Trinta e seis anos depois de conquistarem a última Copa do Mundo, os argentinos puderam finalmente soltar o grito e comemorar o tão aguardado tricampeonato mundial, ontem, após uma batalha histórica na final contra os franceses, decidida nos pênaltis. Em êxtase, torcedores alvicelestes tomaram as ruas em diversos lugares do planeta.
No Recife, muitos argentinos e brasileiros admiradores da seleção alviceleste acompanharam a partida no Ramon Hostelbar, em Boa Viagem, um tradicional ponto de encontro argentino na capital pernambucana. “É uma emoção muito grande. A gente vem namorando com esse título há muito tempo e muito na expectativa de Messi, que precisava dessa Copa para fechar sua carreira com chave de ouro”, comemorou o argentino Sergio Exeni, 51 anos. Ele assistiu ao jogo ao lado das filhas Giovana, 16, e Nicole, 12, ambas nascidas no Brasil, mas torcendo para a Argentina.
Alejandro Loqui, 47 anos, lembra de cada título conquistado pelo seu país. “Eu nasci em 1975 e lembro que era muito pequeno no primeiro título argentino. Minha mãe me pegou com uma panela e disse ‘bora para a rua!’ Depois, em 86, quando eu tinha 11 anos. Sobre ganhar o Mundial depois de 36 anos, a ficha não caiu ainda. Estou emocionado não só pela Argentina, mas por Messi. A carreira dele foi estupenda e só tava faltando a cereja do bolo!”, disse.
Messi de pai para filho
A paixão por Messi e pela Argentina não ficou restrita aos nossos vizinhos sulamericanos. O brasileiro Clesio Leal, 43 anos, decidiu eternizar o nome do camisa 10 alviceleste no filho, Felipe Messi, hoje com 12 anos de idade. “A ideia é porque eu sou muito fã da Argentina desde criança. E eu vi Messi destruindo nos campos e substituindo MAradona. Então casou perfeito!”, explicou.
Torcida em festa no Catar
Após a vitória, um dos grandes lideres da comemoração argentina junto aos torcedores no estádio foi Lionel Messi. O atacante vibrou com a torcida e chegou a pegar o microfone do estádio para falar com seus compatriotas e puxou um canto ao lado de seus companheiros de equipe e com a presença de Kun Aguero, ex-jogador da seleção.
“Sou assim, sou argentino, ingleses p… não esqueço as Malvinas. Eu sou assim, venho para animar vocês, sigo a Argentina em todos os lugares. Brasileiros, o que aconteceu, o pentacampeão se desmoronou. Messi foi para o Rio e com a taça ficou. Nós somos a banda argentina, sempre vamos torcer. Porque temos o sonho de nos tornar campeões mundiais”, cantaram os jogadores.
Argentina em festa
Reunidos em famílias e em grupos de amigos, em casa, em bares ou em parques onde foram instalados telões, e seguindo seus rígidos rituais supersticiosos, os argentinos sofreram até o último minuto da final.
O Obelisco, cartão-postal de Buenos Aires, localizado na Avenida 9 de Julio e ponto de comemoração do futebol, foi tomado por torcedores antes mesmo do jogo começar. No bairro de Villa Devoto, um grupo de torcedores assistia à partida na casa que pertenceu à Maradona, aberta aos vizinhos pelo seu novo proprietário, Ariel García, um advogado de 47 anos.
“Não gosto de futebol, mas não podia deixar de vir aqui, sentar e assistir ao jogo. Não podia. O time, o povo e o país merecem a vitória. Não há uma pessoa no mundo que não se identifique com o futebol argentino, com Messi e (Diego) Maradona, jogadores que fizeram história. Nós que nascemos depois de 1986 desejamos isso com nossas almas”, disse Joel Ciarallo à AFP.
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Fonte: Folha PE