Crédito, X / @netanyahu

Legenda da foto, Benjamin Netanyahu afirmou que o Irã “pagará por isso” após lançamento de mísseis

O premiê afirmou, após a divulgação pelas forças militares das informações sobre os disparos, que o governo iraniano “não entende” a “determinação” de seu país em retaliar contra seus inimigos.

“Eles entenderão”, ele diz. “Nós manteremos a regra que estabelecemos: quem quer que nos ataque — nós os atacaremos”.

Segundo as forças israelenses, Israel foi alvo de cerca de 180 mísseis — a maioria deles interceptados.

A TV estatal iraniana divulgou uma declaração da Guarda Revolucionária Islâmica (GRI) em que a organização descreve o ataque como retaliação pelo assassinato em julho do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assim como do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27/9) — e também pelo assassinato de libaneses e palestinos.

No texto, a Guarda Revolucionária ainda faz uma ameaça a Israel, caso o país responda ao ataque.

Mas afinal, qual pode ser a escala de retaliação de Israel ao Irã?

Segundo as declarações feitas pelo próprio governo israelense, a resposta virá com força, avalia Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC.

A contenção que os aliados internacionais haviam pedido de Israel após o bombardeio iraniano anterior, em abril, provavelmente não estará em evidência desta vez, diz.

“A estratégia atual de Israel parece ser de duas vias: eliminar seus inimigos por meio de assassinatos e ataques aéreos e, em seguida, dissuasão — demonstrando ao Irã e seus representantes que todo ataque a Israel será recebido com força ainda maior”.

Para o ex-oficial de inteligência israelense Avi Melamed, o ataque do Irã “está pronto para provocar um contra-ataque israelense significativo”.

“Provavelmente veremos uma resposta significativa e imediata de Israel contra alvos iranianos”, diz.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Irã voltou a atacar Israel pela segunda vez este ano. Foto mostra mísseis sendo interceptados no céu da cidade de Ashkelon, em Israel

Gardner explica que Israel se prepara há muito tempo, com respostas prontas para o caso de ataques ao Irã. Agora, os oficiais responsáveis pela defesa do país avaliarão quando e com que força retaliarão.

Os alvos militares mais óbvios são as bases terrestres de onde foram lançados os mísseis balísticos de terça-feira. Isso inclui não apenas os silos, mas os centros de comando e controle e até mesmo as instalações de reabastecimento, diz o correspondente da BBC.

Segundo ele, Israel poderia até mesmo tentar ativar sua rede de agentes dentro do Irã para ir atrás daqueles que ordenaram e executaram o ataque com mísseis. “Além disso, se Israel decidir escalar ainda mais, poderia mirar nas instalações nucleares do Irã”, diz.

“De qualquer forma, um contra-ataque iraniano seria quase inevitável, com ambos os países perpetuando o atual ciclo de ataque e vingança.”

Os bombardeios iranianos aconteceram em meio à escalada de tensões no Oriente Médio com os ataques de Israel contra o Hezbollah no Líbano.

A tensão entre Israel e Hezbollah já havia aumentado desde os ataques do grupo palestino Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

Mas a situação piorou a partir de 17 de setembro desse ano, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah no Líbano, matando mais de 30 pessoas e deixando mais de 2 mil feridos. Israel foi acusado pela ação, mas não negou nem confirmou a autoria.

Poucos dias depois, o sul do Líbano passou a ser fortemente bombardeado por Israel.

Autoridades libanesas dizem que mais de mil pessoas foram mortas nas últimas duas semanas em meio aos ataques de Israel, e até 1 milhão de pessoas precisaram deixar suas casas.