- Author, Izabela Cardoso & Fernando Teixeira
- Role, BBC Reel
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“Sob perspectiva da evolução, nós desenvolvemos cérebros realmente grandes, cuja manutenção é especialmente custosa.”
“Eles são grandes demais, muito ineficientes e precisam de muita energia para funcionar, mesmo em repouso”, diz Damian Bailey, diretor do Instituto de Pesquisa em Saúde e Bem-Estar da Universidade de South Wales, no Reino Unido.
Bailey, que também é o líder do Laboratório de Pesquisa Neurovascular da Universidade, explicou que seu grupo a atividade física porque “não há tratamento curativo para a neurodegeneração e o exercício surgiu como uma contramedida muito, muito poderosa”.
Mas a grande questão, segundo ele, é: quanto exercíciso se deve fazer, de que tipo e com que frequência.
“Muito do que fazemos no laboratório é observar diferentes aspectos do exercício, em termos de tipo, intensidade e duração, tentando encontrar o ponto ideal onde podemos ver uma adaptação otimizada”, diz Bailey.
Sabemos que com a atividade física podemos aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro, o que é crucial porque isso ajuda o cérebro a reconhecer as substâncias químicas úteis de que precisa para crescer, diz o cientista.
Esse suprimento de sangue também é importante porque nosso hipocampo, a parte do cérebro responsável pelo aprendizado e pela memória, tende a encolher à medida que envelhecemos, recebendo menos sangue ao fazê-lo.
Graças aos recentes avanços tecnológicos, os cientistas podem entender como a atividade física beneficia o cérebro.
Eles podem medir o fluxo sanguíneo para o cérebro através do pescoço e do cérebro.
“E o que nossa pesquisa está mostrando é que você não precisa fazer exercícios de tirar o fôlego ou se esforçar ao máximo na academia para beneficiar certas partes do cérebro”.
“Você pode fazer alguns grandes movimentos que quase não parecem que você está fazendo esforço físico e que realmente estimulam o cérebro.”
Quais exercícios
“O que identificamos é que, principalmente para pessoas que não estão muito em forma ou que não podem fazer exercícios pesados, o agachamento é uma opção muito útil”.
É isso mesmo: agachar-se e levantar-se repetidamente foi descrito como uma forma “inteligente” de exercício porque “desafia o cérebro” e, portanto, o beneficia.
O melhor de fazer agachamentos, explica o cientista, é que quando você se levanta, você está indo contra a gravidade; quando você desce, você trabalha com a gravidade.
“O que acontece é que o fluxo sanguíneo para o cérebro sobe e desce repetidamente conforme você o faz o movimento, e é essa mudança no fluxo que pode estimular o endotélio vascular, o revestimento interno dos vasos sanguíneos, a fornecer mais sangue ao cérebro.”
É preciso fazer muitas repetições?
No mínimo, Bailey recomenda fazer agachamentos por três minutos, três vezes por semana.
Ele diz que quando eles medições da rapidez com que o sangue entra no cérebro em voluntários mostraram que os melhores resultados acontecem com um regime de agachamentos de 4 a 5 vezes por dia, 3 a 4 vezes por semana.
Ele diz que esses resultados são melhores do que os apresentados por outros exercícios, como correr, caminhar ou pedalar em dispositivos estacionários por 30 a 40 minutos.
Além do mais: você pode matar dois coelhos com uma cajadada só se, enquanto se exercita, lê ou faz palavras cruzadas porque, como explica Bailey, “sabemos que podemos melhorar ainda mais o fluxo para o cérebro fornecendo o que chamamos de estressor cognitivo, a carga cognitiva”.
Nos extremos
A privação de oxigênio experimentada em alguns esportes radicais também pode ser usada como um estressor para forçar os limites do cérebro e entender como funcionam seus mecanismos de defesa.
Como Bailey é um ex-atleta, ele próprio é objeto de sua própria investigação.
“Você tem que praticar o que prega.”
“Usamos toda uma gama de esportes radicais para desafiar o cérebro a obter uma visão diferente desses mecanismos”, diz ele, citando mergulho livre, paraquedismo e montanhismo.
Somos tão sensíveis à falta de oxigênio que quando vamos, por exemplo, a altitudes extremas com níveis de oxigênio extremamente baixos, há um aumento do fluxo sanguíneo.
“O cérebro está compensando o tempo todo. É como se estivesse andando em uma corda bamba bioenergética. Ele constantemente precisa fazer ajustes para não cair.”
O rastreamento das respostas cerebrais a condições extremas pode esclarecer não apenas como tratar doenças como a demência, mas também como tornar possíveis as missões espaciais de longo prazo.
O cérebro é particularmente sensível a mudanças na gravidade, diz Bailey.
“Com a falta de gravidade no espaço e o sangue fluindo para a cabeça… você só precisa olhar para os rostos vermelhos e inchados e as pernas finas dos astronautas.”
E uma das possíveis complicações disso é que, a longo prazo, pode aumentar a pressão dentro do cérebro, o que pode influenciar sua visão.
“Esse é um dos maiores problemas que enfrentamos e é por isso que estamos fazendo experimentos para tentar entender, resolver e desenvolver contramedidas para um voo humano para Marte.”
Na Universidade de Milão, pesquisadores italianos também estão investigando o assunto.
“Pensamos: ‘O que acontece quando você não consegue se mexer?'”, diz Daniele Bottai, do Departamento de Ciências da Saúde da universidade.
“Porque há situações, como quando as pessoas passam muito tempo em seus sofás durante a pandemia, ou quando você está doente ou está em órbita no espaço há meses.”
“Nós costumamos nos preocupar com a circulação, com os ossos, com os músculos, mas também temos que pensar no desempenho do cérebro.”
A inatividade reduz o fluxo sanguíneo para o cérebro e não receber oxigênio suficiente pode ter consequências terríveis.
“Quando as coisas dão errado com o cérebro, você só precisa de uma janela muito pequena para receber danos, e é por isso que estamos interessados em atividade física”, reiterou Bailey.
“É a única contramedida que existe no momento, e estamos começando a arranhar a superfície no que diz respeito ao cérebro”.
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