As colunas de fofocas costumam ficar obcecadas para saber com quem determinada celebridade está namorando no momento. A cantora Taylor Swift, por exemplo, denunciou o sexismo inerente a grande parte dessas reportagens, por focar nos ex-parceiros das mulheres (e julgá-las).
Swift tem razão. Além do mais, pelo menos se as pesquisas que investigam a atração estiverem certas, o número de ex-parceiras de um homem importa — e muito, podendo torná-lo mais ou menos atraente. Não ter nenhuma ex é um alerta, enquanto ex-parceiras em excesso podem representar uma desvantagem. O número ideal de ex parece ser de 1 ou 2.
Os homens também são mais atraentes quando seu histórico mostra relacionamentos longos. Quando um homem teve pelo menos um relacionamento longo, o raciocínio é de que deve haver algo romanticamente atraente nele. Por isso, talvez Swift esteja certa — deveria haver mais escrutínio do histórico de relacionamento dos homens.
Mas por que nos importamos com o histórico de namoro de alguém? Será que realmente revela algo de importante? E como ter muitas ex torna um homem menos atraente?
Sinal de comprometimento
Romper com diversos parceiros pode levar a diminuir o compromisso das pessoas com relacionamentos futuros. Essa talvez seja uma boa razão para ter cuidado com um homem com muitas ex.
Uma possibilidade é que o estresse emocional do rompimento, na verdade, nunca nos abandona. Nós carregamos esses sentimentos negativos para os relacionamentos futuros e podemos sentir medo de nos comprometer com novos parceiros, porque nos lembram das decepções do passado.
Mas a bagagem de um rompimento pode ser reduzida se houver uma boa razão para o término do relacionamento. Quanto pior nos sentirmos implicitamente em relação a um ex após a separação, melhor nos ajustamos emocionalmente.
O histórico de relacionamentos de alguém pode ser uma forma rápida, embora às vezes grosseira, de determinar sua experiência amorosa sem precisar de tempo para conhecer a pessoa, afirma Ryan Anderson, psicólogo da Universidade Monash, na Austrália.
Um histórico de poucos parceiros indica que talvez haja uma razão para evitá-los que não seja imediatamente óbvia. Já com parceiros demais, eles podem carregar os pontos negativos dos relacionamentos anteriores.
Poder determinar rapidamente se alguém é desejável como parceiro amoroso sem namorar a pessoa é particularmente útil para mulheres heterossexuais. A psicologia evolutiva indica que as mulheres investem mais para criar um filho e, por isso, podem ser mais seletivas que os homens na hora de escolher um parceiro.
E uma das características desejáveis para criar um filho seria um sinal de comprometimento, que pode ser um longo relacionamento anterior.
“Os homens também podem desejar uma mulher com alta disposição para compromisso, mas meu palpite é que os homens achem menos desejável encontrar uma possível parceira com alta disposição para compromisso do que as mulheres”, afirma Anderson.
Ele ressalta, no entanto, que as mulheres mais interessadas em relacionamentos de curto prazo podem não ser particularmente atraídas por homens compromissados.
Aparentemente, as mulheres mais jovens também são mais propensas a valorizar a opinião de outras mulheres sobre seus possíveis relacionamentos.
Anderson sugere que isso acontece porque as pessoas com menos experiência amorosa procuram sinais sociais — como a forma com que outras mulheres descrevem um homem — para encontrar um bom parceiro.
Julgar se um possível parceiro é adequado com base nas ex é conhecido como mate copying — se algumas mulheres acharam um homem atraente, outras vão copiar essa escolha, mesmo depois de analisar medidas objetivas de atração. Isso acontece particularmente com mulheres que têm níveis mais baixos de confiança no relacionamento.
Enquanto homens com experiência em relacionamentos longos são mais atraentes, existem estudiosos que indicam que os homens que estão atualmente em relacionamentos longos também podem ser mais atraentes. Ou seja, homens casados são mais atraentes que os solteiros.
Há vários estudos que sugerem que as mulheres acham fotos de homens casados mais atraentes que as de solteiros, mas esse efeito parece desaparecer em pesquisas mais realistas, envolvendo interações reais.
Pode ser que, em teoria, considere-se que um homem em um relacionamento longo possa ter qualidades melhores, mas, na prática, isso não torna uma mulher solteira mais propensa a se sentir atraída por ele porque é inatingível.
As influências sociais, como os tabus e os riscos dos casos extraconjugais, podem colaborar para reprimir esta atração.
Para algumas pessoas, estar em um relacionamento faz com que se sintam melhor em relação a si mesmas. Isso é conhecido como autoestima contingente do relacionamento.
Mas alguém com um nível mais alto desse tipo de autoestima contingente que mantenha contato com um ex pode prejudicar seu relacionamento atual. A pessoa pode não romper com seu atual parceiro, mas pode fazer com que valorize menos o relacionamento.
Uma possível razão para que algumas pessoas ainda mantenham uma chama acesa pelos ex é a tendência de que os parceiros atuais tenham personalidades parecidas com eles, diz Yoobin Park, estudante de pós-doutorado do laboratório Rede para o Bem-Estar Emocional da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos.
Embora pessoas extrovertidas pareçam ser menos atraídas por pessoas parecidas com seus ex-parceiros, Park se pergunta se a maioria de nós tem um “tipo” específico.
Parece um pouco estranho preferir parceiros parecidos com nossos ex — afinal, deve ter havido uma razão para o rompimento. Mas Park estudou a personalidade de parceiros antigos e atuais de 12 mil pessoas ao longo de nove anos, que foram entrevistados depois que passaram por rompimentos e novos romances.
Uma razão para nossos novos parceiros serem parecidos com os anteriores é simplesmente porque nós escolhemos os parceiros em um grupo similar. Eles tendem a ser colegas, amigos da universidade ou pessoas da mesma religião, de forma que provavelmente terão nível de educação, visões políticas ou personalidade semelhantes.
Mas isso também significa que eles serão parecidos conosco, já que, como também somos membros dos mesmos grupos, devemos ter estas mesmas características.
No estudo de Park, a pessoa estudada, seu ex e seu parceiro atual apresentaram resultados parecidos em um teste de personalidade, o que reforça a ideia de que possivelmente escolhemos pessoas como nós porque selecionamos pessoas de um grupo similar.
Mas houve também um nível significativo de “similaridade distinta entre os parceiros”, o que significa que o perfil exclusivo das personalidades do ex e do parceiro atual também coincidia.
“Em vez de simplesmente examinar a similaridade em cada característica uma a uma — por exemplo, ‘John é tão extrovertido quanto Mike’, nós pensamos: ‘John é tão extrovertido, moderadamente aberto, com baixo neuroticismo… quanto Mike’, tudo ao mesmo tempo, para definir a similaridade geral entre os dois parceiros”, explica Park.
Ela acrescenta que, como as pessoas geralmente têm um viés positivo sobre si próprias, provavelmente existe algum grau de similaridade entre duas pessoas quaisquer.
A similaridade distinta entre os parceiros é determinada pela similaridade ainda existente entre John e Mike, sem contar a similaridade geral e a similaridade conosco.
Por isso, há também evidências de que procuramos um certo “tipo”, e não apenas “alguém como nós”.
Mas, se a nossa tendência é namorar pessoas com personalidade similar, estamos condenados a cometer os mesmos erros com os novos parceiros?
É possível que sim. Os relacionamentos tendem a ter algum grau de similaridade, como o número de divergências, o que confirma a pesquisa de Park. Ou seja, se você namorar um parceiro semelhante ao ex, você também terá altos e baixos parecidos.
Os fantasmas dos ex-parceiros também podem nos perseguir de outras formas. As pessoas acreditam que seu gosto por parceiros muda ao longo do tempo — talvez porque, à medida que amadurecem, buscam qualidades diferentes. Mas é possível que o nosso gosto somente mude depois de um rompimento.
Quando os casais permanecem no mesmo relacionamento, suas descrições do parceiro “ideal” não se modificam. Mas, em um estudo de casais que se divorciaram e casaram de novo, suas descrições de parceiro ideal mudaram — eles atualizaram suas preferências quando ficaram sozinhos.
Park sugere uma possível razão para que os rompimentos catalisem essa mudança de parceiro ideal. Em um relacionamento, somos levados a ter “uma sensação de convicção” sobre nossa escolha de parceiro. Enquanto estamos solteiros, não há motivo para mudar nossas preferências. Mas a separação é o momento exato para uma reavaliação.
Só porque nossos gostos mudaram, isso significa que acabamos, na verdade, namorando pessoas diferentes? Possivelmente não, segundo Park.
Embora possamos ter em mente um novo parceiro “ideal”, pode acontecer de não conseguirmos encontrá-lo — e acabarmos namorando alguém parecido com o ex. Esse é um tema recorrente nas pesquisas sobre relacionamentos. Nós podemos achar que sabemos o que queremos, mas, na prática, nem sempre acabamos namorando essa pessoa ideal.
A própria ideia de “namorar” está meio fora de moda entre os jovens adultos, que costumam “sair” ou “ficar”, afirma Jessica Siebenbruner, professora de relacionamentos adultos emergentes da Universidade Estadual de Winona, nos Estados Unidos.
Metade dos relacionamentos longos entre jovens adultos inclui um período de idas e vindas — e metade dos jovens adultos que se separam continua a dormir com seus ex depois do rompimento, de acordo com Sarah Halpern-Meekin, socióloga da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e seus colegas.
A linha divisória entre o parceiro atual, o ex e o futuro ficou muito mais indefinida do que antes. Agora, calcular o número de ex-parceiros de alguém é uma tarefa delicada.
Yoobin Park dá um conselho para quem está tentando avaliar um possível parceiro:
“Antes de correr para entrar em outro relacionamento, vale a pena refletir sobre que tipo de parceiro você era naquele relacionamento.”
“Em última análise, os relacionamentos são construídos e moldados pelos dois parceiros”, afirma.
“Se você perceber que vem passando pelos mesmos problemas em todos os relacionamentos, uma parte da razão pode ser que você está gravitando em torno das mesmas características de personalidade de parceiros — o que está colaborando para a manutenção dos problemas de relacionamento —, e outra pode ser que você esteja lidando com os problemas da mesma forma.”
Para Ryan Anderson, os nossos ex podem revelar todo tipo de coisas sobre nós, sem nunca dizerem uma palavra.
“Alguém que conquistou o afeto de diversos ex extraordinariamente atraentes, por exemplo, pode ter todo tipo de características desejáveis — daí sua capacidade de atrair parceiros muito cobiçados.”
Taylor Swift pode ter razão quando afirma que as mulheres são julgadas de forma desigual pelo seu passado amoroso, mas pode haver boas razões para sermos fascinados pelos nossos ex-parceiros.
Talvez todos nós devêssemos examinar nosso histórico de relacionamentos mais de perto.
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