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A compra de dezenas de imóveis pela família do presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou no foco da campanha eleitoral.

Um vídeo da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema fala em “escândalo tamanho família”. Já Bolsonaro, que nega irregularidades, recorreu à Justiça Eleitoral para tirar o material do ar.

A seguir, entenda quais são as suspeitas ligadas ao uso de dinheiro vivo para comprar imóveis, por que especialistas apontam que o uso de dinheiro vivo para essas transações pode ser um indício de práticas criminosas e o que Bolsonaro e seus familiares dizem sobre a questão.

Reportagem do portal UOL revelou que pelo menos 51 imóveis foram pagos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo pela família Bolsonaro. Em valores corrigidos pela inflação, a soma equivale hoje a mais de R$ 25 milhões.

A reportagem, publicada em 30 de agosto, diz que desde os anos 1990 até agora, a família negociou 107 imóveis ao todo. E que, entre os bens comprados com dinheiro vivo pela família, estão lojas, terrenos e casas. Segundo o levantamento do UOL, foram comprados com dinheiro vivo:

  • 8 imóveis por Bolsonaro e as ex-mulheres Rogéria e Ana Cristina;
  • 19 imóveis pelos filhos Carlos, Eduardo e Flávio;
  • 24 imóveis por irmãos de Bolsonaro e a mãe.

Um dos imóveis comprados por uma das ex-mulheres de Bolsonaro foi uma mansão no Lago Sul, em Brasília, avaliada em mais de R$ 3 milhões. Em 2021, o UOL revelou que Ana Cristina Valle e o filho Jair Renan moravam lá.

Na época dessa revelação, Ana Cristina disse que a casa era alugada. Só que neste ano, ao se candidatar a uma cadeira na Assembleia do Distrito Federal, ela incluiu o imóvel na declaração de bens à Justiça Eleitoral e com valor menor, de R$ 829 mil. Ou seja, passou a dizer que era a dona do imóvel.

Para esclarecer essa história, a Polícia Federal pediu à Justiça Federal autorização para apurar se Ana Valle cometeu crime de lavagem de dinheiro.

De toda forma, operações com dinheiro vivo não configuram crime, mas especialistas apontam que podem ter como objetivo dificultar o rastreio da origem do dinheiro. Inclusive há um projeto de lei em tramitação no Senado que defende a proibição do uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias para prevenir lavagem de dinheiro.

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Legenda da foto,

Um vídeo da campanha de Lula sobre imóveis de Bolsonaro e familiares fala em ‘escândalo tamanho família’

O que disse o presidente sobre esse caso?

Antes da publicação da reportagem, o UOL disse que procurou a assessoria do governo para comentar o caso, mas não houve manifestação.

Depois que a matéria foi ao ar, no entanto, Bolsonaro questionou qual seria o problema de comprar imóvel com dinheiro vivo.

“Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel? Não sei o que está escrito na matéria. Qual o problema? Investiga, meu Deus do céu, investiga”, disse.

Quatro anos antes, no entanto, Bolsonaro havia descartado o uso de dinheiro vivo em transações. Ele disse o seguinte ao jornal Folha de S.Paulo em 2018: “Levar em dinheiro e pagar? Geralmente é DOC. Levar em dinheiro não é o caso. Pode ser roubado. Tira do banco direto e manda para lá. Eu não guardo dinheiro no colchão em casa”.

Já neste mês, ao ser questionado novamente sobre o tema, Bolsonaro deu a entender que parte dessas transações poderia ter sido paga com cheque ou transferência bancária.

A um mês da eleição, a campanha de Lula explora o assunto. Um vídeo que cita a reportagem do UOL termina com a seguinte pergunta: “de onde vem tanto dinheiro vivo da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família”.

A equipe de Bolsonaro pediu para o Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, para barrar o vídeo. Segundo a defesa do presidente, o material usado por Lula emprega “discurso de ódio” com o “indisfarçado propósito” de “erodir” a candidatura do presidente à reeleição.

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