deles foi notificado em Pernambuco, mas já há um no Nordeste, no Ceará. Assim, diante da possibilidade crescente de a doença chegar por aqui, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) publicou, em 21 de junho, uma nota técnica com orientações sobre o que deve ser feito caso alguém com suspeita da doença busque atendimento.

Segundo o documento, o paciente deve ser isolado e todos os casos devem ser notificados e reportados ao órgão em até 24 horas. O monitoramento de quem teve contato com o possível infectado deve durar, no mínimo, 21 dias.

Partículas do vírus da varíola dos macacos (Foto: NIAID)

Evolução das epidemias


A recente alta na proliferação da varíola dos macacos chama atenção para a dinâmica dos surtos e epidemias virais. Menos letal e transmissível do que o novo coronavírus, o Sars-Cov-2, o Monkeypox virus guarda similaridades e (muitas) diferenças em relação a outros patógenos, como o do ebola, muito mais agressivo e mortal, porém com uma transmissibilidade mais baixa.

“O coronavírus que causa a Covid é transmitido por gotículas mais finas e, até mesmo, por aerosol. Então, o alcance é muito maior. No caso do Monkeypox, quando há transmissão respiratória, o contato é face a face com gotículas de secreção pesadas. Tem que estar muito perto, ou pelo beijo ou se a pessoa tossir no seu rosto”, explica a professora Clarissa Damaso, virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assessora do comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS) para pesquisas com o vírus da varíola dos macacos.

Animais e sem vacina


Identificada pela primeira vez em 1958 em um primata (por isso, o nome), a doença é mais predominante entre os mamíferos roedores.

“Em 2003, apareceu o SARS-Cov-1, que veio de um morcego. Depois disso, em 2009, a gente teve a gripe suína, causada pela mistura de vírus Influenza de porco, de ave e de homem. Agora, a Covid-19, que veio de um morcego também. Isso mostra que a gente está tendo um aglomerado muito grande de animais domesticados e, pior, um em contato com o outro”, afirma o infectologista Stefan Cunha Ujvari, médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, e autor do livro “História das Epidemias” (leia entrevista).

Além da relação pouco saudável com a natureza e os outros animais, o médico pondera que há uma outra hipótese para o aparecimento do atual surto.

“O vírus da varíola é semelhante geneticamente ao Monkeypox e, até os anos 70, a gente vacinava as pessoas contra a varíola. Mas, quando a gente parou de vacinar para a varíola, começou a crescer uma população de crianças que também não tem a proteção para o vírus da varíola dos macacos”, diz Ujvari.

Sintomas por etapas


Com sintomas semelhantes aos da varíola, a zoonose – termo usado para se referir a infecções transmitida entre os humanos e os outros animais – tem uma gravidade menor do que a da virose erradicada pela vacinação na década de 1980, sendo, portanto, menos fatal. No entanto, ela também pode gerar um quadro clínico capaz de “evoluir” para o óbito e costuma provocar transtornos sérios (veja no infográfico). 

A sintomatologia se intensifica de maneira gradativa. Primeiro, na fase em que o vírus está se “instalando” no organismo, a pessoa se sente como se tivesse contraído uma gripe, tendo febre, fadiga e dor no corpo. Só depois de alguns dias é que começam a aparecer as pequenas lesões na pele, que também vão crescendo aos poucos até formarem bolhas e, então, cascas de feridas.

“No quadro clássico, as pústulas começam no rosto, nas mãos e nas pernas após um período de febre e gânglios mais pronunciados. Mas agora, no surto que está ocorrendo, o número de pústulas está bem menor e concentrado na região da genital. Então, o quadro tem sido bem mais brando do que o do monkeypox clássico”, explica a virologista Clarissa Damaso.

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