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Recife é referência internacional no combate a gordofobia

Reportagem publicada no jornal The New York Times classifica a capital pernambucana como um dos lugares mais acolhedores do mundo para pessoas com obesidade. Leis que sancionadas pelo prefeito João Campos em setembro de 2021 foram pioneiras no país e garantem carteiras escolares adequadas em unidades de ensino pública ou privada, além criar o Dia Municipal contra a Gordofobia

Recife é o principal destaque de uma reportagem publicada no secular jornal The New York Times ontem (domingo, 27). Sob o título “Brasil, terra da tanga, abraça seu eu mais pesado”, a matéria faz um escrutínio de como o Brasil tem se empenhado no tocante a aprovação de legislações que colocam a nação na dianteira e vanguarda mundiais ao cuidar da proteção legal de pessoas acima do peso. São destaque na matéria as Leis municipais 18.831 e 18.832, que versam sobre a criação do “Dia Municipal de Luta contra a Gordofobia” e a adoção de medidas para assegurar a inclusão e a proteção da pessoa gorda nos estabelecimentos de ensino localizados no município do Recife. As legislações, sancionadas pelo prefeito João Campos em setembro de 2021, são de autoria da vereadora Cida Pedrosa e fizeram do Recife a primeira capital do país a adotar políticas públicas fixadas em Lei contra a gordofobia, promovendo a conscientização e combate ao preconceito, além de promover a inclusão de pessoas acima do peso. A reportagem está disponível no link: https://www.nytimes.com/2022/02/27/world/americas/brazil-obesity.html.

A Lei 18.831/2021 instituiu o Dia Municipal de Luta contra a Gordofobia, que passou a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Município e o dia escolhido foi o 10 de setembro, data já conhecida, informalmente, como dia do gordo. Instituir a data para o combate a gordofobia cumpre a missão de trazer luz ao debate e ao tipo de discriminação que atinge parte significativa da população. A Lei 18.832/2021, por sua vez, assegura às pessoas gordas carteiras escolares adequadas aos seus biotipos corporais nas instituições de ensino básico e superior do Recife, seja de instituições públicas ou privadas, além garantir o ensino livre de discriminação ou práticas gordofóbicas.

Segundo a reportagem, o Brasil, maior país da América Latina, é o epicentro mundial na liderança da consagração de proteções para pessoas acima do peso. O debate é necessário e inclusivo. Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), publicada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas obesas em idade adulta no país mais do que dobrou em 17 anos, indo de 12,2%, entre 2002 e 2003, para 26,8%, em 2019. No mesmo período, a proporção da população adulta com excesso de peso passou de 43,3% para 61,7%, representando quase dois terços dos brasileiros.

No Brasil, uma pesquisa realizada pela Skol Diálogos em 2017 observou que a gordofobia é uma forma de preconceito que está presente no dia a dia de 92% dos brasileiros. Esse tipo de discriminação ainda é reforçado pela sociedade por meio de peças publicitárias, piadas preconceituosas e por padrões de beleza rígidos impostos sobre os corpos. O efeito da gordofobia é bastante expressivo e negativo, inclusive sobre crianças e adolescentes.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, nesse grupo os efeitos do estigma social também são preocupantes. Estudos apontam que crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade vítimas de bullying são significativamente mais propensos a sofrer com ansiedade, baixa autoestima, estresse, isolamento, compulsão alimentar e depressão se comparado com adolescentes magros”. Entre adultos o preconceito também prejudica a saúde mental e afeta relacionamentos, oportunidades de trabalho ou o simples ato de usufruir da cidade.

Além dos impactos sobre a saúde mental, a gordofobia enquanto um preconceito difundido na sociedade afeta também o planejamento urbano e o acesso da pessoa gorda à cidade. Os padrões utilizados na construção de banheiros, transportes coletivos e até mesmo na mobília dos espaços públicos e privados são reflexo da discriminação e exclusão de pessoas gordas.

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