Um levantamento da rede de laboratórios Dasa mostra que a sublinhagem BA.2 da variante Ômicron do coronavírus já é predominante no Rio e em São Paulo. De acordo com os mais recentes dados – obtidos por meio de sequenciamento genômico –, a nova linhagem já é responsável por 71% dos casos sequenciados no Rio e 69% dos casos positivos em São Paulo, conforme exames coletados entre os dias 3 e 9 de abril deste ano.
O avanço da variante corrobora as teorias de que ela é mais transmissível do que a mutação anterior, a BA.1 — a ômicron original. Com disseminação facilitada, a nova sublinhagem se sobrepôs à anterior. Para se ter uma ideia do caminho para a disseminação, segundo o mesmo levantamento da Dasa, entre 20 de março e 2 de abril, em São Paulo, a BA.2 era responsável por 41,7% dos casos. No Rio, já era a mais prevalente, mas com menor intensidade, com 55,2% dos registros.
A maior prevalência da BA.2 sem, contudo, causar um aumento vertiginoso de casos – como fez em países da Europa como a Alemanha e a Dinamarca — figura como boa notícia. Significa que há fatores externos barrando a escalada de novos diagnósticos positivos: a vacinação e o grande número de pessoas previamente infectadas com a ômicron, portanto, com alguma proteção herdada naturalmente.
— Tínhamos receios que quem pegou a BA.1 não ganhasse a imunidade natural pela BA.2. Isso porque as duas, embora sejam a mesma cepa ômicron, têm muitas diferenças entre si. Mas não é o que estamos vendo no Brasil, há a proteção — afirma José Eduardo Levi, virologista da Dasa.
Apesar da percepção de que a variante BA.2 não é capaz de endurecer mais uma vez a pandemia no Brasil, houve, sim, um pequeno aumento na positividade dos casos em São Paulo neste começo de abril. O cientista acredita, porém, que a movimentação esteja relacionada à suspensão total das máscaras faciais determinadas pelo governo paulista em 17 de março.
Em São Paulo, nesta segunda semana, por exemplo, as médias de testes positivos por dia, com algumas exceções, estão em torno de 8% a 10%. No final de março, essas médias estavam em torno de 5%.
— Esse gráfico (da disseminação) nos permite uma leitura antipânico. Há o receio de ser uma nova variante, uma nova ômicron, mas não é isso. Aqui vemos que há um pequeno rebote, mas que é derivado mesmo de tirar a máscara — explica Levi. O raciocínio otimista do especialista tem lastro no passado. Outras cepas, no mesmo período de tempo, já tinham causado uma explosão de casos e aumento de mortes.
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Fonte: Folha PE
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