Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Cientistas dizem que nenhum fator ligando todos os casos foi identificado até agora

O atual surto de varíola dos macacos está afetando principalmente homens mais jovens em Londres, dizem autoridades de saúde. Mas cientistas ainda tentam entender por quê.

Embora qualquer pessoa possa contrair o vírus, 111 dos 183 casos na Inglaterra são em homens gays, bissexuais ou que fazem sexo com homens (HSH).

A infecção não é transmitida sexualmente, mas através de contato próximo, segundo as autoridades.

Grupos e eventos LGBT estão sendo instados a ajudar a compartilhar mensagens de saúde pública.

Recomenda-se às pessoas que procurem novas manchas, úlceras ou bolhas em qualquer parte do corpo, principalmente se tiverem tido um novo parceiro sexual recentemente.

Os sintomas geralmente são leves e desaparecem por conta própria dentro de três semanas.

Desde o início de maio, 183 casos de varíola dos macacos foram confirmados na Inglaterra, quatro na Escócia, dois na Irlanda do Norte e um no País de Gales — 190 no total.

Pela primeira vez, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) divulgou mais informações sobre as pessoas afetadas no atual surto.

O surto é incomum porque nem todos os casos estão relacionados a viagens com países onde a varíola dos macacos está sempre presente, como a África Ocidental e Central. Em vez disso, o vírus está sendo transmitido de pessoa para pessoa no Reino Unido.

Na Inglaterra, 86% dos infectados vivem em Londres e apenas dois são mulheres. A maioria tem entre 20 e 49 anos.

A UKHSA disse que 18% dos casos confirmados na Inglaterra viajaram recentemente para vários países diferentes da Europa, até três semanas antes de desenvolverem sintomas.

As autoridades de saúde estão entrando em contato com pessoas que podem ser contatos de alto risco desses pacientes e aconselhando algumas a se isolarem em casa por até 21 dias.

Uma vacina contra a varíola dos macacos, chamada Imvanex, também está sendo oferecida a alguns contatos próximos, como profissionais de saúde, para reduzir o risco de desenvolver a infecção ou adoecer.

Os cientistas não ainda não sabem o que está por trás do recente surto de casos de varíola, mas há indicações de que o vírus está se espalhando de pessoa para pessoa há algum tempo sem ser detectado.

A UKHSA disse que alguns dos infectados relataram ter frequentado bares e saunas gays, além de usar aplicativos de namoro.

A agência acrescentou estar atuando em conjunto com a Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV (BASHH) e a Associação Britânica de HIV, o Terrence Higgins Trust, Stonewall e o aplicativo de namoro Grindr, para informar serviços de saúde sexual e gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens.

‘Risco de estigma’

“A varíola dos macacos pode afetar qualquer pessoa, mas sabemos que muitos dos diagnósticos mais recentes são em gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, muitos dos quais vivem ou têm ligações para Londres”, disse o professor Kevin Fenton, diretor-regional de saúde pública de Londres.

“Estamos lembrando a todos os sintomas da varíola dos macacos, e especialmente os homens gays e bissexuais em particular, que estejam especialmente atentos e procurem aconselhamento médico imediatamente se tiverem preocupações”.

Ele acrescentou: “Como em qualquer novo surto de doença, o risco de estigma e incerteza é grande”.

“É por isso que estamos trabalhando lado a lado com o NHS, saúde sexual, organizações voluntárias e do setor comunitário em Londres para compartilhar informações precisas sobre a varíola dos macacos — especialmente para pessoas e grupos em maior risco — por meio de vozes representativas”.

A microbiologista Meera Chand, da UKHSA, disse estar “grata a todos que se apresentaram para fazer os testes”.

Mais de 30 países em todo o mundo fora da África também foram afetados por surtos semelhantes, e mais de 550 casos confirmados da infecção viral foram notificados à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, alertou que as mudanças climáticas estão afetando o comportamento animal e humano, incluindo a busca por alimentos.

Como resultado, disse ele, as doenças que normalmente circulam em animais (zoonoses) estão cada vez mais infectando humanos.

“Infelizmente, essa capacidade de amplificar a doença e movê-la em nossas comunidades está aumentando — então tanto o surgimento da doença quanto os fatores de amplificação da doença aumentaram”, concluiu Ryan.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!