As chuvas torrenciais que atingiram Pernambuco na última semana e já deixaram 100 pessoas mortas e milhares de desabrigados, foram causadas por um sistema meteorológico chamado Distúrbio Ondulatório de Leste (DOL).
Esse fenômeno foi intensificado pela temperatura de até 3 graus acima da média do Oceano Atlântico, na costa do Estado, de acordo com o meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) Romilson Ferreira.
“O distúrbio é recorrente, ocorre praticamente todos os anos, com grande capacidade de volume de água. Nem sempre acontece de forma tão extrema. Este ano, a gente teve um agravante: a temperatura do oceano está acima do normal, isso induz mais chuva”, explicou o meteorologista.
Segundo Romilson, a média histórica para esta época do ano do Oceano Atlântico, nas proximidades da costa pernambucana, é de 27º C. Este mês de maio registra temperaturas entre 28º C e 30º C. Ou seja, o oceano está até 3º C mais quente do que o normal.
As ondas de leste chegaram ao Estado na última sexta-feira (20). Esse fenômeno é uma configuração dos ventos que favorece a elevação da umidade de baixos níveis para altos níveis.
Quando a umidade encontra certa altura, transforma-se em nuvens e, dependendo da quantidade de umidade, em nuvens de tempestade. As nuvens carregadas que se formaram avançaram especialmente para o leste da região Nordeste.
Romilson lembra, ainda, que a Região Metropolitana do Recife está na quadra chuvosa – maio é o segundo mês deste período que vai de abril até julho e costuma registrar os maiores índices de chuva. No Recife, por exemplo, nos quadrimestre, a média histórica aponta para um total de 1.430 mm, sendo junho o mês mais chuvoso, com 390 mm.
“A gente também está na quadra chuvosa, maio já é chuvoso. Tudo isso contribui para essa chuva”, acrescentou o meteorologista.
Para os próximos dias, a previsão da Apac é de redução da intensidade das chuvas. A agência chegou a emitir alerta vermelho, aviso de nível máximo que indica risco excepcional em decorrência dos temporais. Os acumulados chegaram a ultrapassar os 200 milímetros em algumas cidades afetadas pelas chuvas.
Praia de Boa Viagem, no Recife (Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco)
No Recife, quase o dobro da média
Maio de 2022 já registrou quase o dobro do total de chuva em relação à média histórica, segundo números prévios da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
Do dia 1º a essa segunda-feira (30), a capital pernambucana registrou um acumulado de 651,2 milímetros de chuva. A média histórica da cidade, que considera os valores pluviométricos nos últimos 30 anos, é de 328,9 milímetros – as chuvas deste maio, portanto, são 198% maiores que o esperado.
Nos 30 dias já corridos de maio de 2022, choveu em 22, segundo a Apac, com dados da estação de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana. O maior índice diário ocorreu no último sábado (28), com o registro de 190,0 milímetros. Na quarta-feira (25), choveu 137,4 milímetros.
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