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Pesquisadores encontram primeira ossada de bebê no parque arqueológico do Pilar

A ossada foi encontrada esta semana e é o primeiro dos esqueletos humanos a ser achado dentro de um caixão. A descoberta trará novas informações sobre a formação do povo que viveu naquela área. Estudos foram encomendados pela Prefeitura do Recife, que constrói habitacionais no local (Foto: Divulgação)

Os estudos no parque arqueológico da comunidade do Pilar, no Bairro do Recife, continuam e, esta semana, as pesquisadoras da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) anunciaram mais uma descoberta intrigante. Está sendo realizada a escavação do primeiro esqueleto de um bebê encontrado na área.

A criança, que apresenta indícios de ter falecido entre os quatro e seis meses de vida, também traz outro diferencial: foi o único esqueleto encontrado em um caixão. Além de estar em bom estado de preservação, o achado inclui a estrutura de ferro que servia como base do caixão e cravos utilizados na sua confecção.

A atual área de estudo está sendo escavada desde o dia 10 de fevereiro e já resultou na descoberta de mais de dez esqueletos. “Aqui, provavelmente, seria um cemitério natural, onde membros da comunidade eram enterrados. O fato de termos esqueletos sobrepostos e com diferentes sexos e idades indica isso”, explica a bioarqueóloga da Universidade Federal do Piauí, Claudia Cunha.

Ela integra a equipe do Núcleo de Ensinos e Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que foi contratado pela Prefeitura do Recife para realizar as pesquisas no local. A professora destaca a importância dos achados. “Esse cemitério é uma biblioteca que começou com o início da cidade e onde as informações estão escritas nos ossos. Os esqueletos explicam como eram as pessoas: peso, doenças, alimentação, expectativa média de vida. Com a análise minuciosa de todos eles, podemos reconstruir a história de um povo”, explica.

Depois de limpos, os achados são enviados para o Núcleo de Ensinos e Pesquisas da UFRPE. Lá passam por uma série de estudos e começam a integrar uma biblioteca de informações sobre as pessoas que viveram no Recife. Além disso, pequenas amostras seguem para os Estados Unidos para testes de datação com carbono, por exemplo. Claudia Cunha lembra que as escavações ainda devem render muitas surpresas. “Nesse novo trecho, só chegamos aos 90 centímetros abaixo do nível do mar. Quanto mais nos aprofundarmos mais achados teremos”, comenta.

MAIS NOVIDADES – A equipe que realiza os estudos no Pilar também acaba de divulgar o resultado dos testes de datação das primeiras ossadas encontradas na comunidade. Estudos apontam que os mais de 120 indivíduos encontrados na quadra 55 faleceram entre o final do século XVI e início do XVII, período da ocupação holandesa. “A maioria era composta de homens com idades entre 17 e 30 anos. Alguns apresentavam indícios de violência, como tiro de mosquete. Essas evidências apontam para a ideia de que essa primeira área escavada possa ter sido um cemitério militar”, explicou Claudia Cunha.

PARQUE ARQUEOLÓGICO – Com o início das construções de um conjunto habitacional dedicado à moradia popular na comunidade do Pilar, passaram a ser descobertas verdadeiras relíquias que, após análises minuciosas da UFRPE, alçaram a descoberta ao posto de um dos maiores achados arqueológicos urbanos do país. Com a medida, a Prefeitura do Recife estuda transformar o local em um parque arqueológico, onde a população e turistas possam reconectar-se ao passado de olho no futuro da cidade.

Agora, a gestão municipal está formando um grupo de estudos que inclui o Instituto Pelópidas Silveira, a URB e a secretaria de Infraestrutura para definir quais serão os próximos passos. A ideia é preservar o material e a área e construir novas alternativas para a execução dos habitacionais planejados, conciliando a preservação do patrimônio e histórico com necessidade de criação de moradias.

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