Durante os momentos de pausa da partida, é comum ver os jogadores pegando uma garrafinha, enchendo a boca de líquido e depois cuspindo. Aí, vem a pergunta: por que eles não engolem essa “água”? Muitas podem ser as explicações e, uma delas, tem a ver com uma técnica chamada de “enxágue com carboidratos”.
Por mais de uma década, pesquisas em esportes de resistência, como ciclismo e corrida, mostraram que os atletas podem obter um aumento de desempenho durante sessões intensas de exercícios, enxaguando a boca com uma solução de carboidrato e depois cuspindo, sem engolir. Como uma partida de futebol dura, no mínimo, 90 minutos, a técnica é válida para o esporte.
Delle Alli
Essencialmente, dizem os cientistas, os receptores na boca enviam sinais para os centros de prazer e recompensa do cérebro, sugerindo que há mais energia a caminho, então os músculos podem trabalhar um pouco mais e não há razão para se sentir tão cansado. É uma forma de “enganar” o cérebro.
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, detectou que a lavagem com carboidratos tornava ciclistas cerca de um minuto mais rápidos em distâncias de 40 quilômetros.
A lavagem com carboidratos é usada para aumentar a energia, evitar a sensação de peso no estômago e tentar prevenir cãibras. Os cientistas também dizem que a técnica pode ser benéfica para evitar desconforto estomacal que pode ocorrer ao ingerir carboidratos durante a partida. Ou seja, em vez de ingerir o nutriente e correr o risco de passar mal, recomenda-se apenas bochechar o líquido rico de carboidratos.
Mbappé
A pesquisa indica que o enxágue com carboidratos pode melhorar o desempenho quando os fluidos são passados pela boca por cinco a 10 segundos, quanto mais tempo melhor, pois mais receptores orais entram em contato com os carboidratos.
É claro que apenas o enxágue de carboidratos não pode sustentar os jogadores por um período indefinido. A maioria das pesquisas indica que a lavagem com carboidratos é ideal para exercícios intensos com duração entre 30 minutos e uma hora. Logo, em algum momento os jogadores precisarão repor as energias consumindo alguma fonte de carboidrato para não ficarem esgotados.
Na avaliação de Lindsay Bottoms, fisiologista do exercício e principal pesquisadora do esporte, saúde e ciência na Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, os jogadores deveriam ingerir parte do líquido bochechado para repor o estoque de carboidrato do corpo e não apenas “enganar” o cérebro como se mais do nutriente estivesse para chegar.
A solução normalmente é feita com maltodextrina, um carboidrato simples comercializado como suplemento energético na forma de pó. Geralmente, ele é encontrado na lista de ingredientes de bebidas isotônicas e de alguns produtos proteicos que têm como função ajudar na recuperação pós-atividade física.
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Fonte: Folha PE