Para homenagear os 30 anos do Manguebeat e o seu maior ícone, Chico Science, o túnel que leva o nome do artista no bairro da Ilha do Retiro, na Zona Oeste do Recife, ganha um painel artístico de 1.200 m².
Nesta quinta-feira (8), o público poderá acompanhar in loco o trabalho dos artistas, que se inspiraram nas músicas “A Cidade” e “Risoflora” para compor o visual do painel. O artista recifense Max Motta, junto com os três artistas convidados Rodolfo Tavares, Luan Nascimento e Raoni Assis, farão a pintura ao vivo em uma das laterais do túnel.
A ação de live painting desta quinta-feira é uma iniciativa da Secretaria Executiva de Inovação Urbana do Recife e acontecerá no período das 10h até às 17h, com acesso gratuito e aberto ao público que for conferir a produção no Túnel Chico Science.
“Queremos convidar o público para ver a arte que homenageia Chico Science ganhando vida. Será uma oportunidade imperdível”, explica o secretário executivo de Inovação Urbana, Marcos Toscano, que ressaltou os 18 painéis realizados na cidade desde abril deste ano, além das oficinas de grafitti para a população.
A intervenção integra o programa Colorindo o Recife e conta com o apoio cultural das Tintas Iquine.
Pintura do painel em homenagem a Chico Science ao Manguebeat (Foto: Uenni/PCR)
Grapich novel
O recifense Max Motta explica que o processo criativo usou as músicas “Risoflora” e “A Cidade”, que fazem parte do álbum “Da Lama ao Caos”, da banda Chico Science e Nação Zumbi, lançado em 1994, como inspiração.
O artista utiliza uma técnica em que as ilustrações são feitas na forma de graphic novel, onde a narrativa romântica e os personagens são retratados em quadrinhos.
“Os painéis são uma adaptação de um quadrinho que fiz para a página O Mangue Ilustrado, em 2012. Na época foi desenhado em formato 2D, mas hoje fiz com uma visão menos literal e um traço mais realista”, conta o artista.
O trecho de “Risoflora” usado para a produção do painel foi o seguinte:
“Eu sou um caranguejo e estou de andada. Só por sua causa, só por você, só por você. E quando estou contigo eu quero gostar. E quando estou um pouco mais junto eu quero te amar. E ai de deitar de lado como a flor que eu tinha na mão. E aí, te esqueci na calçada só por esquecer. Apenas porque você não sabe voltar pra mim. Oh Risoflora!”
No sentido Abdias de Carvalho em direção ao Derby, está a história de Risoflora, presente no imaginário popular dos recifenses. O artista utiliza tons mais quentes que representam a luminosidade do dia.
Já no sentido inverso, quem passar pelo túnel irá se deparar com A Cidade, onde Max lança um olhar sobre a capital pernambucana com “elementos conhecidos de quem é íntimo do Recife”, acrescenta o artista.
Com tons mais amenos e românticos, o trecho para inspiração foi:
“O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas que cresceram com a força de pedreiros suicidas. Cavaleiros circulam vigiando as pessoas, não importa se são ruins, nem importa se são boas. E a cidade se apresenta centro das ambições para mendigos ou ricos e outras armações. Coletivos, automóveis, motos e metrôs. Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs”
Manguebeat
Movimento de contracultura que fez a cena artística do Recife colocar os pés na lama no início dos anos 1990, o Manguebeat nasceu do manifesto “Caranguejos com Cérebro”, escrito por Fred Zero Quatro em 1992.
O Recife, cidade estuário construída sobre aterros e em meio aos manguezais, testemunhou o nascimento do Manguebeat,. A crítica social à miséria e precariedade da capital pernambucana, à época a quarta pior cidade do mundo em condições de vida, segundo o Instituto de Pesquisa Populacional de Washington, nos Estados Unidos, trouxe também a insurreição de mangueboys e manguegirls.
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