Imagens: Reprodução/Redes Sociais
A violência política tem acontecido pelo mundo em frequência indesejável e aterrorizante como se a sociedade estivesse mentalmente enferma. No Japão, onde a média de homicídio é insignificante para os nossos dias (em 2021 houve apenas um assassinato), foi morto a tiros no início desta semana, o ex-Primeiro Ministro, Shinzo Abe, quando discursava em favor do seu partido, que obteve na eleição do dia seguinte maioria de parlamentares nunca vista antes naquele país. O homicida confessou que matara a vítima porque a odiava.
Há dois anos o capitólio foi invadido por multidão insuflada pelo Ex-Presidente Trump, inconformada com a derrota eleitoral para Joe Biden. Morreram cinco pessoas nesse levante. No Brasil, Bolsonaro iniciou seu governo atacando a justiça eleitoral, duvidando de sua idoneidade, taxando de fraudulento o resultado das urnas em que se elegera. Manteve uma tropa imensa de apoiadores que atacam ministros do STF e demais membros do poder judiciário (como ao jogar excrementos de animais e pedras no veículo do juiz que decretou a prisão do ex-ministro da Educação e dos ministros religiosos que o ajudavam, sem ocupar cargos públicos, negociando a liberação de verbas federais com prefeitos municipais).
“A violência política tem acontecido pelo mundo em frequência indesejável e aterrorizante como se a sociedade estivesse mentalmente enferma”
O Deputado Federal bolsonarista, Daniel Silveira, foi condenado criminalmente por ofensas ao STF, promessas de cortar a cabeça do Ministro Alexandre Moraes e jogar no lixo. Bolsonaro concedeu perdão ao aliado, livrando-o da pena privativa de liberdade e da cassação dos direitos políticos. Para esses apoiadores, o Presidente não tem adversários políticos, mas sim inimigos que precisam ser combatidos a qualquer custo. E se ele perder a eleição qual será o destino das urnas eletrônicas e da justiça eleitoral? A estrada já está sendo pavimentada para o conflito pós eleitoral.
Sábado último, em Foz do Iguaçu, o Guarda Municipal Marcelo Aloizio de Arruda, foi morto a tiros, pelo Agente Penal Jorge Guaranho, seguidor fanático de Bolsonaro, quando comemorava seu aniversário com a família e amigos ao tempo em que se manifestava esperançoso de que Lula voltaria a ser Presidente. Pagou com a vida o preço da liberdade. Um dia depois desse episódio lamentável que consternou a sociedade brasileira, o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, comemorou seu aniversário com um bolo confeitado com arma e munições, na presença de sua filha, criança de tenra idade, em flagrante incitação à violência.
José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal
da FOCCA
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12/07/2022 às 12:03