Crédito, GETTY IMAGES

  • Author, Chris Partridge
  • Role, Analista de armamentos da BBC News

Mas, afinal, que armas o país pode receber, e que diferença elas podem fazer nas tentativas de conter os avanços da Rússia no território?

Os armamentos de que a Ucrânia precisa com mais urgência são: sistemas de defesa aérea, mísseis de médio e longo alcance e projéteis de artilharia.

A seguir, mostramos como a ajuda dos EUA poderia contemplar estas três áreas.

Cerca de um terço do pacote destina-se à reposição de estoques de armamentos enviados pelos EUA já esgotados.

Defesa aérea

Repelir a ameaça russa nos céus é vital para a proteção de cidades e infraestruturas essenciais, como usinas de energia.

Na semana passada, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o seu país foi atacado por quase 1,2 mil mísseis russos, mais de 1,5 mil drones e 8,5 mil bombas guiadas só neste ano.

A Ucrânia tem uma variedade de sistemas fornecidos pelo Ocidente, desde mísseis de curto alcance Stinger até o avançado — e extremamente caro — sistema Patriot. Zelensky disse que eram necessários pelo menos mais sete Patriots, ou equivalentes.

Os mísseis de cruzeiro e balísticos da Rússia — incluindo os mísseis superfície-ar S-300 e S-400 convertidos —, assim como centenas de drones Shahed-136 fabricados no Irã, são difíceis de combater devido ao grande volume que é lançado.

Uma tática clássica para sobrecarregar as defesas aéreas é enchê-las de alvos, ocupando assim os seus sistemas de radar de captação e rastreamento — e esgotando os estoques de mísseis.

Mísseis de médio e longo alcance

Mas a guerra em solo é vital. Desde outubro, a Ucrânia perdeu quase 583 quilômetros quadrados do seu território no leste para as forças russas, em grande parte devido à falta de artilharia.

Os Sistemas de Foguete de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês) têm desempenhado um papel crucial para a Ucrânia, ao lançar munições guiadas a partir de uma plataforma móvel.

Funciona assim: eles chegam ao local, preparam o equipamento, disparam e avançam rapidamente antes que as forças russas possam localizar e atacar o lançador. A expectativa é de que o poderio de HIMARS da Ucrânia aumente, e talvez haja um compromisso de enviar mais tanques e veículos de combate de infantaria Bradley.

Os sistemas ATACMS mais antigos estão no país desde o fim do ano passado, mas a versão mais recente pode dobrar seu alcance para 300 km. Isso aprofundaria os combates na Crimeia anexada, que a Rússia utiliza como uma importante base naval protegida por defesas aéreas, e mais além.

Cartuchos de artilharia

E não podemos nos esquecer das armas comuns. Os howitzers M777 precisam ser recarregados continuamente com projéteis de artilharia de 155 mm.

Os Estados Unidos enviaram 2 milhões de projéteis do tipo para a Ucrânia desde fevereiro de 2022 — e provavelmente vão enviar mais neste último pacote.

Os Estados Unidos têm o que chamam de “rede logística bastante robusta” para fazer com que as armas cheguem lá rapidamente.

“Como fizemos no passado, podemos agir em poucos dias”, disse o secretário de imprensa do Pentágono, Pat Ryder, a jornalistas na semana passada.

É provável que os suprimentos sejam transferidos para mais perto da Ucrânia e, uma vez entregues, tornam-se oficialmente propriedade do país. Mas levar os suprimentos para a linha da frente — particularmente o equipamento de artilharia — pode levar muitos dias ou até mesmo semanas, à medida que as forças russas continuam sua ofensiva no leste.

… e caças F-16

Estes são anteriores ao pacote recente de ajuda, mas são relevantes agora porque estão perto de entrar em operação.

Pilotos ucranianos continuam seu treinamento para pilotar caças F-16 ocidentais, atualmente na Romênia. Estas aeronaves multifuncionais proporcionam uma capacidade de combate ar-ar e ar-solo mais potente, melhorando assim potencialmente as defesas aéreas ucranianas.

A Dinamarca, a Holanda e os EUA esperam entregar o primeiro de dezenas de “Vipers”, como o F-16 é conhecido, à Ucrânia nos próximos meses. Os caças não vão ser um divisor de águas, mas mais uma arma significativa na manga de Kiev.

Moscou tem desdenhado seu poder, dizendo que os F-16 não fariam muita diferença no campo de batalha e seriam abatidos pelas forças russas.