Câncer de cólon e reto, colorretal ou somente câncer de intestino. A doença, que pode ser abordada das três formas, é a terceira mais prevalente entre homens e mulheres no Brasil e ocupa o terceiro lugar entre o tipo de câncer que mais mata no país, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A entidade estima, em seu último levantamento realizado em 2020, que 20.540 homens e 20.470 mulheres serão acometidos anualmente pela doença até o fim de 2022.
Os dados correspondem a um risco estimado de 19,64 novos casos a cada 100 mil homens e de 19,03 casos para cada 100 mil mulheres. O Atlas de Mortalidade por Câncer, que gera informações a partir de dados disponibilizados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, divulgou que, em 2019, 10.191 homens e 10.385 mulheres foram vítimas fatais do câncer colorretal.
A doença abrange tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon; no reto, parte final do intestino; e no ânus. A maioria dos tumores envolve uma série de alterações histológicas, morfológicas e genéticas, que se acumulam ao longo do tempo e que podem levar desde o bloqueio da passagem das fezes, a cólicas, dores ou sangramento.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, a médica cirurgiã oncológica do Hospital de Câncer de Pernambuco Márcia Lucena explicou que a formação do tumor é resultado, na maioria das vezes, dos hábitos de vida não saudáveis adotados pela população e da ingestão em excesso de alimentos nutricionalmente pobres, como enlatados, embutidos e processados.
“Geralmente, o câncer de intestino é causado por fatores adquiridos, ou seja, fatores do dia a dia da pessoa, que levam à mutação da célula, que causam a formação de tumores. Quanto mais a pessoa se alimenta de modo irregular, mais vai ter facilidade em desenvolver esse tipo de câncer. O tabagismo também está associado, assim como a falta de atividade física”, alertou Márcia Lucena.
A especialista destaca também que o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e de carne vermelha devem ser evitados no combate a esse tipo de câncer, e que vegetais e alimentos ricos em fibras são sempre bons aliados para o regular o funcionamento do trânsito intestinal.
De acordo com o Inca, pessoas com excesso de peso corporal e com idade a partir de 50 anos também possuem maior risco de desenvolver o câncer de intestino. Histórico familiar da doença em parentes de 1º grau também são fatores de risco.
Para identificar e tratar a doença com maior agilidade, é necessário estar atento aos sinais e sintomas.
“O câncer colorretal provoca uma alteração no hábito intestinal. Aquele paciente que tinha um hábito intestinal diário, passa a ter sangramento nas fezes, a ficar vários dias sem evacuar ou apresenta maior intensidade dessas evacuações. Ele começa a perder peso, às vezes pela diarréia persistente, tem dor abdominal, fraqueza e anemia”, explicou a médica Márcia Lucena.
O Inca alerta que alguns desses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminoses, úlceras gástricas e outras doenças, e que a investigação cautelosa deve ser realizada para o correto diagnóstico e tratamento específico.
Um dos exames primários a ser feito é o de sangue oculto nas fezes. A partir de alterações no resultado e da persistência dos sintomas, uma investigação mais detalhada por meio de exame de colonoscopia deverá ser solicitada pelo médico.
“A colonoscopia detecta a lesão e já faz a biópsia, e vai possibilitar um diagnóstico histológico também. A gente faz o estadiamento da doença, e o paciente vai ser investigado por exames de imagem e tomografia para poder identificar se existe ou não metástase”, informou Márcia Lucena.
Cirurgiã oncológica do Hospital de Câncer de Pernambuco, doutora Márcia Lucena. Foto: Cortesia
A médica explicou que só após a análise dos exame é que é possível indicar o melhor tipo de tratamento.
“Pode ser cirúrgico, que ocorre na maioria das vezes, ou pode ser inicialmente por quimioterapia. Quando o tumor é somente de cólon, o paciente pode precisar fazer quimioterapia após o procedimento cirúrgico. Já de reto, a gente opta por realizar a radioquimioterapia inicialmente e só depois a cirurgia”.
A profissional também alertou que, após o procedimento cirúrgico, é necessário e importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento.
“É um câncer que, se a pessoa estiver bem atenta a sua situação de saúde, ela vai identificar e ter um diagnóstico mais inicial. A cirurgia já resolve e tem uma grande chance de cura. Por isso, alertamos a população para ficar atenta a esses sinais e sintomas para que o diagnóstico seja feito o mais precoce possível e a chance de aumentar a sobrevida desse paciente seja cada vez maior.”
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