A chegada das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), que passou a valer de forma oficial no Brasil em 2021, veio acompanhada de notícias envolvendo cifras astronômicas. Torcedores de Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Vasco, por exemplo, passaram a lidar com números anunciados, seja para pagar dívidas ou montar elencos, que até um tempo atrás estavam longe da realidade destes clubes. Em processo de amadurecimento, essa nova era traz consigo um aumento na quantidade de transações e no volume investido em contratações, inflacionando o mercado brasileiro.
No futebol pernambucano, em entrevistas concedidas à Folha de Pernambuco, os dirigentes de Sport e Santa Cruz disseram ainda não estar sentindo no bolso a mudança de patamar das negociações na busca por reforços. Com o Trio de Ferro fora da Série A, a realidade encontrada é brigar com clubes de modelo associativo e com poder de barganha igual ou até mesmo inferior para fechar com um atleta. Ao longo da semana, a reportagem procurou o diretor de futebol do Náutico, Rodolpho Moreira Neto, mas não obteve êxito no contato.
Eleito presidente do Sport para o biênio 2023/24, Yuri Romão tem o intuito de adotar a SAF no clube pernambucano. Inclusive, tem conversado e buscado a melhor maneira de implantar o modelo pelas bandas da Ilha do Retiro. Quando o assunto é contratação, o mandatário entende o aumento das cifras. No entanto, acredita que isso ainda não atrapalha o planejamento de equipes que não estejam na elite do futebol brasileiro.
“Os atletas que contratamos já eram monitorados por nós há algum tempo, já tínhamos conversas, sondagens. Essa mudança de patamar financeiro pode se dar na segunda parte do ano. Agora, pode ter sido mais para a Série A, coisa que não participamos. Na B, por conta da necessidade dos clubes, pode acontecer no segundo semestre ou até mesmo em 2024”, salientou.
No caso do Santa Cruz, que está na última divisão do Brasileiro, a realidade é ainda mais distante. De acordo com o diretor de futebol Rogério Guedes, a atual fase da Cobra Coral é o que dificulta a vida do clube na hora de encontrar reforços. “O que dificulta a contratação é a divisão que o clube se encontra. Isso atrapalha um pouco. Com a classificação para a Copa do Nordeste, o calendário fica cheio e isso já começa a facilitar”, começou.
“O histórico de outras gestões que não honravam os compromissos também gera uma atmosfera negativa. Hoje, isso mudou. O Santa voltou ao mercado com um pouco de respaldo da gestão atual. Mas, o atleta geralmente procura primeiro as divisões de cima”, completou o dirigente.
SAF é prioridade para empresários
Acostumados a ‘flutuarem’ por diversas divisões do futebol brasileiro, os empresários não escondem a preferência pelas Sociedades Anônimas do Futebol na hora de fechar um acordo. Além de garantir boas cifras para seus clientes e para si próprios, os agentes prezam pela estabilidade que o modelo oferece.
“Falando como agente, nós vemos uma maneira mais segura de fazer negócio com uma SAF do que com um clube associativo. Em valores, é inegável que aumentou. Mas já aconteceu de clubes que não são SAF fazer ofertas, e os que são oferecerem situações melhores e maiores. Porém, se empatasse (a proposta), na visão do empresário, a preferência é a SAF. A partir do momento que se tem um dono, dá uma segurança”, falou o empresário Eduardo Cornacini.
Para o ex-jogador e empresário Fabrício Souza, o projeto apresentado pelo clube ainda pesa na hora de fechar um contrato. “Da minha parte, (ser SAF) não impacta. A gente respeita os clubes independentemente de ser SAF ou não. Olhamos para a camisa, projeto oferecido. Lógico, tem empresários que enxergam de outra forma. Particularmente, eu procuro algo positivo, que dá tranquilidade ao saber que os atletas vão receber em dia, e nós empresários nossas comissões”, explicou.
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Fonte: Folha PE