Depois de confirmar a impossibilidade de realização do seu Carnaval popular, suspenso em função do atual quadro sanitário, o prefeito João Campos assinou, nesta sexta (14), em evento no Forte das Cinco Pontas, o Projeto de Lei que cria o plano Recife AMA Carnaval, iniciativa dedicada à cadeia produtiva do ciclo momesco e que se divide em três dimensões: Apoio, Monitoramento e Ativação.
A iniciativa, que envolve investimentos da ordem de R$ 10 milhões em recursos exclusivamente próprios, vai contemplar coletivos como agremiações e atrações artísticas que participaram do Carnaval recifense em 2019 e/ou 2020, que terão direito a 100% da subvenção ou cachê (valor unitário) recebido pela sua participação na programação. Na categoria de beneficiários individuais, será pago um valor fixo, tendo como referência um salário mínimo. O PL será encaminhado à Câmara Municipal do Recife.
A iniciativa representa mais do que o triplo de incremento financeiro em relação ao ciclo momesco do último ano, quando foi criado o Auxílio Municipal Emergencial – AME Carnaval do Recife, orçado em R$ 4 milhões, sendo R$ 2,5 milhões em recursos próprios e o restante fruto de parceria com a iniciativa privada mediante patrocínio. O AMA também irá contemplar técnicos e demais trabalhadores que atuam nos bastidores das apresentações artísticas na preparação e realização da festa, além dos brincantes que participam dos concursos carnavalescos.
Além do Apoio, o Monitoramento permanente de indicadores e protocolos ligados ao quadro sanitário também compõe o plano, cujo ciclo será fechado com a Ativação, definida por uma apresentação de cada beneficiado pelo AMA. Esta ação integra a futura agenda cultural da cidade, em apresentações individuais ou coletivas, a pactuar, até mesmo em possível evento de celebração do próprio Carnaval, cujos formatos e períodos serão consolidados a partir da superação da pandemia e flexibilização de medidas.
Para o prefeito João Campos, a iniciativa oferece segurança e amparo à cadeia produtiva, além de fomentar a classe artística e a população pensante e atuante do segmento cultural, sobretudo do ciclo momesco. “O que o Recife fez foi com muita responsabilidade, com sensibilidade de ouvir, construir uma alternativa segura. Nós anunciamos a suspensão do Carnaval e agora, de maneira imediata, já lançamos o Recife Ama Carnaval, que é muito mais que um auxílio. A gente vai fazer a contratação através de um pagamento de prêmio com valor de 100% do cachê para artistas e agremiações. Também vamos assegurar recursos para os trabalhadores de som, de luz, para quem ajuda na estrutura de montagem de palco, todo mundo vai ser contemplado. Com isso a gente vai investir dez milhões de reais nessa ação e conseguir garantir a suspensão do Carnaval com segurança. E quando tivermos segurança de novo na realização de eventos, de encontros, vamos poder fazer eventos celebrativos com referência ao Carnaval, valorizando a nossa cultura”, pondera.
O Projeto de Lei (PL) com o plano Recife AMA Carnaval será encaminhado à Câmara Municipal do Recife, a exemplo do que aconteceu com o AME Carnaval, em 2021, aprovado por unanimidade no parlamento municipal e transformado em Lei. Os pagamentos estão previstos para o período em que aconteceria o Carnaval, mas este cronograma obedecerá ao prazo necessário ao debate e aprovação do PL e ao posterior edital que será lançado assim que a matéria for aprovada no legislativo.
O secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, explanou acerca do funcionamento do AMA. “Existem dois tipo de contemplados: coletivos , agremiações e atrações artísticas que fizeram parte das edições do Carnaval e assim, já estão no cadastro da Prefeitura, precisando apenas de confirmação e farão jus ao pagamento do prêmio de 100% do cachê, no caso da atração do coletivo (bandas, orquestras) ou da agremiação (que tem subvenção). No caso dos individuais, eles apresentam sua declaração de participação da cultura no ciclo carnavalesco e suas comprovações e, assim, eles fazem jus ao prêmio individual, lembrando que eles também estão contemplados pelo prêmio coletivo porque eles fazem parte dessa cadeia. Seja uma agremiação, seja uma atração, você tem técnicos atuando, figurinista, aderecista, tem aquele pessoal que faz parte dessa cadeia que viabiliza a realização da festa e das apresentações. Eles devem receber um valor de referência calculado a partir do salário mínimo”, explica.
Agremiações e atrações que se apresentaram nas duas últimas edições da festa já constam nos cadastros do poder público municipal. Já para os técnicos e trabalhadores das demais cadeias produtivas culturais ligadas à festa, a proposta da Prefeitura é lançar edital, com regras para autodeclaração e comprovação de atuação nos últimos festejos de Momo realizados na cidade, nos anos de 2019 e 2020. Destas categorias, serão beneficiados até mil profissionais.
A iniciativa foi mais do que bem vinda para a classe artística. Para o cantor e compositor André Rio, um dos presentes no evento, o AMA reacende a chama carnavalesca compulsoriamente claudicante em tempos pandêmicos. “Como disse Chico Science, basta um passo e você não está no mesmo lugar. Acho que é muito importante esse apoio, porque a gente vai poder ajudar toda a comunidade musical que pertence à nossa banda, à nossa estrutura e a gente vai deixar a chama acesa do nosso Carnaval, o que é importante, pois há quase dois anos não temos um Carnaval de fato nas ruas, mas o Carnaval… ele pertence à alma do recifense. A gente precisa continuar fazendo frevo, fazendo folia e deixando, como disse, a chama acesa do Carnaval na alma do pernambucano”, vaticinou.
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