Confusão e incerteza. Com essas duas palavras, podem-se resumir os relatos feitos pelos moradores da Moenda, comunidade localizada às margens do rio Jaboatão, no bairro de Vila Rica, Jaboatão dos Guararapes, que, desde o último sábado (28), por causa das fortes chuvas, estão no abrigo temporário montado pela prefeitura na Escola Municipal Poeta Vinícius de Moraes.
Diante do risco de novas chuvas inundarem, mais uma vez, o lugar onde moravam, os desabrigados se mantêm com a ajuda das doações, sem qualquer previsão de retorno. “Queria muito voltar para casa, mas tem muito escorpião lá, muito rato, muita cobra”, diz Poliane Michele do Nascimento, 31, que perdeu tudo o que tinha na cheia.
Desempregada, mãe de quatro filhos, ela passa o dia inteiro na escola e conta que, embora cheguem os donativos, há muita confusão entre os desabrigados. “Muita briga, é um horror. É por conta de comida, de roupa. Às vezes, roubam quando a gente pega”, afirma.
Também dona de casa, Roberta Cristina da Conceição, 33, veio para o abrigo com o marido e os seis filhos. “A água subiu muito rápido, foi uma agonia para sair”, recorda.
Ela aguarda uma posição sobre quando poderá retornar para casa e reconstruir a vida. “Veio gente para fazer cadastro aqui, mas o homem disse que é só para fazer um levantamento de quantas famílias estão aqui. Também não garantiu nada, e a gente não sabe quando pode descer, como vai ficar”, comenta.
Em nota, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania do Jaboatão dos Guararapes informou que acolhe 961 desabrigados nos 17 abrigos montados desde o último sábado, fornecendo as três refeições, além de entregar colchões, produtos de higiene pessoal e de limpeza.
Ainda de acordo com a pasta, todos os desabrigados foram cadastrados e o tempo de permanência depende das condições das moradias. Quatro abrigos já foram desativados depois que cerca de 300 pessoas retornaram às suas casas.
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