O ex-ministro do Turismo e ex-candidato ao Senado por Pernambuco, Gilson Machado Neto, viu sua principal fonte de legitimidade política — a ligação direta com Jair Bolsonaro — começar a se desfazer. A prisão recente do ex-ministro, ainda que temporária e revogada no mesmo dia, provocou um silêncio ensurdecedor por parte do ex-presidente. E esse silêncio fala alto nos bastidores da política.
Bolsonaro, que historicamente tem se esquivado de apoiar aliados em momentos de crise, repetiu o padrão que aplicou a outros ex-bolsonaristas em desgraça pública, como Onyx Lorenzoni e Carla Zambelli. No caso de Gilson, o afastamento é ainda mais significativo. Seu discurso, suas redes sociais e sua trajetória nos últimos anos se sustentaram quase que exclusivamente no uso da imagem do ex-presidente, como uma espécie de “cabo eleitoral eterno”.
Agora, com a prisão em seu histórico e o estigma do termo “ex-presidiário” colado ao seu nome, Gilson se torna um ativo tóxico dentro do bolsonarismo. Mesmo solto, carrega o peso simbólico de quem foi detido, o suficiente para que Bolsonaro — sempre atento à sua própria imagem — evite qualquer sinal de proximidade.
O ex-presidente já demonstrou compreender que abraçar politicamente quem está no centro de escândalos judiciais pode significar mais perdas do que ganhos, especialmente às vésperas de eleições e em meio à sua própria tentativa de manter influência eleitoral sem cargo.
A leitura entre lideranças conservadoras é clara: sem o selo Bolsonaro, Gilson Machado perde tração e dificilmente terá espaço competitivo em disputas futuras, seja como candidato, seja como articulador político. Na prática, o que restava como “combustível eleitoral” começa a evaporar.
Na política, poucos sobrevivem sozinhos ao abandono do seu maior avalista. Gilson, ao que tudo indica, entrou nessa lista.
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