A Amazon vai reembolsar funcionários nos Estados Unidos que precisarem viajar para realizar uma ampla variedade de tratamentos médicos, incluindo funcionárias que pretendam fazer abortos.
A empresa enviou uma mensagem para sua equipe afirmando que pagará até US$ 4.000 por ano (cerca de R$ 20,3 mil) em despesas de viagem para tratamentos médicos não disponíveis nas proximidades do local de trabalho.
Ela não foi a primeira empresa a fazer isso. Recentemente, várias outras companhias americanas anunciaram planos que garantem acesso ao aborto para suas funcionárias.
O movimento ocorre em meio a crescentes restrições para o procedimento em todo o país.
Os novos benefícios da Amazon entram em vigor retroativamente a partir de 1º de janeiro deste ano.
De acordo com o anúncio, divulgado pela agência de notícias Reuters, os novos benefícios serão aplicados a tratamentos que não estão disponíveis dentro de um raio de 161 km da casa de um funcionário e para os quais as opções de atendimento online também não estão acessíveis.
Um porta-voz da Amazon confirmou à reportagem da BBC News a expansão do benefício e disse que ele também inclui cuidados bariátricos, oncologia, anomalias congênitas até 24 meses após o nascimento do bebê, tratamentos de saúde mental e serviços de pacientes internados por uso problemático de drogas.
A Amazon é um dos maiores empregadores privados nos Estados Unidos, com 1,1 milhão de funcionários em período integral ou parcial. Ela emprega pessoas em todo o país — a maioria na Califórnia, no Texas e no Estado de Washington, sede global da empresa.
Os benefícios estarão disponíveis para todos os empregados inscritos em dois planos de saúde diferentes oferecidos pela empresa, incluindo aqueles que trabalham em escritórios ou nos depósitos.
A empresa também oferece até US$ 10 mil (cerca de R$ 50,8 mil) para tratamentos médicos urgentes e com risco de vida.
Batalhas jurídicas
Embora a expansão dos benefícios da Amazon não tenha como objetivo específico permitir o acesso ao aborto, ela ocorre em um momento em que vários governos estaduais comandados pelo Partido Republicano aprovaram leis que restringem o acesso ao aborto em suas jurisdições.
No próximo mês, a Suprema Corte americana, hoje com tendência conservadora, também decidirá sobre um caso que pode derrubar Roe x Wade, uma decisão judicial de 1973 que legalizou o aborto nos Estados Unidos.
Se a lei for revogada, cada Estado dos EUA pode ter permissão para determinar suas próprias regras sobre o aborto. Se isso acontecer, há uma previsão de que mais de 20 Estados limitem de alguma maneira o atendimento ao procedimento ou até mesmo venham a proibir o aborto na maioria dos casos.
No Texas — que tem uma das leis de aborto mais rígidas do país e proíbe o procedimento após seis semanas de gravidez — um estudo recente descobriu que cerca de 1.400 mulheres viajavam para fora do Estado para fazer abortos mensalmente.
Empresas como Yelp e Citigroup disseram recentemente que vão reembolsar as funcionárias que viajarem para contornar as restrições locais ao aborto.
O Citigroup disse que a política foi “em resposta a mudanças nas leis de saúde reprodutiva em certos Estados”.
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