O Google começou a disponibilizar ao público seu chatbot de inteligência artificial (IA), o Bard.
O objetivo do projeto do Google é concorrer com o ChatGPT, programa lançado pelo laboratório de pesquisas OpenAI em novembro do ano passado e apoiado pela Microsoft. O ChatGPT atingiu um milhão de usuários em menos de um mês.
As duas gigantes de tecnologia estão competindo para dominar o mercado de inteligência artificial.
A Microsoft investiu bilhões de dólares no ChatGPT e acrescentou o produto ao seu mecanismo de busca Bing no mês passado.
A Microsoft também pretende usar uma versão da tecnologia em seus aplicativos corporativos, como Word, Excel e Powerpoint.
O Google tem sido mais lento na corrida de inteligência artificial generativa com o seu Bard, que está sendo lançado inicialmente nos EUA e no Reino Unido.
Os chatbots de inteligência artificial são programados para responder a perguntas usando linguagem normal, semelhante à que humanos usam no dia-a-dia.
Os robôs são capazes de escrever qualquer tipo de texto — como discursos, textos publicitários, códigos de computador e redações de alunos.
Aqui estão as 4 principais diferenças entre o ChatGPT e o Bard:
1. Dados atualizados
Ao contrário de seu concorrente ChatGPT, o Bard pode acessar informações atualizadas da internet e possui um botão “Google it” que dá acesso direto ao mecanismo de busca.
O banco de dados de conhecimento do ChatGPT vai apenas até o ano de 2021. Por exemplo, ele não tem capacidade para responder a perguntas sobre o recente terremoto na Turquia e na Síria.
Mas o Bard consegue acessar informações atuais.
Ele foi capaz de responder sobre a proibição do TikTok nos telefones do governo do Reino Unido postada no site da BBC há alguns dias.
Esta é uma diferença fundamental entre os dois serviços — e onde os especialistas acreditam que o Bard pode superar o ChatGPT.
Mas o Google alertou que o Bard tem suas próprias limitações, como compartilhar informações erradas ou mostrar parcialidade em determinados temas.
Isso ocorre porque ele “aprende” com as informações do mundo real, onde existem muitos vieses diferentes, o que significa que estereótipos e informações falsas podem aparecer em suas respostas.
O Bard é programado para não responder a perguntas ofensivas e possui filtros para tentar impedir o compartilhamento de informações prejudiciais, ilegais, sexualmente explícitas ou de identificação pessoal.
Mas “como qualquer método, essas medidas de segurança às vezes falham”, disse Zoubin Ghahramani, vice-presidente de pesquisa do Google.
2. Fontes de dados
O Bard é oriundo de um modelo de linguagem anterior do Google chamado Lamda, que nunca foi totalmente aberto ao público.
Esse modelo atraiu muita atenção depois que um dos engenheiros afirmou que suas respostas eram tão convincentes que ele acreditava que o programa era inteligente e possuía consciência própria.
O Google negou as afirmações e demitiu o engenheiro.
O Bard permite que se verifique as fontes usadas na pesquisa de dados, como a WikiPedia.
3. Idiomas
O ChatGPT funciona em vários idiomas, incluindo português, espanhol, francês, árabe, mandarim, italiano, japonês e coreano. A qualidade da resposta varia de acordo com o idioma. Seu idioma principal seja o inglês.
Já o Bard está disponível apenas em inglês.
O diretor de produto do Google, Jack Krawczyk, disse à BBC que o Bard é “um experimento” e espera que as pessoas o usem como um ponto de partida para a criatividade.
O gerente deu o exemplo de como Bard o ajudou a planejar a festa de aniversário de seu filho.
Ela disse ao chatbot que seu filho adorava coelhinhos e acrobacias, e o Bard encontrou o endereço de um lugar com jogos e comida dentro desses temas.
“A imprensa trata a inteligência artificial como se fosse uma espécie de super-herói”, disse Krawczyk.
“Acredito que o ser humano é o herói e os grandes modelos de linguagem estão aqui para ajudar a liberar a criatividade.”
4. Para maiores de 18 anos
Se você pretende fazer trabalhos escolares com o Bard, mas é menor de idade, é bom já saber que você terá acesso restrito ao serviço. O Bard só permite o acesso a maiores de 18 anos.
Os professores vêm alertando seus alunos para não usarem chatbots nos temas de casa, embora outros educadores vejam valor nessas ferramentas.
O Google diz que monitorará de perto o Bard para garantir que ele siga seus próprios “princípios de IA” que incluem o reforço de preconceitos ou desestímulo à criatividade.
Não é possível usar a tecnologia para expressar opiniões ou adotar uma personalidade. Mas, no caso do ChatGPT, é possível imitar os estilos de escrita dos outros.
O Google usou o Bard para ajudar a escrever a própria propaganda do aplicativo, disseram Sissie Hsiao e Eli Collins, coautores do post de lançamento do serviço no blog do Google.
“Ele nem sempre acertava. Mas, mesmo assim, ele nos fazia rir”, disseram.
Os desafios
O que ficou claro no lançamento do Bard é que o Google está extremamente cauteloso com a nova tecnologia. E a empresa tem bons motivos para isso.
Apesar de todo o frisson em torno desse tipo de tecnologia, há algumas histórias circulando sobre o ChatGPT que levantam preocupações sérias sobre como a inteligência artificial pode ser usada para fins nocivos.
Existe também — e isso é particularmente relevante para o Google — a teoria de que os chatbots poderiam um dia substituir completamente o lucrativo negócio de buscas na internet, que é justamente um dos pilares dos negócios da empresa.
Por que navegar pelas páginas de links de resultados de pesquisa quando você pode obter uma resposta mais bem escrita?
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