A captura nesta quarta-feira (13/9) do brasileiro Danilo Cavalcante, de 34 anos, condenado à prisão perpétua pelo assassinato da ex-namorada nos Estados Unidos e foragido havia 14 dias, envolveu uma enorme efetivo policial, além de helicópteros e drones.
Cães farejadores e até cavalos também foram usados, devido à complexidade do terreno (ler mais abaixo).
Foram mobilizados no total cerca de 500 agentes, entre os quais membros da Polícia do Estado da Pensilvânia, do Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, do FBI (polícia federal dos EUA) e dos US Marshals.
Uma das funções dos US Marshals, retratados em diversos filmes de Hollywood, é capturar presos federais.
Os agentes estabeleceram um perímetro na área arborizada onde eventualmente descobriram o paradeiro de Cavalcante.
Como foi a prisão de Cavalcante
Segundo os responsáveis, a prisão de Cavalcante aconteceu sem disparos de tiros. Nenhum agente da polícia ficou ferido.
A polícia havia informado que o brasileiro estava armado e era considerado “extremamente perigoso”. Havia tensão em relação ao desfecho porque os agentes estavam autorizados a usar força letal se Cavalcante não se rendesse voluntariamente.
A operação começou um pouco depois da meia-noite na Pensilvânia, 23h da terça-feira (12/9) no horário em Brasília.
O brasileiro foi localizado em uma área de floresta por um detector de calor de uma das aeronaves da polícia.
As equipes perceberam a movimentação do brasileiro e passaram a segui-lo.
Quando os agentes se aproximaram de Cavalcante, ele tentou rastejar pela vegetação, mas a polícia soltou um cachorro, segundo relato das autoridades.
O animal mordeu e imobilizou o fugitivo até os policiais se aproximarem e algemarem o brasileiro.
Segundo as autoridades da Pensilvânia, o brasileiro recebeu tratamento médico no local por conta da “mordida leve” e foi transportado para a prisão.
A polícia foi questionada sobre a foto em que Cavalcante aparece sangrando e informou que o sangue era de um ferimento na cabeça — não ficou claro se era o mesmo machucado causado pelo cachorro —, mas que não era grave.
Na coletiva de imprensa sobre a prisão, o chefe de polícia pediu para que civis não se envolvam em “caçadas” envolvendo fugitivos no futuro, pois elas podem se machucar e atrapalhar a busca oficial.
A fuga de Cavalcante havia inflamado grupos civis armados que tentavam encontrá-lo.
Por que a busca demorou tanto
Autoridades estaduais e federais dos EUA comemoravam o fim do “pesadelo” da busca de Cavalcante após dias de tensão e pressão pública.
Antes da recaptura, os oficiais frisavam as dificuldades da operação, citando que o perímetro ao redor da área onde centenas de agentes buscavam Cavalcante incluía matas densas, túneis e valas de escoamento de água.
Em entrevista no começo da semana, o tenente-coronel George Bivens, da polícia estadual da Pensilvânia, negou a acusação de que não havia mobilizado agentes suficientes até então.
“Em termos de número de pessoas, você ficaria satisfeito se eu colocasse mil (agentes) na rua? Ficaria satisfeito se eu mobilizasse 2.000, 3.000 ou 10.000? Suspeito que aqueles que criticam sem a experiência e o conhecimento dos detalhes e da investigação não ficariam satisfeitos, independentemente do que fizéssemos”, disse Bivens, acrescentando que “se precisássemos mobilizar 1.000 pessoas, faríamos isso”.
Na segunda-feira (11/9), a polícia havia aumentado para US$ 25 mil (R$ 123 mil) a recompensa por informações que levassem à captura de Cavalcante.
Inicialmente, esse valor era de US$ 10 mil e já tinha sido elevado para US$ 20 mil.
Dias de tensão em Chester County
A situação de Cavalcante levou dias de tensão a Chester County.
Na rede social X (antigo Twitter), a polícia havia informado que Cavalcante estava armado.
Também havia recomendado a moradores que “trancassem portas e janelas” e não saíssem de casa.
“A PSP (Polícia do Estado da Pensilvânia) procura por Danilo Cavalcante na zona de Ridge Rd/Coventryville Rd/Daisy Point Rd em South Coventry Township, no Condado de Chester. Solicitamos aos moradores da área que tranquem todas as portas e janelas, protejam seus veículos e permaneçam em casa. Não se aproximem [do foragido]. Ligue para o 911 (número de emergência) se ele for avistado”, postou a polícia na terça-feira.
Segundo o tenente-coronel Bivens, o brasileiro estava desesperado porque buscou ajuda de pessoas com quem não fala há anos.
“O fato de ele ter entrado em contato com pessoas com conexões passadas muito distantes indica que ele não tem uma grande rede de apoio”, disse Bivens.
“Então, acho que ele está desesperado e eu o descrevi assim o tempo todo. E penso que quanto mais o pressionarmos, mais recursos, mais ferramentas usaremos, acabaremos por capturá-lo. Ele não tem o que precisa para se sustentar por muito tempo”, acrescentou.
Assassinato da ex-namorada e fuga da prisão
Cavalcante conseguiu fugir da prisão do condado de Chester enquanto aguardava transferência para outra penitenciária.
Ele foi condenado à prisão perpétua por matar sua ex-namorada, Débora Brandão, em 2021, na frente dos filhos dela, com 38 facadas.
Cavalcante também é procurado por assassinato no Brasil – um crime ocorrido no Tocantins em 2017.
Ele é réu no caso do homicídio em que Valter Júnior Moreira dos Reis foi morto a tiros em uma praça em Figueirópolis.
O motivo para o crime teria sido uma briga relacionada ao conserto de um carro.
Para escapar da prisão nos EUA, o brasileiro escalou paredes do pátio de recreação, subiu no arame farpado, correu por um telhado e pulou.
Sua fuga passou despercebida por mais de uma hora, até que os carcereiros fizeram uma contagem de presos.
O guarda da torre de plantão foi demitido, disseram as autoridades.
Em um comunicado conjunto, as autoridades do Condado de Chester disseram que seu foco será evitar outra fuga da prisão.
Fonte: BBC
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