A Operação Venire foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que investiga as “milícias digitais”.
A PF apura a inserção de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, para emissão de certificados que viabilizariam uma viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em Brasília e no Rio de Janeiro, além de seis mandados de prisão.
Segundo a TV Globo, teriam sido forjados os certificados de vacinação de Bolsonaro, da filha dele de 12 anos, de Cid, sua mulher e sua filha.
A defesa de Cid ainda não se pronunciou e segundo Fábio Wajngarten, ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, ele aguarda para prestar depoimento à PF assim que sua defesa tiver acesso aos autos do processo.
Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro negou qualquer fraude e reiterou que não tomou vacina contra a covid-19.
Braço-direito de Bolsonaro
Mauro Cid é oficial do Exército com mais de 20 anos de carreira. Ele era major e foi promovido a tenente-coronel no ano passado.
Cid formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 2000 e foi instrutor na instituição.
Seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, foi colega de turma de Bolsonaro na Aman nos anos 1970.
Cid se preparava para assumir um posto nos Estados Unidos quando foi nomeado para ser ajudante de ordens de Bolsonaro, pouco antes da posse do ex-presidente.
Nesta função, ele era o braço direito do ex-presidente e prestava assistência direta a Bolsonaro, inclusive para assuntos de caráter pessoal.
Cid teria, por exemplo, coordenado a tentativa de Bolsonaro de reaver as joias que foram presenteadas a Michelle Bolsonaro e foram apreendidas pela Receita Federal na alfândega em São Paulo.
Cid assinou um ofício enviado à Receita, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, informando que um auxiliar de Bolsonaro iria até São Paulo para reaver as joias.
De acordo com o G1, Cid disse à PF que o ex-presidente teria pedido a ele que tentasse reaver as joias retidas na alfândega.
Investigações
Cid também seria investidado pela PF, segundo o site Metrópoles, por ter supostamente operado um “caixa paralelo” no Palácio do Planalto por meio de saques de recursos de cartões corporativos da Presidência. Ambos negam as acusações.
A PF também pediu o indiciamento do tenente-coronel por ter supostamente produzido o material usado por Bolsonaro em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais em outubro de 2021 para associar falsamente a vacina contra a covid-19 e o vírus HIV.
Cid também depôs à PF na investigação sobre a organização e financiamento de atos democráticos, conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo.
Ele foi convocado depois de a polícia obter mensagens enviadas pelo blogueiro Allan dos Santos em que ele teria afirmado ao ex-ajudante de ordens que as Forças Armadas precisavam agir após grupos “antifascistas” protestarem contra o governo Bolsonaro em maio.
À PF, Cid afirmou que não se recordava de ter conversado com Santos sobre este assunto e negou que apoiava a proposta.
Santos teve sua prisão decretada pelo STF. A Corte também pediu sua extradição, porque ele está atualmente nos Estados Unidos.
Cid também é apontado como o pivô da demissão, em janeiro, do ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, que teria resistido a revogar a nomeação do tenente-coronel para chefiar um batalhão em Goiânia.
O Exército não informou o motivo da exoneração do general.
Você precisa fazer login para comentar.