Segundo a Reuters, uma fonte de alto escalão de segurança do Líbano e outra fonte disseram que explosivos foram plantados em 5 mil pagers fabricados em Taiwan e que foram comprados pelo Hezbollah.
Fontes dos Estados Unidos e de Israel disseram aos veículos Axios e Al-Monitor que os explosivos foram detonados antes do planejado — depois que o Hezbollah descobriu o plano. A fonte disse que o plano original é que esse ataque com pagers fosse o primeiro passo em uma ofensiva de maior escala.
O correspondente de segurança da BBC News, Frank Gardner, disse que “todos os sinais apontam para o Mossad”.
Segundo ele, especialistas forenses estão analisando pagers que não explodiram em busca de sinais.
“O rastro da investigação envolve seis lugares, ou talvez até mais”, diz Gardner.
Os pagers explodiram em dois países: Líbano e Síria. O Irã — país que apoia o Hezbollah financeiramente — teve seu embaixador em Beirute ferido nas explosões.
Taiwan é apontado como a origem dos pagers, já que eles tinham o logo de uma empresa taiwanesa chamada Gold Apollo. Mas a empresa diz que os pagers foram fabricados na Hungria.
“E por fim há Israel, o país cuja agência de inteligência externa provavelmente sabe exatamente como tudo isso aconteceu”, diz Gardner.
Israel não comentou o ataque. Segundo o repórter da BBC, nenhum outro país tem a capacidade técnica e a intenção de infligir um dano ao Hezbollah.
Além disso, Israel teria um histórico. Em 1996, a agência de inteligência interna, Shin Bet, assassinou um fabricante de bombas do Hamas, Yahya Avyash, sabotando seu telefone celular, que explodiu.
Tanto o Hezbollah quanto o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, atribuíram o ataque a Israel. O Exército israelense não quis comentar o assunto.
O embaixador iraniano em Beirute estava entre os feridos. A sua esposa disse que ele passa bem.
A explosão dos pagers usados pelo Hezbollah deixou ao menos nove pessoas mortas e milhares de feridos, informou o Ministério da Saúde do país.
O Hezbollah afirmou que oito membros do grupo foram mortos nos ataques. Além deles, morreu também uma menina em meio às ocorrências.
Os pagers — ou “bipes” como eram conhecidos no Brasil — são uma tecnologia relativamente esquecida nos dias de hoje, mas voltou ao noticiário após os ataques de terça-feira.
Antes do amplo uso de telefones celulares a partir da década de 2000, os aparelhos eram muito usados por pessoas como médicos, que precisavam receber mensagens a qualquer momento. O pequeno aparelho, do tamanho de um maço de cigarros, costumava ser portado em cintos.
Eles eram acionados por transmissores de alta potência — ou seja, não dependiam de muitos transmissores espalhados pelas cidades, ao contrário do que acontece com telefones celulares.
Ao receber uma certa frequência, os pagers disparam um som e exibem uma curta mensagem de texto — e o dono do aparelho busca um telefone para ligar para uma central de mensagens ou se deslocar para um determinado local.
O Hezbollah estaria usando pagers para evitar telefones celulares, já que pagers não são localizados por GPS ou qualquer outro meio.
Fontes disseram à Reuters que o Hezbollah suspeitava desde o ano passado que Israel estava rastreando seus celulares.
Em fevereiro, combatentes do grupo libanês foram proibidos de usar telefones durante operações.
Altas autoridades do Hezbollah evitavam portar o aparelho em reuniões. Um líder disse que os telefones eram mais perigosos que espiões israelenses.
Em discurso televisionado, o líder Hassan Nasrallah pediu que seus apoiadores quebrassem, enterrassem ou trancassem em um cofre seus celulares.
O grupo optou então por usar pagers. Mas o especialista em segurança Joseph Steinberg disse à Reuters que o Hezbollah deixou claro demais sua política contra celulares.
“O Hezbollah anunciou para o mundo todo que estava rebaixando seus celulares para pagers”, disse. “Você está contando para seus adversários, que são muitos no caso do Hezbollah, que tipo de tecnologia você está procurando comprar.”
Fonte: BBC
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