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Prefeitura do Recife transforma 100 toneladas de resíduos em adubo orgânico e evita a emissão de gases de efeito estufa

Iniciativa da Secretaria Executiva de Agricultura Urbana conteve a emissão de 80 toneladas de dióxido de carbono, metano e outros gases para a atmosfera através de ações sustentáveis, beneficiando cerca de 70 unidades produtivas, como escolas (Foto: Helia Scheppa)


Esta quinta-feira (17) é o Dia Nacional da Agricultura, uma data que celebra uma das atividades mais antigas e essenciais da humanidade: o cultivo da terra. A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, está à frente de uma ação inovadora que alia sustentabilidade e inclusão social. Até setembro deste ano, o Sistema Agroflorestal Urbano e Compostagem (SAFUC), localizado no edifício-sede da Prefeitura, no bairro do Recife, converteu 100 toneladas de resíduos orgânicos secos e molhados em 58 toneladas de adubo orgânico. Esses resíduos, provenientes do edifício-sede e das feiras da Encruzilhada e do Cais de Santa Rita, tiveram seu destino final alterado, evitando o envio para aterros sanitários. A iniciativa também impediu a emissão de cerca de 80 toneladas de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e outros gases na cidade.

O adubo produzido é aplicado como fertilizante natural em cerca de 70 unidades produtivas atendidas pela SEAU, entre eles escolas e creches municipais, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e unidades de saúde, além de apoiar terreiros e outros projetos da sociedade civil. Resíduos de varrição, capinação, pó de café e sobras alimentares são processados no pátio de compostagem, reforçando a agricultura urbana e promovendo o desenvolvimento agroecológico do Recife. 

Além da coleta de resíduos na sede da Prefeitura, está em andamento um projeto piloto para o reaproveitamento e destinação consciente de resíduos orgânicos dos mercados e feiras públicas da cidade, em parceria com as autarquias Conviva Mercados e Feiras, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), e as Secretarias de Saúde, Saneamento e de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas (SDSDHJPD).

“Iniciamos no Mercado da Encruzilhada, escolhido por gerar uma pequena quantidade de resíduos, o que permitiu avaliar o processo. Em seguida, o projeto, ainda em fase experimental, foi ampliado para a feira do Cais de Santa Rita, onde observamos um volume de resíduos cerca de três vezes maior. Nossa meta é expandir essa iniciativa para outros mercados e feiras”, afirma Adriana Figueira, secretária executiva de Agricultura Urbana do Recife.

Desde dezembro de 2023, já foram recolhidas 15,7 toneladas de resíduos orgânicos dos mercados e feiras, que, somadas às 56,5 toneladas de resíduos secos e molhados coletados na sede da Prefeitura desde o início deste ano, resultaram na produção de 40 toneladas de adubo orgânicos no SAFUC. O sistema de compostagem conta com uma equipe formada por uma engenheira agrônoma e sete reeducandos, que participam ativamente na produção de adubo orgânico, mudas e plantio, adquirindo conhecimentos sobre o cuidado com o solo, os benefícios das plantas e o cultivo de alimentos. 

Diego Felipe, reeducando há três anos no projeto, relata sua experiência. “Cheguei aqui sem saber nada e tenho aprendido muito. Achei o projeto muito interessante porque transforma sobras de alimentos em adubo e o ambiente também é muito bom por causa do contato com a natureza e das amizades. De vez em quando, fazemos almoços coletivos com o que cultivamos, usando macaxeira, mamão, tomate e pepino”, conta.

Interessados em visitar o projeto ou buscar apoio para implantar hortas, roçados ou pomares urbanos voltados à produção agroecológica comunitária podem solicitar assistência técnica, mudas, insumos, treinamentos e outros recursos, tanto para terrenos públicos quanto privados, pelo Conecta Recife ou pelo e-mail agriculturaurbana@recife.pe.gov.br.

SISTEMA AGROFLORESTAL – O sistema agroflorestal mantido pelo projeto integra mais de 70 espécies, combinando árvores com plantas de interesse agrícola, como frutíferas, leguminosas, hortaliças, plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e medicinais. A engenheira agrônoma Carla Méllo destaca a importância dessas espécies no combate à fome. “As PANCs, apesar de pouco conhecidas, são extremamente nutritivas. A ora-pro-nóbis tem 25% de proteínas e 38% de fibras, e a moringa, conhecida como ‘árvore da vida’, é uma das mais nutritivas do mundo, utilizada na África para enfrentar a insegurança alimentar”, explica.

VISITAÇÃO – O espaço recebe visitas de alunos e servidores públicos. Mais de 300 pessoas, entre adultos, jovens e crianças, já visitaram o espaço este ano, participando de vivências e oficinas voltadas para a conscientização ambiental. Além disso, aproximadamente 400 mudas de diversas espécies e cerca de 51 toneladas de composto foram distribuídas, incentivando a agricultura urbana na cidade. A Secretaria Executiva de Agricultura Urbana (Seau) acompanha de perto as unidades produtivas vinculadas ao projeto, tendo realizado cerca de 840 visitas técnicas até o momento, oferecendo assistência e suporte para otimizar os processos de produção e garantir a sustentabilidade das ações.

AGRICULTURA URBANA – A Secretaria Executiva de Agricultura Urbana (SEAU) tem como objetivo fomentar as práticas sustentáveis de agricultura no território do município, intensificando a produção agroecológica de alimentos e ervas medicinais, a partir de hortas e pomares em áreas públicas e privadas com potencial agricultável na cidade, contribuindo para a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental, o fortalecimento das relações sociais e a economia solidária.

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