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Seis crianças morreram por causa de uma infecção por Streptococcus do grupo A, segundo informações da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido.

Geralmente, os quadros relacionados a essa bactéria são leves, mas algumas pessoas podem desenvolver sintomas mais graves.

Os incômodos mais comuns e menos preocupantes são dor de garganta e febre baixa. O Streptococcus do grupo A também pode causar escarlatina, marcada pela vermelhidão da pele, e febre reumática, que afeta articulações, coração e cérebro.

Na maioria das vezes, a doença é tratada com antibióticos e grande parte dos pacientes tem uma recuperação completa.

No entanto, em um número muito pequeno de casos, a infecção pode se aprofundar — e a bactéria vai parar nos pulmões ou na corrente sanguínea, por exemplo. Nessas situações, conhecidas como infecção invasiva por Strepcoccus, o quadro costuma ser mais grave.

Há uma série de sintomas que indicam uma enfermidade mais séria, como febre alta, falta de apetite, desidratação, alterações no comportamento e sonolência excessiva, aponta o médico Colin Brown, vice-diretor da Agência de Segurança em Saúde.

De acordo com o especialista, os pais devem procurar um serviço de saúde o mais rápido possível se notarem esses incômodos na criança.

“Certifique-se de conversar com um profissional de saúde se o seu filho estiver apresentando sinais de piora após um surto de escarlatina, dor de garganta ou infecção respiratória”, acrescentou.

No Reino Unido, a última alta temporada de infecções invasivas por Streptococcus do grupo A ocorreu em 2017 e 2018, quando foram registradas quadro mortes em crianças com menos de 10 anos.

No Brasil, não há estatísticas recentes sobre infecções invasivas relacionadas a esse micro-organismo em específico.

Em 2011, o Ministério registrou um surto do tipo no Distrito Federal, quando três crianças e um adulto morreram. À época, o Governo Federal disse que esses haviam sido os primeiros óbitos pela bactéria registrados no país.

Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em 2006 detectou a presença dessa bactéria na garganta de 8 a 24% das crianças que frequentavam creches.

O aumento de mortes observado no Reino Unido provavelmente está relacionado a grandes quantidades do patógeno em circulação. Isso acontece por conta da retomada das atividades após o fim das restrições relacionadas à pandemia de covid-19, acreditam as autoridades em saúde.

A infectologista pediátrica Elizabeth Whittaker, professora do Imperial College London, explica à BBC News que, “durante os dois primeiros anos da pandemia, foram poucos os casos de Streptococcus do grupo A”.

“Ele começou a circular novamente em 2022, quando as restrições foram suspensas”, diz.

“Normalmente, vemos um grande número de infecções [do tipo] no final da primavera ou no início do verão [entre os meses de março e setembro no Hemisfério Norte], após surtos de catapora. Números altos nessa época do ano são incomuns e provavelmente ocorrem porque a sazonalidade normal ainda não voltou”, avalia a especialista.

“Tragicamente, quando há um grande número de infecções, os casos graves também aumentam. Estamos vendo agora mais quadros de pneumonia do que o esperado, provavelmente porque as infecções por Streptococcus do grupo A estão coincidindo com o pico dos vírus respiratórios de inverno, típicos desta época do ano”, conclui Whittaker.

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A escarlatina causa uma erupção perceptível na pele

O que é o Streptococcus A?

Trata-se de uma bactéria que normalmente causa problemas na garganta ou na pele.

Muitas pessoas carregam o micro-organismo sem apresentar qualquer sintoma. Mesmo assim, acabam transmitindo o Streptococcus para outras pessoas, que podem ficar doentes.

Quais são as formas de transmissão?

A bactéria passa de uma pessoa para outra por meio do contato próximo ou através de tosses e espirros.

Os surtos às vezes acontecem em lugares como escolas e casas de repouso.

Quais são os principais sintomas?

Na maioria das vezes, os sintomas são leves: dor de garganta ou infecção de pele.

Esses incômodos costumam ser facilmente tratados por meio de antibióticos.

Mas os Streptococcus do grupo A podem causar uma série de outros problemas — e alguns deles são mais graves.

O principal é a escarlatina, que afeta principalmente crianças pequenas e costuma melhorar com o uso dos tais antibióticos.

Outro é a febre reumática, uma inflamação que afeta as articulações, o coração e o cérebro, normalmente fruto de uma infecção que não recebeu o tratamento adequado.

O que é escarlatina?

Trata-se de uma erupção cutânea que vem junto de sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta e inchaço no pescoço (conhecido popularmente como “ínguas”).

Nesses casos, a pele também ganha um aspecto mais áspero, como de uma lixa.

Outra manifestação típica é a “língua de morango”, quando a aparência dessa parte do corpo lembra o fruto, num vermelho intenso e com pontinhos brancos.

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A erupção cutânea característica da escarlatina é perceptível no rosto de uma criança

O Streptococcus A é perigoso?

Em ocasiões raras, essa infecção pode gerar um quadro invasivo, em que a bactéria vai parar na corrente sanguínea ou nos pulmões.

Nessas situações, a enfermidade é mais preocupante e pode ser mortal.

A doença invasiva ocorre quando as bactérias são capazes de ultrapassar as barreiras imunológicas do corpo.

Isso acontece quando o indivíduo já está doente ou realiza tratamentos que prejudicam o sistema de defesa, como algumas terapias contra o câncer.

Os sinais de alerta de doença invasiva por Streptococcus incluem febre alta, acima dos 38 °C, dores musculares intensas, falta de apetite, vômito, diarreia, desidratação, alterações no comportamento e sonolência excessiva.

Nessas situações, é essencial buscar o suporte médico rapidamente.

Existe uma vacina?

Não. A melhor forma de combater a infecção é fazer o diagnóstico no tempo adequado e tomar os antibióticos prescritos pelo médico.

As principais formas de prevenção envolvem os cuidados básicos de higiene, como lavar bem as mãos, cobrir o nariz e a boca durante tosses e espirros e não compartilhar objetos de uso pessoal com alguém que está infectado.