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Prefeitura do Recife inaugura Exposição Agosto da Jurema neste sábado e traz imagens de Terreiros

Exposição Agosto da Jurema. (Foto: Marcos Pastich/PCR)

Abertura será às 14h, no Pátio de São Pedro e público vai encontrar um espaço para a compreensão de como se consolida a ascensão da Jurema no campo religioso, em suas formas culturais e políticas

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas lança uma exposição importante neste sábado (20), abrindo a VIII Jornada de Direitos Humanos. Batizada de “Agosto da Jurema”, a mostra pretende executar uma ação de enfrentamento ao racismo religioso, trazendo memórias, linguagens e imagens de 21 “Terreiros de Jurema”, das seis Regiões Político-Administrativas do Recife. O público vai encontrar um espaço para a compreensão de como se consolida a ascensão da Jurema no campo religioso pernambucano, em suas formas culturais e políticas. A abertura começa às 14h, no Centro de Design do Recife, no Pátio de São Pedro, casa 10, bairro de São José.

A exposição pretende trazer ao público uma exposição de imagens registradas pelos fotógrafos Brenda Alcântara, Diego Nigro, Daniel Tavares, Lula Carneiro, Marcos Pastich e Sol Pulquério. O objetivo é que, a partir da visualização das fotos, o público tenha a possibilidade de ter outras experiências e interpretações do que se vivencia na religião, possibilitando compreender que cada pessoa tem o seu sagrado e também direito à expressão pública das várias religiões, praticando assim, o enfrentamento a preconceitos. A Exposição segue até o dia 22 de janeiro, de segunda a sábado, das 9h às 16h, e aos domingos, das 13h às 1h30

A cidade do Recife apresenta uma manifestação plural de culto ao sagrado de todas as matrizes e cores, porém, dentre as diversas manifestações de crença e culto, nem toda a sociedade respeita a livre manifestação de seus rituais. Isso ocorre porque ainda há preconceito voltado aos cultos de matrizes afro-indígenas.  De acordo com a gerente de Igualdade Racial da Secretaria Executiva de Direitos Humanos do Recife, Girlana Diniz, “dentro do Racismo Estrutural brasileiro, este é sem dúvida, um dos problemas mais alarmantes”, vaticina. Girlana destaca um mapeamento sobre os terreiros do Recife, que identifica a existência de mais de 500 casas de religiões de matrizes africanas e indígenas, variando entre os cultos de Terreiros de Jurema, Candomblé e Umbanda. Em 2017, a IV Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial trouxe, nos seus encaminhamentos finais, um conjunto de proposições em relação às garantias de direitos necessárias ao povo de terreiro, destacando o reconhecimento territorial como espaço sagrado e de direitos das religiões de matriz africana pela prefeitura da cidade do Recife.

Ao considerar a necessidade de garantias para a afirmação da cidadania da população de terreiro, a  Exposição “Agosto da Jurema” pretende trazer ao público geral imagens e conhecimentos do sagrado da Jurema. A exposição se apresenta como forma de promoção de educação social e do patrimônio cultural em prol da diversidade religiosa e inclusão social de grupos e culturas marginalizadas.

A tradicional Caminhada dos Terreiros, que acontece no centro da capital todos os anos, é uma forma de publicizar as manifestações. “As pessoas que saem com as vestes e paramentas específicas da sua religião, na Caminhada dos Terreiros, um dos principais eventos do ano, infelizmente ainda  enfrentam olhares de transeuntes, ora desconfiados, ora encantados, ora incomodados, que, desinformados, não compreendem bem o que se passa ali”, explica Girlana. “Dentro das manifestações de matriz afro-indígenas, o culto à Jurema é das manifestações menos visíveis e valorizadas, mas no entanto, a amplitude da presença da Jurema em casas e terreiros no contexto da cidade do Recife identifica as suas comunidades de maneira rara no contexto nacional”, ressalta.

Ao trazer para o conhecimento do público esta celebração, a Prefeitura do Recife  possibilita a difusão da presença única da cultura dos povos de terreiro do Recife. Além de ressaltar parte da identidade da cidade, a ação reverbera no sentido de enfrentar preconceitos e estigmas sociais, a partir de uma experiência lúdica, despertando sentimentos e emoções sobre a prática da Jurema e o cotidiano da religião, possibilitando assim o direito de proferir sua verdade através da sua fé e a necessidade de ocupação de espaços públicos da cidade, como forma de representação da identidade de sua população. Por isso a necessidade de promover o acesso ao público geral das falas, conhecimentos e cultura desses indivíduos, oportunizando o enfrentamento a preconceitos sociais, garantindo o direito à cidade e à identidade social de juremeiros e juremeiras. 

A gerente de Igualdade Racial ainda reforça que, apesar dos inegáveis avanços na promoção de direitos civis por parte do poder público e das conquistas políticas e sociais do povo de santo, ainda são recorrentes os casos de intolerância religiosa no Brasil. Essas manifestações de ódio se dão desde injúrias verbais a agressões físicas e morais aos integrantes além de ataques e destruição material das casas, objetos e espaços de fé dos terreiros e templos. 

Sobre a Jurema – No contexto das manifestações religiosas de descendência indígena e afro-brasileiras, o mês de agosto é importante para quem cultua a jurema, sendo um período simbólico demarcado pelos rituais e festas. Essa manifestação origina-se da jurema, uma árvore utilizada para a fabricação de uma bebida que promove força, sabedoria e contato com seres do mundo espiritual por meio da incorporação. É dessa forma que o uso da árvore desencadeia a formulação de uma experiência religiosa com o mesmo nome.

Serviço:

Lançamento da exposição Agosto da Jurema”

Dia:  20 de novembro

Hora:14h

Local: Centro de Design do Recife – Pátio de São Pedro, casa 10. – São José, Recife.

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