A professora britânica de ciências e biologia Natalie Wilsher tem uma tatuagem do físico Albert Einstein (1879-1955) no braço — além de outras nos pés, punhos e tornozelos.
De todas as tatuagens que ela fez, as mais dolorosas foram no peito do pé e nos tornozelos.
“A dor é uma forma que o corpo tem para se proteger, e os nervos são responsáveis por detectar a dor”, explica a professora no podcast Teach me a Lesson, da BBC.
“É mais doloroso fazer uma tatuagem onde há menos gordura e mais nervos”, detalha em conversa com os apresentadores Bella Mackie e Greg James.
Além dos pés e tornozelos, as canelas, axilas, ombros e caixa torácica se somam à lista de áreas sensíveis, segundo Wilsher, embora tudo dependa da sensibilidade de cada um.
“Os nervos da área que está sendo espetada quando se faz uma tatuagem, enviam o sinal de dor para o cérebro”, explica a professora.
No entanto, a reação de alguém ao processo de fazer uma tatuagem pode não ser necessariamente comparável à de outra pessoa.
“O limiar de tolerância à dor é completamente diferente de pessoa para pessoa”, acrescenta.
A primeira tatuagem
A tatuagem mais antiga que se tem conhecimento foi encontrada em Ötzi, também chamado de “homem do gelo”, uma múmia descoberta em uma região remota dos Alpes italianos em 1991, que permaneceu congelada por mais de 5 mil anos.
“As tatuagens de Ötzi eram muito pequenas, bem discretas. Eram pontos e traços. Os antropólogos acreditam que eram uma forma de acupuntura para fins medicinais”, diz Wilsher.
A professora se pergunta como eles curavam as feridas causadas ao furar a pele — e supõe que levavam meses para cicatrizar.
“É surpreendente que naquela época, entre a Idade da Pedra e a Idade dos Metais, eles fossem capazes de fazer essas tatuagens sem adoecer. É impressionante que tivessem esse conhecimento”, acrescenta.
Com o tempo, as tatuagens se tornaram um recurso para que cada um pudesse contar sua própria história.
“A mitologia diz que o capitão James Cook, no final do século 18, conheceu muita gente com diferentes tatuagens em suas viagens no Pacífico. 90% de sua tripulação se tatuava como forma de marcar o percurso da viagem”, explica a professora.
Os oficiais da Marinha britânica herdaram esta tradição e começaram a tatuar suas viagens, usando urina e pólvora, em uma preparação que costumava ser chamada de tinta náutica, conta Wilsher.
No final do século 19, a máquina de tatuagem foi criada, com base na impressora de Thomas Edison (1847-1931).
“Foi criada em 1875 e não mudou muito desde então. Ainda perfura a pele de 50 a 3 mil vezes por minuto.”
O maior órgão do corpo
A pele é o maior órgão do corpo, equivale a 50% do peso corporal, e sua camada mais superficial é renovada a cada 28 dias. Por que então a tinta não desaparece quando trocamos de pele?
Wilsher lembra que a pele tem três camadas principais: a epiderme na superfície; a derme no centro, onde estão localizados os vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas, folículos e nervos; e a parte mais profunda que é a hipoderme, a camada gordurosa da pele.
“A tinta da tatuagem é injetada na derme, onde estão localizados os nervos, responsáveis pela dor. As tatuagens não saem porque a camada intermediária da pele está protegida pela epiderme”, explica.
Quando a tinta é injetada na derme, ela conta que “seu corpo diz: ‘Eita, tenho uma ferida’. E envia para essa área macrófagos, glóbulos brancos, que tentam engolir a tinta e enviá-la para a corrente sanguínea”.
Mas é tinta demais para ser eliminada pelos macrófagos, então ela fica presa lá.
“É por isso que podemos vê-la pela epiderme”, acrescenta.
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