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Trabalhar com crianças e adolescentes foi algo que surgiu por acaso na vida de Tarcízio Ricardo da Silva. Em 4 de maio de 1967, quando tinha apenas 17 anos, o rapaz que sonhava em ser médico, mas não tinha condições de estudar, encontrou uma oportunidade de entrar como monitor na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), criada menos de um ano antes, em junho de 1966. Nesta quinta-feira (28), Dia do Servidor Público, 54 anos depois daquele começo de trajetória profissional, Tarcízio segue trabalhando com dedicação. É o funcionário mais antigo na ativa na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).
“Lembro que precisei mentir sobre minha idade para poder entrar na Febem como funcionário. Eu disse que era maior de idade. Naquela época, as pessoas entravam por indicação. Uma pessoa conhecida colocava você. Entrei porque precisava, mas nunca imaginei trabalhar com essa área. Nunca mais saí, nem mesmo como servidor cedido para outros órgãos”, recorda.
Tarcízio, hoje com 72 anos, conta que começou trabalhando na Granja Jangadinha, em Jaboatão dos Guararapes, que, naquela época, atendia crianças e adolescentes com idades entre sete e 12 anos. De lá, foi trabalhar em uma casa que preparava o público da Febem para o desligamento da instituição. “Nessa casa do egresso, os meninos ficavam para serem entregues à sociedade. Todos trabalhavam na Caixa, nas secretarias, no Banco do Brasil. Depois, fui para a Casa de Carolina, em Boa Viagem, que recebia crianças de zero a sete anos. Também passei um tempo como chefe de compras na antiga sede da instituição, na Rua Barão de São Borja, e em recursos humanos, quando a sede foi para a Abdias de Carvalho”, elenca Tarcízio, que também chegou a atuar por oito meses como coordenador administrativo no Centro de Reeducação do Menor (CRM) do Cabo de Santo Agostinho.
Já na fase em que a Funase se chamava Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), entre 1990 e 2008, Tarcízio ficou mais ligado à área protetiva, trabalho que atualmente é desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) de Pernambuco. Ele passou mais dez anos como um dos gestores da Casa de Carolina até chegar, em 2013, à coordenação administrativa da Unidade de Atendimento Inicial (Uniai), onde está até hoje.
No local, Tarcízio se vê diante de um desafio: prestar um atendimento que é o primeiro contato com adolescentes apreendidos pela prática de atos infracionais e que, depois de sentença judicial, podem ficar até três anos na Funase. “Os meninos e as meninas que chegam aqui vêm muito assustados, pra baixo, alguns com dependência de drogas. Não é fácil, mas aprendi que a maneira de tratar influi muito, mesmo em apenas cinco dias, que é o tempo máximo do nosso atendimento. Não é à toa que encontro vários desses meninos na rua depois. Eles me dizem: ‘Coroa, não tô roubando mais’. Ali na Agamenon Magalhães, encontro um todo dia”, relata.
Já com tempo suficiente de trajetória profissional para ter se aposentado há alguns anos, Tarcízio evita cravar o dia em que deixará a instituição. O servidor fala com carinho do legado que a Febem, a Fundac e a Funase deixam para a vida dele. “Os desafios são muitos, mas eu gosto do que faço. A Febem, agora Funase, foi a instituição que me abraçou, que me deu condições de ter dois filhos e de criar quatro filhos dos outros. Me sinto privilegiado por estar aqui”, finaliza.
28/10/2021 às 12:04 – Com informações da assessoria
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