Uma veterinária na Tailândia provavelmente contraiu o coronavírus de um gato infectado no ano passado, pesquisadores concluíram em um novo estudo. Esse é o primeiro caso documentado de transmissão do Sars-CoV-2 de gato para ser humano, embora especialistas destaquem que o risco de um felino infectar uma pessoa é muito baixo de forma geral.
O gato tinha dois tutores e ambos contraíram Covid-19. A hipótese mais provável é que o gato foi contaminado por um deles e, depois, infectou a veterinária. O gato espirrou no rosto da veterinária, segundo os cientistas que descreveram o caso. O trabalho foi realizado por uma equipe da Universidade Príncipe de Songkhla.
O sequenciamento genômico confirmou que o gato e as três pessoas foram infectados por uma versão idêntica do vírus, que não estava ainda disseminada na população local na época em que o caso aconteceu.
Gatos correm um risco maior de contrair o vírus de pessoas do que de transmiti-lo para elas, ressaltaram os cientistas. Mas o caso é um alerta de que pessoas que estão com o coronavírus devem tomar precauções com seus pets. Também evidencia que veterinários e outros profissionais que têm contato com animais infectados devem fazer o mesmo, disse Scott Weese, um infectologista veterinário da Universidade Guelph, em Ontário, no Canadá.
Estudos anteriores haviam mostrado que pessoas podem infectar gatos e que, em certas condições, gatos podem transmitir o vírus entre si. Mas foi difícil provar que a transmissão de gatos para seres humanos poderia acontecer naturalmente. Se sabe que furões, hamsters e veados podem transmitir o coronavírus para pessoas.
O novo estudo foi publicado esta semana no periódico científico Emerging Infectious Diseases, que pertence ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
O caso aconteceu em Bangkok. Em 4 de agosto de 2021, pai e filho desenvolveram sintomas de Covid-19 e testaram positivo para o coronavírus. Devido à falta de leitos em Bangkok na ocasião, os dois homens foram transferidos para Songkhla, no sul da Tailândia, numa viagem de 20 horas de ambulância. Por razões não esclarecidas, eles levaram junto seu gato de estimação.
Quando os dois homens foram internados, o gato foi levado para um hospital veterinário para ser examinado. Embora ele aparentasse estar saudável, uma veterinária, de 32 anos, coletou swabs nasais e retais do animal. Enquanto estava coletando uma amostra da narina do gato, ele espirrou e os perdigotos atingiram a face da veterinária. Ela estava de máscara e luvas, mas não usava face shield nem proteção para os olhos. Os testes mostraram que o gato estava positivo.
Em 13 de agosto a veterinária começou a apresentar sintomas da Covid-19, incluindo febre e tosse. Logo depois ela testou positivo.
O sequenciamento genético mostrou que a mulher, os dois homens e o gato estavam infectados pela variante Delta do coronavírus, que na época não circulava ainda em Songkhla.
Um exame de PCR mostrou que o gato tinha uma elevada carga viral. O fato de a veterinária não ter tido contato com ninguém com Covid-19, incluindo os tutores do gato, reforçou a suspeita de que ela contraiu o vírus diretamente do animal.
O CDC recomenda que pessoas infectadas evitem o contato com seus pets.
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Fonte: Folha PE
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