- Author, Pilar Argente Arizón
- Role, The Conversation*
Tudo o que comemos causa impactos diretos sobre a nossa saúde em todos os níveis, desde o estado físico ou psicológico até o rendimento cognitivo.
Mas a nossa alimentação também pode influenciar em algo aparentemente mais trivial – como o brilho da pele ou dos cabelos.
Não se trata de uma preocupação fútil. A queda anormal dos nossos cabelos pode ser um dos primeiros sinais de que algo não vai bem no nosso corpo. Não podemos desprezar este sintoma.
Iremos nos concentrar a seguir nos fatores nutricionais capazes de comprometer o bem-estar dos nossos cabelos e que podem ser controlados de forma relativamente simples.
O controle das inflamações
De fato, os transtornos alimentares, como a anorexia ou a bulimia, causam considerável restrição de calorias e vitaminas e estão fortemente associados à queda de cabelos.
O que talvez nem todos conheçam são os componentes específicos da alimentação que podem provocar a queda e o empobrecimento capilar.
Alimentos com alto teor de açúcar ou gorduras saturadas, por exemplo, não só estão associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como também “estressam” e inflamam as nossas células. Este estado faz com que o nosso organismo fique mais susceptível ao desenvolvimento de uma ampla variedade de patologias – entre elas, a queda de cabelo.
Seguindo este raciocínio, priorizar alimentos com estas propriedades, como o azeite de oliva extravirgem e os peixes ricos em óleo, e evitar o consumo de alimentos que promovem estados inflamatórios são ações que ajudariam a manter o vigor dos cabelos.
O estresse, outro grande inimigo
As situações estressantes que se apresentam no nosso dia a dia aumentam os níveis do hormônio cortisol como mecanismo de defesa.
E se essa situação “de emergência” persistir por muito tempo? Bem, é aí que começam os problemas.
Produzido pela glândula suprarrenal, o cortisol está diretamente relacionado com a queda de cabelo. E, obviamente, reduzir os fatores que desencadeiam o estresse é a primeira medida que nos vem à cabeça para manter esse composto orgânico nos seus valores normais.
Podemos ajudar a regular o estresse com a alimentação? Claro que sim.
Determinados alimentos como o abacate, os peixes oleosos e certos tipos de sementes, ricos em ácidos graxos ômega-3 e diversas vitaminas e sais minerais, podem frear a produção de cortisol.
O fator microbiota
Por fim, já se comprovou que os alimentos fermentados apresentam efeitos protetores contra a queda dos cabelos. Eles regulam as bactérias intestinais e suas propriedades inflamatórias.
É aqui que entra em jogo a microbiota intestinal – o conjunto de micro-organismos que habitam o nosso sistema digestivo.
Os nutrientes são metabolizados ou absorvidos de forma diferente, conforme nossa população bacteriana. Por isso, eles irão gerar diferentes sinais químicos e metabólicos.
Isso pode alterar as funções fisiológicas, como a reação ao estresse, que é importante para a saúde dos cabelos, como vimos mais acima.
Podemos dar uma mão para as bactérias consumindo probióticos, como iogurte, kefir e outros alimentos fermentados. Eles estão associados à melhor saúde mental e digestiva e os nossos cabelos também irão agradecer.
* Pilar Argente Arizón é professora e pesquisadora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade San Jorge, na Espanha.
Fonte: BBC
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