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Só Deus permanece o mesmo de sempre. Questão de fé, de crença, de religião e até de sinonímia. Mas, ao que tudo indica, o nosso Deus não é necessariamente o Deus dos outros. Creio que ele é único, entretanto os povos, pelo mundo, com localizações, culturas, histórias diferentes, particularizam seus deuses, seus códigos religiosos, e cada qual certifica-se de que tem razão e de que sua fé está correta, não perde para nenhuma outra.
Em nome de Alá, por exemplo, sacrifica-se a própria vida, ainda hoje, e a dos outros, nos casos extremos de terrorismo, em troca da salvação da alma. Nosso Deus não ordena derramamento de sangue, nem matança por fome e sede, como acontece agora no conflito da faixa de Gaza. Afinal, é mais barato matar de fome do que de canhão.
Na interpretação dos sacerdotes de antigamente, ordenou-se morticínio nas cruzadas, nos suplícios, nas fogueiras da inquisição, nos interrogatórios por meio de tortura. Isso em tempos que se distanciam séculos, salvo uma vez ou outra nas delegacias de polícia para descobrir crimes graves, de barbaridade inadmissível. Jesus foi crucificado, acusado de blasfêmia e outros crimes pelos dirigentes da religião judaica, sendo ele um judeu.
Os israelitas ainda esperam a chegada do Messias, desacreditando que Jesus Cristo haja sido o enviado, apesar dos avisos e milagres. Tudo na terra se transforma: mudam as pessoas, os animais, as plantas, os valores, os acidentes geográficos, o ar que se respira… Só Deus, como pensamos e sentimos que ele seja, o nosso Deus e não qualquer outro, que é perfeito, onisciente, onipotente e onipresente, continua imutável.
A terra treme nos terremotos, os vulcões entram em erupção vomitando fogo e lavas, reclamando do efeito estufa, e modificando o relevo anterior, criando ou submergindo ilhas, montanhas, vales, arquipélagos… O bombardeio das guerras e sua violência mudam as fronteiras dos países, expõem a loucura dos governos, sua crueza, e não raro, mostram uma sabedoria que não vai além da imbecilidade.
Tudo, entretanto, é passageiro, o bem e o mal, a alegria e a tristeza, o perigo e a segurança, o sofrimento e a dor, a riqueza e a pobreza. Só Deus não passa, ele que julgará a humanidade pelo uso do livre arbítrio que lhe foi facultado. No dia de juízo, os mortos e os vivos serão avaliados para efeito de ingresso no céu
ou no inferno, segundo o merecimento de cada um. É bem verdade que a variável do perdão, da graça divina, pode alterar esse quadro.
Se Jesus apregoou aos seus seguidores e discípulos que deveriam perdoar as ofensas recebidas até sete vezes sete, e morreu na cruz em remissão aos nossos pecados, como será o perdão de Deus em sua extrema misericórdia?
José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal
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08/04/2024 às 17:44