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Ocupação de leitos pediátricos para doenças respiratórias na rede pública chega a 83% em Pernambuco

Emergências pediátricas públicas e privadas de Pernambuco registram aumento na procura por leitos. Na rede estadual, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) divulgados nesta quarta-feira (11), a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está em 83%.

De acordo com relato do presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano, a situação está “muito delicada”. “A gente vem acompanhando de perto. Tanto as emergências públicas quanto as privadas estão muito acima da capacidade”, explica o pediatra.

Em nota, a SES-PE explica que a positividade para casos de Covid-19 entre os pacientes internados em leitos para quadros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) está em 1,5%. O que predomina entre os infectados são outros agentes, como vírus sincicial respiratório, rinovírus, metapneumovírus e outros, segundo a pasta.

A pasta informou que há, atualmente, 233 leitos para bebês e crianças com quadro de Srag no Estado, dos quais 106 são de UTI e os demais 127, de enfermaria, cuja ocupação está em 68%. Dados mais recentes do painel de regulação de leitos do Estado, atualizado no último domingo (8), mostram que havia 40 solicitações por UTI, das quais 36 eram para vagas pediátricas.


 


A SES-PE também disse, na nota, que o Governo do Estado irá abrir, nos próximos dias, 20 leitos para quadros de doenças respiratórias graves na Região Metropolitana do Recife. Nesta semana, 10 novos leitos de UTI foram abertos com esta finalidade em Araripina, no Sertão do Estado.

Os leitos para este público estão distribuídos por diversas unidades de saúde de todo o Estado, nos hospitais Correia Picanço, Universitário Oswaldo Cruz, Barão de Lucena, de Referência Covid-19 – Unidade Olinda (Maternidade Brites de Albuquerque), Imip, Maria Lucinda, Jaboatão-Prazeres, Agamenon Magalhães, Santa Maria (Araripina), Dom Malan (Petrolina), Dom Moura (Garanhuns), Rui de Barros Correia (Arcoverde), Inácio de Sá (Salgueiro), Belarmino Correia (Goiana) e Regional de Palmares.



 


Doenças respiratórias


Walber Steffano lembra que o atendimento da pediatria funciona com sazonalidade. A maior incidência de casos é, geralmente, entre a segunda quinzena de fevereiro e o início de junho. 

“Neste ano, especificamente, a quantidade de pacientes está muito acima da capacidade. As grandes emergências privadas estão ficando com 10, 15 crianças em emergência aguardando internamento. Na rede pública, a situação é de muita angústia”, disse o presidente do Simepe, que citou “mais três semanas de muita dificuldade”, ao reforçar a questão da sazonalidade das doenças respiratórias.

Em 2020 e 2021, cita Steffano, as emergências pediátricas não observaram essa alta demanda. Ele diz que a volta à rotina diante da melhora no cenário epidemiológico da pandemia de Covid-19 e uma maior exposição das crianças podem ser explicações para esse aumento na procura por vagas nos hospitais.

“As crianças ficam mais expostas. Quando foi tudo fechado, as emergências pediátricas funcionaram com número mínimo de pacientes – trabalharam com 30% da capacidade”, diz o presidente do Simepe, que ainda exemplifica o aumento na pressão da rede com números. Segundo ele, a rede privada atendeu na mesma época em 2020 e 2021 aproximadamente 900 crianças. Esse número saltou para 4 mil pequenos em 2022. 

O presidente do Simepe ainda diz que há muitos casos de crianças menores de 5 anos entre as internadas. “As menorzinhas até 5 anos estão sentindo mais. Os pequenininhos estão mais expostos”, completa Steffano. 

Entre as principais formas de prevenir os vírus respiratórios, acrescenta o presidente do Simepe, estão os mesmos cuidados destinados à Covid-19, sobretudo evitar aglomerações, o que gera uma maior exposição das crianças. 

O pediatra também reforça que agentes infecciosos distintos do Sars-CoV-2, causador da Covid, e do vírus da influenza causam o cenário de aumento de pressão na rede. Além dos citados pela SES-PE sincicial respiratório e rinovírus, Walber elenca o adenovírus e o metapneumovírus.

Dos quatro vírus citados pelo presidente do Simepe, apenas o sincicial respiratório tem vacina específica, mas a indicação é restrita a crianças prematuras e com cardiopatia, por exemplo, e principalmente para crianças menores.

Os outros vírus não têm um imunizante específico e, por isso, a principal recomendação é ter cuidado com situações de aglomeração, segundo Steffano.

Reunião do Simepe com a SES-PE (Foto: Divulgação/Simepe)

Monitoramento


O Simepe se reuniu, na última segunda-feira (9), com o secretário estadual de Saúde, André Longo. Na conversa, ficou acertado que serão abertos nos próximos dias um total de 60 novos leitos de pediatria em todo o Estado, bem como o aumento de fisioterapeutas respiratórios nas principais unidades de atendimento pediátrico.

Houve também o acerto para que sejam feitas reuniões de monitoramento semanalmente com a SES-PE. “Amanhã [quinta-feira, 12] temos uma reunião com Longo [secretário de Saúde] para avaliar a situação, acompanhar números, leitos e processo de abertura”, completa Walber.

Quando procurar o hospital?


Diante da alta procura por leitos, Walber Steffano cita algumas condições que os pais e responsáveis devem ficar atentos para levar os pequenos ao hospital:

  • Crianças com febre que não baixa mesmo após tomar analgésico;
  • Crianças que, mesmo após a febre baixar, apresentam sinais de moleza;
  • Crianças que tenham quadro de vômito;
  • Crianças com sinais de cansaço e respiração mais ofegante.

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